Ricardo Marques
Olá e bem vindos ao UBQ Tech News! Nossa resenha mensal de notícias de tecnologia. Um resumo dos principais fatos do mundo tecnológico para você ficar bem informado! Nesta edição, com as principais notícias do mês de abril/2023, temos o celular completando 50 anos, Elon Musk e suas peripécias no Twitter, o botão Print Screen mudando de função após 30 anos, de novo os políticos culpando os jogos eletrônicos pela violência urbana, o Whatsapp agora conta com serviço de pagamentos para produtos e serviços, de novo o Twitter, que não é mais Twitter (sim, é confuso, mas a gente explica!), o Winamp voltando aos computadores, a novela da taxação dos importados, o selo azul daquela rede outrora conhecida como Twitter (sim… contém ironia), de novo o Whatsapp, mas agora para anunciar uma nova funcionalidade, o bloqueio do Telegram e a compra da Activision Blizzard pela Microsoft parece que está azedando.
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Celular completou 50 anos
Para variar a gente começa com uma notícia que apareceu no finalzinho do mês passado, no caso o mês de Março, e traz o aniversário de um adulto já na maturidade… o celular. Mas tudo bem, porque o fato mesmo aconteceu em abril. O ano de 1973 foi marcado pela “invenção” do celular. Coube ao engenheiro Martin Cooper a paternidade do dispositivo. Na ocasião, ele trabalhava nos laboratórios da Motorola e ele apresentou em 03 de abril daquele ano o protótipo do que viria a ser o modelo DynaTAC 8000x.
Cooper usou o aparelho para realizar uma chamada telefônica na 6ª avenida de Nova York. Ele ligou justamente para o laboratório da companhia rival, a AT&T da Bell Labs. E era um aparelho bem diferente do que temos hoje… um monstrinho que pesava um pouco mais que 1 quilograma, tinha cerca de 25 cm de comprimento, sua bateria tinha autonomia de apenas 30 minutos e levava cerca de 10 horas para carregar completamente. Obviamente, sua única função embutida era realizar chamadas telefônicas.
Apesar da grande inovação tecnológica, comercialmente o celular precisou esperar até 1983 para ser comercializado. Temendo um possível monopólio de mercado, o órgão regulador americano não aprovou o produto. O DynaTAC 8000X foi vendido entre 1983 e 1984 e atingiu cerca de 2000 unidades vendidas ao preço inicial de US$ 3.995,00, que corrigidos pela inflação seria o equivalente a cerca de US$ 12,1 mil, algo como R$ 60 mil. De repente o iPhone ficou baratinho, não é?
Elon Musk e suas peripécias no Twitter
Elon Musk parece não ter limites quando o assunto é polemizar o Twitter e daria para criar um feed do Tech News só com notícias da rede do passarinho azul. Aliás, pelo menos por alguns dias, do cachorro da raça Shiba. Pois é… Musk sem nenhum aviso prévio alterou o tradicional logotipo do Twitter pela imagem do Dogedog, o cachorrinho que representa a Dogecoin, uma criptomoeda queridinha pelo Musk.
A sugestão da troca surgiu quando ele ainda nem havia comprado o Twitter. Tudo parecia uma piada, mas no último dia 03 ele levou a ideia a termo e trocou o logotipo pelo cachorro. Com a troca, a criptomoeda valorizou em 27%. A mudança permaneceu por alguns dias e Musk até fez piada com a mudança.
Não é a primeira vez que ele divulga a Dogecoin pelo Twitter. Inclusive isto lhe rendeu um processo de US$ 258 bilhões nos EUA por conta de tuítes que ele postou e que estimulou a valorização de modo artificial da moeda. Por esta ação ele foi acusado de criar um esquema de pirâmide para lucrar com a valorização. Parece que as polêmicas que surgem no Twitter estão longe de terminar. E sim… o Twitter vai aparecer novamente ainda nesta edição do Tech News.
Sabe para que serve o botão “Print Screen”? Não? Ok… ele vai mudar de função
Uma das teclas mais ignoradas do teclado de um PC é a tecla Print Screen. E quando ela surgiu, sua função era exatamente essa: imprimir a tela. Muita gente não lembra, mas antes dos sistemas operacionais gráficos como o Windows e o MacOS, o mundo vivia de UNIX e suas derivações, CP/M e também o MS/DOS e suas variações. Sim… estamos falando da década de 80, meu jovem. No DOS, ao pressionar a tecla, você ativava a impressão do conteúdo da tela para uma impressora ligada à porta LPT1. Dava até para usar uma combinação de modo a toda saída tela ser impressa automaticamente.
Com o surgimento das interfaces gráficas, a tecla passou a capturar a tela inteira que poderia ser colada em um aplicativo de imagem como o Paint (alguém aí lembra dele?). E a própria evolução dos sistemas operacionais trouxe evoluções para a captura. No Windows 10, por exemplo, ao pressionarmos a tecla, ele faz a captura da tela no One Drive por padrão. Mas hoje temos uma ferramenta mais interessante: a Snipping Tool. Ela tem um funcionamento mais abrangente, permitindo que você não só capture a tela, mas também faça recortes de captura.
O problema – se é que existe algum – é que a Snipping Tool precisa ser ativada por uma combinação de teclas: Windows + Shift +”S”. E eu confesso que estou pra lá de habituado a usar o atalho. Só que a Microsoft decidiu integrar a função ao botão no Windows 11. Assim, a partir de uma futura atualização ainda não publicada, ao pressionarmos Print Screen teremos por padrão a ativação da Snipping Tool. Uma mudança estética mas curiosa.
A culpa da violência é dos jogos eletrônicos… de novo
Recentemente, mais um idiota fez um ataque à uma creche em Blumenau/SC. Por conta da ação do imbecil (para não usarmos palavras de calão por aqui), quatro crianças foram mortas. E só temos a lamentar por um triste episódio como esse e torcer para que não só a justiça seja feita na forma da lei, mas que nós enquanto sociedade possamos evoluir para inibir ações deste tipo.
E apesar de diversos estudos acadêmicos já comprovarem o contrário, alguns políticos insistem em culpar toda a violência social que vivemos nos jogos eletrônicos… estes jogos malditos que transformam crianças em assassinos. Bom… segundo a visão do deputado federal Zé Trovão (PL/SC). Ele solicitou ao Ministério da Justiça a suspensão dos “jogos eletrônicos que incitem ou estimulem comportamentos violentos” pelo prazo de 30 dias. A justificativa é que o prazo de 30 dias permitiria investigações de modo a encontrar a relação entre violência e jogos eletrônicos.
O mesmo deputado pediu também a criminalização para casos nos quais forem encontrados conteúdos violentos em computadores de eventuais investigados e ainda requer a criação de medidas que previnam a venda e o uso deste tipo de jogo no país. O fato é que políticos sempre serão políticos… mesmo que provem para ele que a Terra é redonda, sempre questionarão… e se ela não for? Por via das dúvidas, evitarei matar Creepers e Zumbis na minha próxima jogatina de Minecraft aqui em casa. Mario Odissey, então? Nem pensar…
Whatsapp agora conta com serviço de pagamentos no próprio aplicativo
A Meta anunciou que o Whatsapp terá um serviço de pagamentos via aplicativo. Com a novidade, será possível pagar por um produto ou serviço diretamente pelo aplicativo. Sem abrir links, ou acessar o aplicativo do banco. Ainda restrito a um pequeno número de usuários, o empreendedor precisa utilizar a versão Whatsapp Business para ativar a função que deverá ser distribuída a todos nos próximos meses.
Já é possível realizar o pagamento por cartões de crédito ou débito e até mesmo pré-pagos das bandeiras Visa e Mastercard de várias instituições financeiras. É bom lembrar que o aplicativo já contava com o Whatsapp Pay que permite transferência de valores entre pessoas físicas.
Para usar o serviço, os clientes deverão cadastrar um cartão no aplicativo e criar uma senha para realizar transações. Além disso, deverão ser informados dados como nome completo e CPF, além é claro, dos dados do cartão a ser cadastrado. Por outro lado, que for oferecer a opção de pagamento deverá habilitar isto no aplicativo (quando disponível) e enviar um pedido de pagamento ao cliente.
Olha ele de novo aí! O Twitter não é mais do Twitter
O aplicativo Twitter pertence à empresa Twitter Inc., que por sua vez é de propriedade do excêntrico bilionário Elon Musk, certo? Bom… não mais. O Twitter ainda é um aplicativo, o Elon Musk ainda é dono do Twitter. Mas a empresa não se chama mais Twitter. Peraí… como é?
Ok, na prática não vai mudar nada nem para mim, nem para você. Ainda teremos o Twitter com o passarinho azul, ou o cachorrinho do Dogecoin, ou outro bicho que venha cabeça do Elon Musk. O movimento foi um mudança parecida com o que a Google fez anos atrás, quando criou a Alphabet e o Facebook fez com a criação da Meta. Musk criou a X Holdings Corporation, ou X Corp. para facilitar. A mudança faz parte do plano de Elon Musk em criar um superaplicativo, assim como funciona o WeChat lá na China. A ideia é criar um ecossistema onde o usuário seja capaz de fazer tudo dentro do próprio ambiente. E para isso, transformar o Twitter apenas em um serviço dentro de um espectro maior, faz parte de sua estratégia.
Elon Musk é proprietário do domínio X.com desde 2017 e ao que parece, ele tem certa obsessão pela letra Xis. Basta lembrarmos da SpaceX e do Tesla Model X. E aqui no Brasil, eu me lembrei de um outro bilionário que acabou arruinado e que também tinha o Xis como sua marca pessoal… lembram dele? Era o grupo EBX com suas subsidiárias… OGX, LLX, MPX, CCX, OSX e MMX. No comando, o então visionário Eike Batista que também impressionava com seu tino para negócios. Será que o Xis do Musk terá um fim diferente do Xis do Eike?
O Winamp está de volta? Mais ou menos…
Confesse… se você usava computadores na segunda metade da década de 90, você usava o Winamp. Usava sim… não negue isso. Ele foi o reprodutor de MP3 para Windows mais popular durantes anos. E estamos falando de uma época que não existiam streamings, lojas digitais e outras futurices bizarras.
Ah sim… para você saudosista, o player clássico continua existindo. Ele foi relançado em 2018 e vem recebendo atualizações continuamente. Mas o mundo mudou, a internet mudou e o Winamp também… o fato é que o serviço está de volta. Desta vez como um agregador online de músicas e podcasts. Não será bem como um Spotify ou Deezer, porque neste caso, é o usuário que irá procurar artistas para se conectar. Por sua vez, os criadores de conteúdos podem oferecer seus conteúdos de forma gratuita ou por meio de pagamentos digitais.
Deste modo, a proposta é funcionar mais como uma plataforma para novos talentos do que para reproduzir artistas consagrados. Mas ainda assim, os desenvolvedores afirmam que haverá integração com serviços de streaming tradicionais, como o Spotify. É esperar pra ver… Aplicativos para smartphones foram prometidos para o final do ano.
A taxação dos produtos importados virando novela mexicana
Ok… para não existir qualquer dúvida: NÃO EXISTE isenção de taxação para compras internacionais. Nunca existiu. Existe isenção para alguns produtos, como livros, mas qualquer compra realizada em um site internacional e que não contemple produtos isentos estará sujeita a tributação por parte da receita federal. O que existe é um isenção para transações entre PESSOAS FÍSICAS para remessas internacionais com produtos cujo valor declarado seja até US$ 50. Além desse valor, o produto estará igualmente sujeito à tributação.
O que acontece é que muitos sites estrangeiros usam esta “brecha” na legislação para remeter seus produtos para os compradores brasileiros. Assim, é comum que produtos sejam desmembrados em vários pacotes e na informação fiscal (ou invoice se você preferir) o vendedor declara um valor baixo para escapar do fisco. Junte a isso uma sobrecarga de trabalho na aduana brasileira e pronto… diversos produtos simplesmente são liberados sem fiscalização ou taxação. E eles são a esmagadora maioria, tornando a importação direta um bom negócio.
Equivocadamente, o governo entendeu que o problema estava na isenção entre pessoas físicas. Então no dia 11 eles baixaram uma norma acabando com a isenção. Pegou mal… porque todo mundo entendeu que a partir de agora tudo seria taxado impiedosamente e teve gente dizendo que isso tiraria o direito dos pobres a comprar suas coisas. Com a chiadeira, entrou em campo o populismo. No último dia 18, o presidente Lula mandou Haddad recuar e procurar outros meios de combater a evasão fiscal e com isso, voltamos à regra anterior. Ao que parece, agora a solução será a taxação direta no momento da compra, mas outras medidas estão em estudo. Ainda teremos novos capítulos deste novelão.
Mais Twitter pra você… desta vez, o selo azul parece que foi embora mesmo
Musk prometeu e cumpriu… Finalmente o Twitter começou a remover o selo de verificação das contas que não aderiram ao programa pago Twitter Blue. Antigamente, o selo azul de verificação era concedido para perfis de personalidades e empresas, além de entidades governamentais de modo a servir como uma certificação de autenticidade da conta em questão.
Uma das estratégias de Elon Musk para lucrar com o Twitter consistiu em conceder o selo azul de verificação para contas que pagassem pelo serviço Twitter Blue. A ideia é que o selo seria uma espécie de objeto de cobiça por parte dos usuários e assim a empresa lucraria com estas assinaturas. E para levar isso a termo, Musk avisou que removeria todos os selos das contas não pagantes a partir de primeiro de abril. Chegou a data e nada aconteceu…
Mas agora parece que está acontecendo, várias personalidades começaram a relatar a partir de 20 de abril que seus selos (do Twitter, que fique claro) começaram a ser removidos. Alguns reclamaram, outros foram indiferentes… o fato é que em geral, o usuário cagou para o selo. Após a repercussão negativa, a empresa promoveu algumas alterações, criando até mesmo um selo cinza para perfis de governos ou políticos com atuação governamental. Veio também um selo dourado para empresas e perfis comerciais. Além disso, Musk resolveu – por mera liberalidade – devolver o selo para algumas personalidades. Que de novo… cagaram para isso.
Uma mesma conta do Whatsapp agora funciona em até 5 dispositivos
Pelo visto não é só o Twitter que está em evidência este mês aqui no Tech News. Mas esta aqui é notícia do bem… A Meta liberou o uso de uma mesma conta do Whatsapp em até cinco dispositivos ao mesmo tempo. A novidade foi apresentada no último dia 25.
A conexão dos aparelhos se dá de modo independente, garantindo que suas mensagens, mídias e chamadas pessoais sejam criptografadas de ponta a ponta. Além disso, segundo a empresa, caso seu dispositivo principal fique inativo por um longo período, você será desconectado por segurança de todos os dispositivos complementares.
Com isso será possível alternar entre telefones sem desconectar e retomar a conversa de onde parou. Para empresas – no Whatsapp Business – é possível que vários funcionários fiquem ligados a um mesmo número de atendimento. Por fim, a empresa informou que a atualização começou a ser implementada para os usuários do mundo inteiro e estará disponível a todos nas próximas semanas.
Telegram bloqueado no Brasil
Vamos falar agora do principal concorrente do Whatsapp, o Telegram. No dia 26, o aplicativo foi bloqueado por determinação judicial no território brasileiro. O bloqueio aconteceu porque a empresa deixou de apresentar dados solicitados pela justiça em uma investigação da polícia federal que envolve grupos neonazistas.
A decisão da justiça federal do Espírito Santo. A Polícia Federal solicitou ao Telegram dados de grupos neonazistas que estariam incentivando atos violentos em escolas. De acordo informações do portal G1, o aplicativo entregou somente parte dos dados solicitados, mas não forneceu números de telefone dos participantes dos grupos nazistas. Além do bloqueio, a empresa foi multada com valor alto… R$ 1 milhão por dia enquanto descumprir a determinação judicial. No dia 29, uma decisão do TRF/RJ suspendeu o bloqueio, mantendo a aplicação da multa.
De acordo com o cofundador do Telegram, Pavel Durov, é impossível coletar os dados solicitados e afirmou que “Estamos recorrendo da decisão e aguardando a resolução final. Não importa o custo, defenderemos nossos usuários no Brasil e seu direito à comunicação privada”. O problema é que não estamos falando do direito à privacidade quando há um crime envolvido, não é mesmo? Em sua declaração, Durov ainda disse que às vezes, quando leis locais vão contra a missão do Telegram, o aplicativo precisa deixar esses mercados. Será que terão coragem para isso?
A compra da Activision Blizzard pela Microsoft… Deu ruim?
É… parece que deu. Lá no começo de 2022, a Microsoft apresentou proposta de compra por quase US$ 70 bilhões. E no meio do caminho desta compra surgiram denúncias de assédio sexual dentro da empresa, além de discriminação no trabalho e também perseguição à funcionários descontentes.
A compra da empresa obviamente acendeu um sinal de alerta não só nos concorrentes, mas também nos órgãos reguladores. Afinal de contas, estamos falando de duas gigantes do entretenimento digital e existe uma preocupação real quanto a saúde do mercado (e da concorrência). Autoridades americanas, asiáticas e europeias analisam cada uma a sua maneira todas as contrapartidas oferecidas pela gigante de Redmond para garantir o negócio.
Mas parece que no Reino Unido já deu ruim… a CMA (Competition and Markets Authority) agora no final do mês deu parecer contrário à compra da empresa, alegando que a Microsoft já tem uma forte posição no mercado de games na nuvem e a fusão só criaria uma posição mais forte e portanto mais complicada para os concorrentes. Ainda cabe recurso e outros órgãos ainda precisam se manifestar sobre a aquisição. Mas por enquanto, a resposta é um sonoro NÃO.
Ficha Técnica Podcast
UBQ Tech News! – Episódio 04 – “Abril/2023”, 35min – mp3@128 kbps; publicado originalmente em 28/06/2023
Participação, Edição e Pós-Produção: Ricardo Marques
Trilha sonora
- “Night Out” by LiQWyd
- “City Night Lights” by Bad Snacks
- “Arp Bouncer” by Geographer
- “Blues Blast” by John Delay
- “Ocean” by Ehrling
Disponibilidade
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