Buenas! Em meus dias de isolamento no litoral, um dos meus maiores prazeres era acompanhar o céu estrelado a noite, acompanhado de boas canções e vez ou outra uma bela caneca de chá preto ou café quente. Um momento só meu – de pura introspecção. E que me levou ao disco dessa semana, o também introspectivo “Cosmo” do carioca Cícero.

O processo criativo de Cícero
Li uma vez em uma entrevista dele que o disco novo começa quando ele começa a enjoar das canções do álbum anterior. Quando ele começa a achar que poderia ter feito diferente, está na hora de gravar outro disco. E foi nessa toada e passando uma temporada em Portugal, em busca de novos ares e novos horizontes, que Cícero fez seu novo disco de maneira artesanal em um cenário de isolamento. Fora da sua zona de conforto. Um outro país. Um outro céu. Uma nova esperança, por que não?
Produzindo e gravando praticamente todos os instrumentos sozinho, sempre contando com a ajuda de parceiros daqui e de lá, esse novo álbum sintetiza (mesmo que não tenha sido intencional) todas as fases de sua carreira. Vai do minimalismo de voz e violão à grandiosidade de guitarras, metais e orquestrações, mostrando-se versátil e extremamente criativo.

Uma visão reflexiva do mundo
Com a ideia do cosmo sendo tudo o que já foi, é ou será, o músico lança a sua visão, de maneira reflexiva, porém plural. Há espaço para a melancolia, para o romantismo e pra toda a introspecção que a sua obra nos oferece. Existencialismo puro, um olhar sincero e sensível por todos os universos. O que está a nossa volta e que pode ser visto a olho nu e aquele universo interior, o que é só nosso e que tange a nossa experiência e existência.
Com esse discaço, Cícero pavimenta ainda mais o seu lugar entre os grandes compositores da música brasileira. Aqui em casa ele já é rei. No meu isolamento no litoral, companheiro de noites estreladas.
Candidatíssimo a melhor disco do ano. Um bálsamo nesses tempos nebulosos.
Obrigado, Cícero.
Logo menos tem mais.