Já se ouviu em diversas partes que escolher o que ver na Netflix toma um tempo maior que ver os filmes/séries. Esta coluna garimpou duas produções do canal para poupar seu tempo. Um documentário mexicano de média metragem e uma animação curta paquistanesa que podem ser vistos até um depois do outro, posto que juntos somam quarenta e cinco minutos. São realmente dois achados na Netflix. Vamos a eles.
O primeiro achado: Passarinheiros
Passarinheiros (Birders) conta sobre a vida das aves migratórias na região de migração mais complicada do mundo: a fronteira entre México e Estados Unidos. No curso do Rio Grande, que divide os dois países, pássaros são monitorados nas duas margens e a paixão por eles une os dois povos, de resto tão separados pelo resto.
São belas imagens de belas aves, tanto migratórias como residentes. Um deleite. A questão da imigração naquela fronteira é posta como um paradoxo porém de forma natural, quase como uma conclusão que se observa mas não necessariamente se lamenta – não a ponto de virar um panfleto seja a favor ou contra.
O que é mostrado é o curso normal da Natureza, estando os pássaros alheios ao que se desenrola por ali entre os humanos. Os observadores de pássaros também relativizam o tema, quando muito o lamentam por atrapalhar seu hobby sem parecerem alienados.
Os profissionais da região atentam para a preservação – a região parece preservada dos dois lados – e o tal “muro” e seu potencial impacto só é citado uma vez, por uma mexicana que atua no delta do Rio Grande (no México chamado “Rio Bravo”).
Claro que sempre cabe a discussão sobre o flagelo da imigração ilegal na América do Norte. Mas o filme a coloca como pano de fundo de forma precisa, sobretudo para mostrar o contraste entre a natureza selvagem (no melhor dos sentidos) e a humanidade selvagem (no pior dos sentidos).
Passarinheiros – Serviço
- Passarinheiros (Birders), EUA, México – 2019 (Documentário, 37 minutos)
- Direção de Otilia Portillo Padua
- Sinopse: O filme mostra observadores de pássaros em ambos os lados da fronteira dos EUA e México, e como as aves migrantes viajam de um lado para o outro a cada ano.
- Lançamento no Brasil: 11/09/2019. Disponível para assinantes do Netflix.
O segundo achado: Sitara
Sitara – Sonhando com as estrelas é ambientada no Paquistão e conta a história de uma menina que é dada em casamento a um desconhecido mais velho. Uma triste e tocante animação, eficiente mesmo sem diálogos e com imagens muito bonitas.
A sinopse conta que a menina queria ser piloto de avião e teve seu sonho interrompido. Mas a metáfora do aviãozinho de papel que aparece por quase todo o tempo talvez seja maior do que isso. Talvez queira nos dizer que nossos sonhos são frágeis, incertos e erráticos e por conta disso não se sustentam, ainda mais em uma cultura com tradições como os casamentos arranjados, que ainda acontecem da mesma forma como apresentada no desenho.
Sitara – Sonhando com as estrelas – Serviço
- Sitara – Sonhando com as estrelas (Sitara: Let Girls Dream), Paquistão – 2019 (Curta-metragem de animação, 15 minutos)
- Escrito e dirigido por: Sharmeen Obaid-Chinoy
- Sinopse: Neste curta-metragem ambientado no Paquistão dos anos 70, Pari é uma adolescente que sonha em pilotar aviões, sem saber que seu pai quer casá-la com um homem mais velho.
- Lançamento no Brasil: 23/02/2020. Disponível para assinantes do Netflix.