Ok. Eu admito que sou um jogador da velha guarda. Sou de um tempo que jogos eletrônicos estavam ou nos arcades, ou nos consoles e quem sabe naquele PC Gamer parrudão. Mas os tempos são outros e estamos observando há algum tempo que os jogos estão nos consoles, PC Gamer e agora… Celulares. Mas como é que está funcionando isso?
Os videogames deixaram de ser apenas uma diversão em fliperamas para se tornarem um dos maiores mercados da indústria do entretenimento. De fichas nos arcades aos jogos gratuitos no celular, a trajetória dos games é marcada por inovação tecnológica, mudança de hábitos culturais e transformações no mercado global. Hoje, o smartphone é a principal porta de entrada para milhões de jogadores — mas como chegamos até aqui?
Os primeiros passos: arcades e fliperamas
Lá na distante década de 70, ainda no século passado, nomes como Space Invaders, Pac-man e Donkey Kong dominavam os salões conhecidos como Fliperamas. As máquinas de jogos eram os arcades. Era uma experiência coletiva, fichas (ou moedas dependendo do país) alimentavam as máquinas com os títulos da época. Jogava-se em pé muitas vezes com uma plateia de outros jogadores esperando sua vez, ou então prestes a desafiar quem jogava. Assim nascia a cultura gamer, marcada pela competição e pela busca por recordes.

A revolução dos consoles de mesa
Atento ao nascente (e crescente) mercado gamer alguns pioneiros trouxeram a experiência dos jogos para as casas dos jogadores. Os primeiros consoles como Odissey, Atari e até mesmo o valente Tele-Jogo. O próprio mercado americano chegou a colapsar no início dos anos 80 com a enxurrada de títulos (alguns de qualidade duvidosa) e consoles. Aqui no Brasil, a pirataria corria solta com vários fabricantes produzindo os clones do Atari que chegou por aqui com alguns anos de atraso. Viva a reserva de mercado!

O Japão ficou então responsável pela evolução do mercado. Surgiram ícones como o Master System da Sega e o Nintendo Entertainment System (Nintendinho para os íntimos) que foram sucedidos pelos clássicos Mega Drive e Super NES. Outros consoles vieram posteriormente e o mercado amadureceu. Nomes como Dream Cast (Sega), Nintendo 64, Play Station também ajudaram a criar o mercado de franquias… Mario, Sonic, Metal Gear, Alex Kidd, Zelda (bom… na verdade o herói é o Li entre tantos outros se eternizaram e até hoje fazem sucesso.
O PC entra em cena
A década de 90 transformou um equipamento corporativo, voltado para uso profissional e educacional. Estou falando dos computadores. Em especial, os tracionais PC’s. Na verdade, lá na década de 70 e 80 já existia algumas iniciativas: o Apple II, Commodore 64, Amiga, MSX funcionaram tanto como computadores e também como consoles para jogos.

Mas o grande aumento da capacidade de processamento trouxe vários jogos para o PC. Surgiam lendas como Doom, Warcraft, Prince of Persia, Counter Strike, Civilization, Fallout (sim… o primeiro é de 1997!). E em pouco tempo depois a Internet criou outro fenômeno: o da jogatina on-line. Surgiam nos anos 2000 o multiplayer on-line e as LAN Houses no Brasil. E por aqui funcionaram como espaçõs de diversão e difusão da cultura gamer entre os jovens da época.
Os Consoles e a força dos PC’s Gamer
Da metade dos anos 2000 e durante os primeiros anos da década seguinte, o mercado se estabeleceu entre alguns grandes players. Estou falando do lado verde da força (Xbox), do lado azul (Play Station) e do lado vermelho (Nintendo). Os PC’s se tornaram uma espécie de nicho, trazendo uma espécie de “plataforma de elite” para quem buscava a experiência mais insana. Mesmo que os consoles como XBox One e PS4 apresentassem um imenso poder de processamentos para alguns títulos e mostravam toda sua excelência.
Tudo muito lindo e maravilhoso… mas este artigos não era sobre os celulares?
O Celular como plataforma Gamer?
Os primeiros aparelhos celulares eram tão somente telefones portáteis e cumpriam sua função: fazer e receber ligações telefônicas. Foi com a chegada dos primeiros telefones digitais (em substituição aos celulares analógicos) é que os fabricantes começaram a incluir algumas funcionalidades extras… um bloco de notas, uma agenda de contatos mais complexa e de quebra, uns joguinhos.
Tá bom… não eram títulos AAA. Estamos falando do jogo da cobrinha ou de versões simplificadas do Tetris. Mais um quebra-galho e um passatempo. Mas estes pequenos notáveis também evoluíram. E aí surgiram os Smartphones. Mais capacidade de processamento, mais tecnologias e logo alguém pensou… por que não trazer jogos para os smartphones? Afinal de contas, eles são potentes, estão acessíveis para quase todo mundo, com várias opções de preços e modelos.

Foi uma questão de tempo para que surgissem títulos como Genshin Impact, Free Fire, PUBG Mobile, Honor of Kings, COD Mobile, Asphalt Legends, LOL, Clash Royale, Minecraft, Mario Kart Tour e tantos outros que agora não consigo me lembrar. Para os desenvolvedores, a mina de ouro está nas microtransações. Por serem acessíveis, estão disponíveis para todas as idades. Alguns títulos são free-to-play e exploram os anúncios.
Um mercado sempre crescente
A cada ano, novas gerações de celulares. Melhores telas, processadores mais potentes, capacidades gráficas melhoradas e é claro, o desejo consumista das pessoas. Então faz muito sentido que estúdios desenvolvam cada vez mais jogos para os smartphones. E isso, sem contar os acessórios desenvolvidos especificamente para os smartphones.

Aliás, os últimos eventos gamer mostram bem esse crescimento. BGS, Gamescom e outros eventos trazem muitos estandes dedicados a jogos mobile. E de olho neste mercado cada vez mais promissor, os desenvolvedores e até mesmo os grandes fabricantes buscam o mercado mobile como plataforma alternativa.
A Microsoft foi a primeira a enxergar todo este potencial. Sua campanha “This is an Xbox” (Isto é um Xbox, em tradução livre) promete trazer a experiência gamer para diversos dispositivos que são utilizados pelo público gamer: consoles, portáteis como Steam Deck e similares, Smart TV, Dispositivos de Streaming e é claros, smartphones. A Nintendo já tem o Switch como seu carro chefe, em vias de trazer a sua versão mais atualizada. E até mesmo a Sony já planeja sua experiência mobile. Outras empresas pensam nos smartphones voltados para o usuário gamer, que é o caso da ASUS com seu ROG Phone.
Cortar custos… para o usuário
Tudo isso tem como motivação diminuir o custo de entrada para os atuais e novos usuários. Ao invés de investir em um console caro, que nem sempre oferecerá todos os títulos e mantendo alguns como exclusivos sob o pretexto de fidelizar os jogadores, o smartphone funciona como um democratização ao acesso à títulos impensáveis. Já pensou rodar GTA V na tela do seu celular a partir de um streaming de jogos como Game Pass da Microsoft? O custo final é substancialmente menor.
Concluindo…
Da ficha do arcade ao toque na tela do celular, a história dos videogames mostra uma constante busca por inovação e acessibilidade. Hoje, o smartphone é mais do que um telefone: é um console universal, capaz de colocar milhões de pessoas no mesmo campo de jogo. A questão que fica é: no futuro, veremos os consoles tradicionais desaparecerem, ou eles continuarão a coexistir com o celular em um ecossistema cada vez mais diverso?
E você, joga mais no console, no PC ou no celular? Conte nos comentários sua experiência! Enquanto isso, não importa se é um PC, um console ou mesmo um samrtphone… Bora jogar?
Referências e Leituras Recomendadas
- Kent, Steven L. The Ultimate History of Video Games. Goodreads.
- Donovan, Tristan. Replay: The History of Video Games. Goodreads.
- Smithsonian Magazine – A Brief History of Video Games.
- Newzoo – Global Games Market Report 2024.
- Statista – Mobile gaming worldwide.
- The Guardian – How mobile gaming took over the world.
- GameIndustry.biz – Mobile overtakes console and PC.