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A banda Yamasasi e o álbum Colorblind

Buenas! Não sei se disse isso por aqui em alguma postagem, mas eu sou “músico” também. E por que as aspas? Já tive no auge da adolescência e começo da fase adulta o sonho de viver de música. Já toquei em bandas que faziam música autoral com a vontade de expor ao mundo a minha (no caso, a nossa) visão das coisas, assim como fazem as bandas que eu gosto.

Mas a vida adulta te impõe e te enfia a realidade goela abaixo, isso fere o ser humano. Hoje, tento encaixar uma rotina musical na minha vida mesmo que esporadicamente e de maneira terapêutica. O que me ajuda a exorcizar os meus Capirotos internos, tanto quanto a terapia, tocando com os amigos. Hoje, o foco é outro, tocamos a música que gostamos, sem a pressão de compor e sermos aceitos por um público impaciente.

Mesmo com a vida te impondo desafios, ali está a música junto com você (Sou eu aqui a direita!)
Mesmo com a vida te impondo desafios, ali está a música junto com você (Sou eu aqui a direita!)

A banda Yamasasi

Outra maneira de ter a música na minha vida é escrevendo por aqui: falo do que gosto, como gosto e me sinto privilegiado em poder dividir isso, mas sabe aquele comichão do “E se?” E se eu tivesse insistido mais? Perseverado mais? Composto mais?

Manja esse sentimento de inquietude que te coloca uma pulga atrás da orelha e te faz duvidar positivimente do que você compôs? Senti exatamente isso ao ouvir o disco de estreia dos piracicabanos do Yamasasi. Sabe aquele disco que você “daria um rim” pra ter composto? Pois é, taí! Eu teria dado um rim pra compor esse disco. Pronto… falei!

A banda Yamasasi
A banda Yamasasi

Sobre o álbum Colorblind

Tudo o que mais gosto no rock dos anos 90 (minha fase preferida, julguem-me) tá condensado em 27 minutos e 41 segundos do mais classudo rock’n’roll de muito tempo. Punk, surf, indie, tudo está amalgamado no som da banda.

Simples e bem executado (com certa dose de “relaxo” intencional), bem composto e produzido de um jeito que a sonoridade de outrora fique latente e explícita. Nada além de guitarras barulhentas, baixo marcado, bateria cavalar e alguns barulhinhos intencionais formam a matriz do Yamasasi.

Distorção, refrões ganchudos e aqueles solinhos simples que de tão simples ficam na sua cabeça. Ecos de Pixies, Sonic Youth e Superchunk são percebidos, mas não ao ponto de soarem iguais, o som da banda é original, é novo, mas quem conhece percebe as referências, usadas de maneira criativa, não como plágio. Um disco roqueiro de canções assobiáveis. Barulhento e pop na mesma proporção.

Gravado e mixado no Casarão Studio por Franco Torrezan e composto e executado por João Matos (baixo e voz), João Vieira (guitarra), Benetton (guitarra) e Gustavo Ferrari (bateria), traz como temática as crises existenciais e a dificuldade que é a transição para a vida adulta.

As músicas passeiam pelas frustrações e colocam a diversão como válvula de escape. Uma típica banda em fase de crescimento, com os anseios e agonias da recente vida adulta. Todos nós, algum dia, já nos encontramos nas situações expostas pela banda.

Fac-Símile do álbum Coloblind

Repercussão e opinião

Após o lançamento do álbum já andam figurando entre os principais festivais do país: Bananada (Goiânia/GO), Do Sol (Natal/RN) e Locomotiva Fest (Piracicaba/SP) sempre com performances elogiadas por público e crítica.

Desde já, discoteca obrigatória. Conseguiram fazer um disco que me tirou um enorme sorriso bobo e nostálgico a cada audição. Acho que já temos um fortíssimo candidato a figurar na lista dos “melhores do ano”. Baixe, roube, compre, mas não deixe de ouvir.

Tô doido pra vê-los ao vivo e viciado nesse discaço!

Logo menos tem mais.

Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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