Copa não é Olimpíada… Ponto. Nem devia ter abertura, talvez um cantor local ou de apelo mundial – seja lá o que for esse apelo (vide a Shakira na África do Sul) cantando a musica tema enquanto entram as bandeiras dos participantes. Algo como o intervalo do Super Bowl.
De maneira que toda abertura de Copa serve para a gente descer o malho mesmo. Essa teve seus encantos. A bola saindo da Estação Espacial Russa e caindo nos pés do menino foi bacana.
Se meu país tivesse uma estação espacial para mostrar ao mundo, o clip de abertura começaria nela. Na Copa que foi aqui, o clip começou numa favela. Cada um mostra o que tem, e os russos capricharam. Foi um clip bonito, vistoso, dinâmico, que flertou o tempo todo com o kitsch – como é quase obrigatório em casos assim.
Enfim, o menino foi correndo habilmente com a bola pelos motivos russos, e uma parte interessante foi as estátuas se mexendo para observá-lo, até que o garoto entra no estádio com Ronaldo, o Fenômeno.
Casillas, campeão mundial em 2010, trouxe a bela taça ladeado por uma modelo russa. Apenas campeões mundiais e a Fátima Bernardes podem segurar a taça, por isso que não foi um russo a apresentar o troféu para os presentes no estádio. Depois entrou Robbie Williams que, sim, fez um gesto feioso para a câmera. Não precisava do gesto, não precisava da presença do britânico.
Pela transmissão eu soube que sua música de maior sucesso ganhou uma versão do KLB em português. Ele devia ter cantado um dueto com a soprano russa Aida Garifulina que o acompanhava.
Entraram as bandeiras dos países, os trajes das moças que as empunhavam foram interessantes. Vista de cima, a cerimônia era plástica e simétrica. Só era meio fria, mas antes assim. O som da Globo é que prejudicava – para que tenham idéia, fez falta ouvir o Galvão falar. Por fim, Putin falou uma meia hora, sem vaias – o que era esperado. Não porque gostem dele. Quer dizer, gostam, mas… entende?
Depois o presidente da Fifa, Gianni Infantino protagonizou o momento vergonha alheia, ao apontar para o estádio achando-se espertíssimo ao dar as boas vindas em várias línguas, inclusive em árabes.
A música da Copa, se apareceu foi muito breve, e pode ser que nem exista (nota do editor… existe sim… inclusive o Will Smith canta a danada). A mascote. um lobinho chamado Zabivaka, ficou andando pelo gramado e é simpatiquinho. Talvez para justificar a ruindade da seleção russa, ele porta óculos de esqui, como se dissesse que o negócio deles é outro, e como se a gente já não soubesse disso.
Foi uma abertura correta, e por pior que fosse nada superaria a Claudia Leitte de galinha pintadinha na última Copa. E para os que esperam um ursinho formado por mosaico de torcedores que derrama uma lágrima na cerimônia de encerramento, é bom ir se decepcionando logo.
Mas os russos estão com crédito. Deram-nos aquela abertura e encerramento nas Olimpíadas de 80. Deram-nos a oportunidade de pela primeira vez ver Pelé e Garrincha em campo, na Copa de 58. Deram-nos Dostoiévski. E nos deram a vodca, de onde extraímos a caipiroska, exemplo de união perfeita entre duas culturas praticamente inconversáveis.
Boa copa a todos e não percam a análise da naba que os russos impuseram aos árabes. (nota do editor: olha os spoilers!!!)