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Secos & Molhados – Banda & Álbum

Secos & Molhados

Buenas! Para hoje, trago a banda Secos & Molhados, com o álbum… ora, ora, ora… Secos & Molhados de 1973.

Algumas vezes a minha neofilia me manda para lugares inusitados. Já fui atrás de bandas da Islândia, Bielorrússia, Ucrânia, Camarões, Japão, do “Sault Saint Marie” que sinceramente, não tenho ideia de onde é.

E por conta disso, acabo deixando de lado as coisas que acontecem por aqui, em baixo do meu narigão…

Em meados de 2011, já não tão juvenil, me bateu uma onda de revisionismo que fez com que eu deixasse de lado as novidades para ouvir as grandes obras clássicas que – por algum motivo alheio – ainda não tinha ouvido.

E é sobre uma dessas descobertas tardias que falarei hoje.

A descoberta da MPB

Desde moleque, minha mãe sempre foi muito pirada em música brasileira. Chico, Caetano, Djavan, Clara Nunes e outros bambas da MPB batiam cartão todos os finais de semana enquanto mamãe ajeitava a casa.

De vez em quando ela dava uma radicalizada na playlist e atacava de Ira!, Legião Urbana, Paralamas e outras coisas mais contemporâneas e “rocknrollísticas”, seu arcabouço musical era sempre classudo e surpreendente.

Eu – sempre viciado em música – me municiava de alguns dos seus antigos discos de vinil e assim ia me “alfabetizando” no mundo da música. Alguns discos sempre frequentaram os meus fones de ouvido durante a vida toda, mas tinha um, que vivia lá no canto, empoeirado, com uma capa pra lá de esquisita e que de pequeno me botava certo medo.

O tempo foi passando, comecei  eu mesmo a aumentar o meu leque musical e a descobrir um mundo de sonoridades.

Numa dessas faxinas, já não mais tendo um toca-discos em casa, mamãe fizera uma “catança” e vendeu TODOS (eu disse  T-O-D-O-S) os seus discos de vinil.

E antes que ela fizesse uma blasfêmia ainda maior, consegui separar alguns clássicos da minha infância, antes que estes tivessem o mesmo fim, e nesse lote, em meio a Chicos, Legiões, Billy Idols e afins, estava  ele, o disco da capa estranha, que durante anos eu havia evitado, junto com parte preponderante da minha mais tenra idade, ele passou a ser guardado com todos os meus tesouros musicais.

O retorno ao vinil

Uns bons anos atrás comprei um toca discos pra matar a saudade de todos os vinis que havia acumulado ao longo da vida, e assim que ligo o aparelho pela primeira vez, me surge a ideia: É agora! É hoje que eu escuto o bendito disco.

E eu ouvi… Ah! Como eu ouvi!

Ouvi até furar o disco… Bom, metaforicamente falando. E que tapa na cara!

Que disco era esse? Fluído, solar, plural e ao mesmo tempo estranho, diferente de tudo que ouvira até então.

O álbum Secos & Molhados

O disco já começa me despindo de alguns preconceitos. A primeira delas, Ney Matogrosso. Que voz! Que interpretação! Que nuances!

Como podia aquele cara que cantava a breguíssima “Bandido Corazón” de maneira tão “canalha” (vejam esse adjetivo como despretensioso e sem emoção alguma), explodir minha mente com um trabalho vocal digno das maiores vozes do rock de todos os tempos do universo todo?


Era clara, com uma emoção e sinceridade no que cantava que há anos eu não percebia. Era a voz perfeita para aquela sonoridade.

Descaradamente popular, juntava regionalismos brasileiros e portugueses a guitarras pra lá de roqueiras para criar algo único e inédito na música nacional. Seu caldeirão de referências ia do “Vira” (ritmo folclórico português) ao Blues em um piscar de olhos, sem deixar de lado toda a nossa tradição da mais clássica MPB, conseguindo assim criar uma obra que fosse capaz de agradar dos mais puristas aos mais roqueiros.

Secos & Molhados

No final da primeira audição, com o chiadinho do vinil ainda rolando no toca discos, me lembro de estar estático, quase catatônico ao perceber a grandiosidade da obra que acabara de ouvir.

Pirei o cabeção!!! Precisei ouvir mais duas vezes (na íntegra) pra ter certeza de que aquele disco era tudo aquilo.

E era mesmo…

O prazer de ouvir… e ouvir novamente!

A cada audição se tornava ainda melhor, percebia detalhes que anteriormente tinham passados despercebidos e que com um belo par de fones de ouvidos, conseguiu me tirar da zona de conforto musical, abriu a fórceps meu leque de referências me mostrando que o passado pode ser muito mais criativo e inovador do que o presente se mostra.

Agradeci aos céus por não ter dado o disco embora. Hoje ele não sai de casa nem por reza brava.

Quer ouvir e entender toda a viagem, divirta-se. Esse é daqueles discos que mudam vidas.

Logo menos, tem mais.

Na verdade, o disco se chama apenas, “Secos e Molhados”.

Só mais uma coisinha…

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Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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