Ricardo Marques
Pelo outro lado da chave das quartas-de-final da copa do mundo, tivemos mais dois jogos. A Argentina encarou a Alemanha, sendo derrotada por sonoros 4×0 e a Espanha sofreu para arrancar uma vitória magra por 1×0 contra o Uruguai.
Argentina x Alemanha
Os argentinos venceram um amistoso contra os alemães alguns meses antes. E eu confesso que achei que a Argentina pudesse repetir a vitória. Mas o que vimos foi a repetição da história de 2006. Naquela ocasião, foi uma decisão sofrida nos pênaltis. Desta vez, não. Foram sonoros 4×0.
Os alemães abriram o placar logo aos 2′. Schweinsteiger cobrou falta, Otamendi ficou parado, Müller subiu e tocou de cabeça. A bola bateu na perna do goleiro Romero, que estava mal posicionado, e entrou. A vantagem no placar deixou os alemães mais confortáveis e confiantes e os argentinos sentiram o baque. E estavam bem confusos em campo, com Messi em atuação apagada e Otamendi sem conseguir uma marcação eficiente. A Alemanha continuou chegando ao gol, mas mesmo com dez chutes a gol ficaram no 1×0 ao final do primeiro tempo.
A Argentina bem que buscou o jogo na volta para o segundo tempo e logo aos 48′, Di Maria arriscou de longe e a bola passou rente à trave. O empate por pouco não saiu. A Alemanha foi inteligente ao jogar pelo resultado. Ela se fechou e passou a apostar nos contra-ataques. A Argentina passou a dominar mais a bola e chutar mais a gol. Mas ora a bola ia para fora, ora parava nas mãos do Neuer e sobrou até para o rosto de Mertesacker aos 62′. Di Maria cruzou da direita, Maxi Rodriguez ajeitou com o peito para Tevez soltar uma bomba… que explodiu no rosto de Mertesacker.
O segundo gol saiu aos 68′. Lahm roubou a bola pela esquerda do ataque e, sentado, Müller tocou para Podolski, que invadiu a área e rolou para Klose marcar. O lado direito da zaga argentina era frágil e foi por ali que saiu o terceiro gol. Schweinsteiger fez o que quis pelo setor, driblou três argentinos na sequência, entrou na área e rolou para o zagueiro Friedrich pegar de primeira no bico da pequena área. E o tiro final veio aos 89’… Bola de pé em pé, de Özil para Podolski, de Podolski para Özil, de Özil para Klose, que bateu de pé direito e marcou mais um. No placar… Argentina 0x4 Alemanha.
O time argentino perdeu de cabeça erguida. E Maradona mostrou que além de bom jogador sabe ser um bom técnico. Não necessariamente um mestre tático, mas um líder. Dunga, ao ser derrotado, foi direto para os vestiários deixando seus comandados no campo após uma derrota. Maradona não… aguardou e abraçou todos os jogadores. Mostrou o que é ter uma equipe de futebol, mesmo quando é equipe não é a melhor. Derrotados sim. Mas saíram da copa respeitando o uniforme que vestem.
Resumo do Jogo
- Argentina 0x4 Alemanha – Green Point Stadium, Cidade do Cabo – 03/07/2010 – 11h00 (Brasília)
- Seleção da Argentina: Romero, Demichelis, Burdisso, Heinze, Pastore (Otamendi), Di Maria (Aguero), Mascherano, Rodriguez, Higuain, Messi e Tevez. Técnico: Diego Maradona.
- Seleção da Alemanha: Neuer, Friedrich, Lahm, Mertesacker, Jansen(Boateng), Khedira (Kroos), Schweinsteiger (), Öezil, Müller (Trochowski), Podolski e Klose. Técnico: Joachim Loew.
- Árbitro: Ravshan Irmatov; Auxiliares: Rafael Ilyasov e Bakhadyr Kochkarov.
- Gols: Müeller aos 2′; Klose aos 67′ e 89′; Friedrich aos 73′.
- Cartões Amarelos: Otamendi, Mascherano (Argentina) e Müller (Alemanha).
- Público: 64.100
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Paraguai x Espanha
Aos trancos e barrancos, a Fúria vai chegando lá. Mas foi um jogo feio. A Espanha joga eficiente, mantém a posse de bola, vence, mas não joga bonito. E foi no sufoco que venceram os paraguaios que no final das contas fizeram sua melhor campanha em copas.
A tática do Paraguai consistiu em em adiantar a marcação para dificultar a criação de jogadas e também complicar a posse de bola. Deu certo. A Espanha foi ineficaz e não conseguiu chutar uma bola a gol no primeiro tempo. Curiosamente, o Paraguai assustava no contra-ataque e até chegou a marcar um gol de Valdez que foi anulado pelo juiz. Foi aos 41′, quando Valdez dominou na área após cruzamento da direita e bateu para abrir o placar. O árbitro, no entanto, paralisou a jogada alegando impedimento.
Se a etapa inicial terminou de maneira polêmica pelo lance, o segundo tempo foi ainda pior. Aos 14min, o árbitro anotou pênalti de Piqué em Cardozo. O próprio atacante se encarregou da cobrança e viu Casillas fazer a defesa. Mas a festa da Espanha durou pouco. Logo no lance seguinte, o juiz deu pênalti de Alcaraz em David Villa. Xabi Alonso ainda converteu a primeira cobrança, mas o árbitro mandou voltar. Depois, Villar fez boa defesa e manteve o placar inalterado.
Com o final de jogo próximo, a Espanha passou a apertar o passo e pressionou no ataque. Mas o Paraguai estava marcando bem e não deixava os espanhóis criarem suas jogadas. E foi no sacrifício que o gol saiu aos 83′. Villa aproveitou rebote na trave de Pedro e chutou. A bola ainda bateu no poste outras duas vezes após a finalização do atacante, mas finalmente entrou. No placar, Paraguai 0x1 Espanha.
A Espanha tem sido minha grande decepção. Eu esperava jogos monumentais. O que vi foi apenas um bom time, mas sem grandes momentos. Ganhou burocraticamente do Paraguai e em alguns momentos, o Paraguai fez mais por merecer a classificação. No começo da copa, eu enxergava este mundial como uma copa no continente africano, onde se esperava um grande futebol daquele continente. Com a conclusão das quartas-de-final, rumamos para quase que uma Copa América. E cada vez mais, parece que teremos uma Eurocopa.
Resumo do Jogo
- Paraguai 0x1 Espanha – Ellis Park Stadium, Joanesburgo – 03/07/2010 – 15h30 (Brasília)
- Seleção do Paraguai: Villar, Veron, Morel, Da Silva, Alcaraz, Barreto (Vera), Santana, Caceres (Barríos), Riveros, Cardozo e Valdez (Roque Santa Cruz). Técnico: Daniel Martino.
- Seleção da Espanha: Casillas, Piqué, Puyol (Marchena), Capdevila, Sérgio Ramos, Iniesta, Hernandez, Xabi Alonso (Pedro Rodríguez), Sérgio Busquets, Villa e Fernando Torres (Césc Fábregas). Técnico: Vicente Del Bosque.
- Árbitro: Carlos Alberto Batre; Auxiliares: Leonel Leal e Carlos Pastrana.
- Gols: Villa aos 82′.
- Cartões Amarelos: Alcaraz, Morel e Santana; Piqué e Sérgio Busquets
- Público: 55.359
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