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Higuaín…

Uma conta divertida que muito se fez no Brasil quando da realização da Copa de 2014 por aqui, foi o quanto se poderia ser investido na saúde caso não houvesse Copa. Pois bem, gastamos por volta de 25 bilhões nos 5 anos mais intensos de preparação da Copa. Coisa de 5 bilhões por ano. O orçamento do SUS foi neste período de 150 bilhões. Por ano. Então, para ficarmos nas contas anuais, o gasto na Copa foi uns 3% do gasto do SUS. Um dia vamos discutir não o gasto, mas o bom gasto do dinheiro público. Se todo o problema da Saúde fosse a Copa, teríamos uma saúde pública escandinava. Tivemos 17 estádios quando a FIFA recomenda no máximo 10? Tivemos, e a explicação era nossas dimensões continentais. Os Estados Unidos, também um país-continente, dispôs de 09 estádios em 94, enquanto a Rússia, um país maior que um continente, usou 12 na Copa seguinte.

Mas ainda assim não arrebentamos com o SUS para fazer a Copa. Mudemos de assunto, pelo amor de Deus?

Foi a Copa de estreia da Bósnia e Herzegovina, que até beliscou uma vitória diante do Irã. Foi considerada uma Copa onde houve um relativo sucesso técnico. O primeiro empate aconteceu só na décima primeira partida, e até ali a média de gols foi de 3.6. Das 32 seleções, 14 foram treinadas por estrangeiros. Um exemplo: Costa Rica, Equador e Honduras foram dirigidas por técnicos colombianos. Mas a Colômbia teve como técnico o argentino José Pekerman.

Foi a Copa que introduziu o vídeo para ajudar os juízes, posicionando câmeras ultrassensíveis na linha do gol, que funcionou uma única vez: para ajudar o brasileiro Sandro Meira Ricci a validar o terceiro gol da França, de Benzema, contra Honduras. Foi também a estreia daquele spray que determina onde fica a bola e onde a barreira se posiciona nas faltas.

Das 13 equipes europeias classificadas, só seis passaram da primeira fase, marcando a maior draga dos europeus em Copas. Por falar em maior draga… A gente já devia ter desconfiado de que algo não ia bem quando Marcelo marcou o primeiro gol contra da Seleção em Copas, logo na estreia contra a Croácia. Depois empatamos com o México. Goleamos Camarões por 4×1 mas nunca uma goleada representou tão pouco.

Nas oitavas empatamos com o bom time do Chile, treinado por Jorge Sampaoli, e ganhamos nos pênaltis. Nas quartas passamos pela Colômbia, 2×1, mas houve um lance capital: o colombiano Zuniga acertou as costas de Neymar com uma joelhada. Vamos querer crer que a intenção não fosse aleijar, mas no mínimo tirar da Copa. Zuniga acertou com o joelho na terceira vértebra cervical de Neymar – se alguém encontrar outra joelhada no pescoço por aí este Blog retira a acusação de tentativa de homicídio do colombiano. Por centímetros Neymar não ficaria paraplégico.

Tudo aquilo desnorteou o selecionado brazuca, a começar pelo último a ser desnorteado: Luís Felipe Scolari convocou quatro jornalistas de peso de nossa imprensa para perguntar-lhes o que poderia ser feito, num feito talvez tão vergonhoso quanto o 7X1. Humildade é uma coisa, confissão de incompetência é outra. Bem, o jogo seguinte, sem Neymar, foi a semifinal contra a Alemanha e já sabemos.

A Alemanha avançou para a Final contra a Argentina. Ali, todos exaltavam o maravilhoso, de primeiro mundíssimo processo de preparação da Alemanha, que construiu um Centro de Treinamento perto de Porto Seguro, e lá ficou a Copa toda, deixando o CT de presente para os baianos. Sim, foram simpáticos. Já a seleção de Gana (que contava com o ótimo Boateng), por exemplo, ficou em Maceió, num resort que se não era sensacional, deu para o gasto para empatar com os alemães na primeira fase.

Para a Final, a organização impecável alemã contra a milonga Argentina, que por sua vez se hospedou no CT do Atlético Mineiro. Falamos isso, porque a vitória alemã de 1×0 foi creditada à logística quase militar. Falaram tanto nisso, que, 1) mas e Gana? 2) mas e Higuaín?

O centroavante argentino, ainda no começo do primeiro tempo, viu-se a menos de vinte metros de Neuer, goleiro alemão. Nenhum zagueiro lhe dava sequer cobertura, e nunca um placar seria aberto de forma tão fácil numa final de Copa, e a gente não teria que ouvir o blá blá blá da organização germânica e sabemos que essa coisa de “se” não existe no futebol, mas… ele conseguiu errar o gol… puxa vida Higuaín! Tivemos o primeiro campeão europeu numa Copa na América do Sul. Foi o triunfo do acaso, do imponderável, do intangível, típico do futebol. Concentração não ganha jogo. A Alemanha mereceu o tetra. E Higuaín merece até hoje um… deixa pra lá.

P.S.: na cobertura de fizemos da Copa de 2014, publicamos um texto em 30/06 onde antes do jogo contra a Colômbia já prevíamos o Mineirazzo contra a Alemanha. Você pode reler esta história aqui.

Copa do Mundo de 2014

  • Sede: Brasil
  • Período: 12/06/2014 a 13/07/2014
  • Campeã: Alemanha; vice: Argentina
  • Colocação do Brasil: 4º lugar
Publicado em:Crônicas,Entretenimento,Michelices

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