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A “desTitezação” da seleção

Talvez seja interessante apresentarmos o Girona, time espanhol da cidade do mesmo nome, que fica na Catalunha. Atualmente ele é gerido por uma parceria entre o City Football Group e Pere Guardiola, irmão do técnico do City que você conhece. Esse City Football Group – que é dono do Manchester City – tem o comando de alguns times pelo mundo, inclusive do nosso Bahia.

Pois bem, o Girona é atualmente o segundo colocado do campeonato espanhol, atrás do Real Madrid, à frente de Barcelona e Athletico de Madrid. Nele jogam Yan Couto e Savinho, dois convocados por Dorival. Yan jogou duas vezes como profissional no Coritiba e de lá foi para o Manchester City e hoje está no Girona. Estreou na seleção com Fernando Diniz.

Savinho, o outro convocado que joga no time espanhol, estreia na seleção. Esse até demorou um pouquinho no Atlético Mineiro, ficando pouco mais de 30 jogos antes de ser vendido para a Europa. O fato do Girona emplacar dois atletas na Seleção Brasileira diz muito de sua atual gestão. Quanto aos atletas, jogaram em todas as seleções de base – Savinho estreia na seleção adulta mas joga desde a sub-15, e Yan Couto foi o destaque quando jogou a Copa Sub-17, vencida pelo Brasil.

Posto isso, e já entendendo a convocação dos dois como pertinente, vamos para a lista:

No gol, Ederson, do Manchester City, que com os dois citados acima forma a lista de jogadores do xêique chamados por Dorival Jr. O melhor brazuca debaixo das traves. Junto com ele, os bons Bento, do Athletico Paranaense e Rafael, do São Paulo. É, não deu para o Weverton. Aquele gol de empate do Corinthians engasgou a torcida do Palmeiras e parece que Dorival também. Enfim, estamos bem servidos no gol.

Os laterais são, além do Yan Couto de quem falamos acima, Danilo, da Juventus, Ayrton Lucas, do Flamengo e Wendell, do Porto. Esse Wendell jogou trezentos anos no Bayer Leverkussen – antes fez boa figura no Grêmio. Sempre foi meio assim, sei lá, médio. Mas está no melhor momento da carreira no Porto. É convocado para a seleção desde 2016. Você só não o conhecia porque ele era assim, sei lá, médio. Mas agora entra com grife. Ayrton Lucas faz gols decisivos apesar de lateral, e tem uma tatuagem de beijo no pescoço. O bom Danilo é o justo dono da lateral direita, presente nas duas últimas Copas e se machucando nas duas.

Na zaga vamos com a afinada dupla do Paris Saint German. Marquinhos e Beraldo, este estreante na seleção. Dorival aproveita o entrosamento dos dois. Gabriel Guimarães do Arsenal é uma boa opção, inclusive lá na frente: abriu o placar contra a Venezuela naquele jogo desgraçado pelas eliminatórias ano passado, onde os caras empataram. Murilo, do Palmeiras estreia na seleção. Um zagueiro que às vezes nos mata do coração, mas quando não mata é correto. Tinha gente melhor, mas sempre é bom ter um alviverde com a amarelinha.

O meio campo é inglês: Andreas Pereira, do Fulham; Casemiro, do Manchester United; João Gomes, do Wolverhampton; Bruno Guimarães do Newcastle; Douglas Luiz, do Aston Villa. Dorival curte volante, mas em regra estes são habilidosos, tá bom. Completam a lista Lucas Paquetá, do West Ham e Pablo Maia, do São Paulo. Paquetá se livrou da justiça, o que talvez seja um critério justo. Talvez. E a única coisa que explica Pablo Maia é a existência de uma cota do Dorival. Pode ter sido uma peça importante no São Paulo, mas não tem bola para a seleção.

No ataque, Endrick, do Palmeiras; Richarlisson, do Tottenham; Gabriel Martinelli, do Arsenal; o já citado Savinho, do Girona; Raphinha, do Barcelona; Rodrygo, do Real Madrid e Vinícius Jr, do Real Madrid. Ficou de bom tamanho. A ver se Dorival vai usar a dupla do Real ou vai inventar moda.

Uma convocação ousada, principalmente para um técnico que nunca foi ousado. Surpreendeu porque marca finalmente a destitezação da seleção. Talvez uma transição mais cadenciada fosse mais indicada e mais até do perfil de Dorival. Mas é legítimo tirar a marca de Tite – nada contra, mas é uma página virada. A ver contra Inglaterra e Espanha, onde Dorival vai precisar do que ele tem de sobra mas que os 200 milhões de brazucas corneteiros não tem, que é paciência.

Publicado em:Crônicas,Entretenimento,Uma Copa Qualquer

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