Ricardo Marques
Se retrospecto ganhasse jogo de futebol, a Alemanha seria a equipe favorita do confronto. Apesar de uma derrota na fase de grupos para a Sérvia, a Alemanha vinha credenciada por boas atuações e três goleadas e 13 gols marcados em 5 jogos e batera as seleções da Inglaterra e da Argentina em seu caminho.
Do outro lado, a Espanha também tinha perdido um jogo na fase de grupos (na estreia contra a Suíça) e depois venceu a fraca seleção de Honduras e o irregular Chile. Ainda passou por Portugal e Paraguai, mas sempre por placares magros. A Espanha entra em campo sempre para controlar a posse da bola, tocar para os lados e avançar aos poucos. Não é um futebol exatamente bonito. Mas tem funcionado.
Em campo, a Espanha colocou a bola no chão e dominou a posse de bola. Esteve mais no ataque, girou pelos dois lados na missão quase impossível de furar a barreira defensiva alemã. Por seu lado, a Alemanha pouco lembrou a equipe que venceu a Argentina no jogo anterior por sonoros 4×0.
O jogo teve aos 5′ uma boa oportunidade da Espanha quando Pedro encontrou Villa em condições de marcar. O artilheiro do Mundial recebeu e preparou o bote. Quando percebeu, viu Neuer se agigantando na frente dele. O chute do craque espanhol foi abafado pelo goleirão da Alemanha. Aos 13′, Iniesta cruzou da direita. Puyol subiu bonito, subiu alto e o cabeceio dele foi um tiro. Mas a bala foi perdida. A bola passou por cima do gol de Neuer.
Aos poucos a Alemanha começou a controlar mais o jogo, mas o time seguia sem criatividade, talvez pela ausência de Thomas Müller, suspenso. Houve pelo menos três lances em que os germânicos partiram para o contra-ataque com o veneno habitual. Mas se enrolaram nas próprias pernas. No primeiro tempo, a Alemanha ficou resumida a cruzamentos para área, um chute de Trochowski defendido por Casillas aos 32′ e um pênalti reclamado por Özil.
As equipes voltaram para o segundo tempo e assumiu o protagonismo do jogo, mas apesar de chutar muito a gol, poucas vezes as chances eram reais de perigo. Aos 12′ a Espanha se aproximou com perigo, trocando passes. A bola chegou a Pedro que chutou para Neuer espalmar. A bola sobrou para Iniesta que avançou pela esquerda, chegou à linha de fundo e cruzou. Villa tentou, mas não chegou.
Aos 72′ Xavi cobrou escanteio e Puyol subiu. Lembra dele? Subiu bonito, subiu alto, e Neuer vai lembrar por todo o sempre. O jogador testou firme para marcar o gol da Espanha. No placar, Alemanha 0x1 Espanha. E com a vantagem no placar, a Espanha passou a jogar pelo resultado cercando a Alemanha, que numa curiosa inversão de papéis, não conseguia furar a defesa espanhola.
O jogo chegou ao seu final morno. Uma Alemanha pouco inspirada foi derrotada por uma Espanha jogando bem, sem jogar bonito. Mas conquistando o resultado. E com o resultado, Nem Alemanha, nem Brasil, nem Argentina, nem Inglaterra, nem França, nem Itália, nem Uruguai. Teremos um novo campeão mundial. Com a vitória da Espanha sobre a Alemanha a grande final será entre Holanda e Espanha. Ambas sempre sonharam com o título. Uma delas realizará o sonho.
E eu admito, ainda torço pela Holanda.
Resumo do Jogo
- Alemanha 0x1 Espanha – Moses Mabhida Stadium, Durban – 07/07/2010 – 15h30 (Brasília)
- Seleção da Alemanha: Neuer, Friedrich, Lahm, Mertesacker, Boateng (Jansen), Khedira (Mario Gomez), Schweinsteiger, Öezil, Trochowski (Kroos), Podolski e Klose. Técnico: Joachim Loew.
- Seleção da Espanha: Casillas, Piqué, Puyol, Capdevila, Ramos, Iniesta, Hernandez, Xabi Alonso (Marchena), Sérgio Busquets, Villa (Fernando Torres) e Pedro (David Silva). Técnico: Vicente Del Bosque.
- Árbitro: Viktor Kassai; Auxiliares: Gabor Eros e Tibor Vamos.
- Gols: Puyol aos 72′.
- Cartões Amarelos: nenhum jogador punido com cartão.
- Público: 60.960
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