Final da Copa 2010… ao vencedor, com honras!

Em campo as duas (em teoria) melhores seleções da copa. De um lado, uma seleção com um rendimento indicutível. Venceu todos os jogos até aqui e vinha invicta há quase dois anos em jogos oficiais. Do outro lado, o atual campeão europeu. Uma seleção com a fama de sempre morrer na praia.

Holanda e Espanha valorizaram a final. Um jogo morno que foi crescendo ao longo do tempo. Um jogo onde prevaleceu a técnica, apesar de nervoso. Minha aposta desde o começo foi a Holanda. Também falei da Espanha, mas em sua primeira fase mostrou um futebol inseguro e por isso eu a descartei como favorita. Mas, este é o futebol… um esporte onde existe a superação, existe o improvável, existe o imponderável.

E depois de um grande jogo, depois de uma quase inteira prorrogação, Iniesta selou o destino da Espanha. Com um golaço. Um lindo gol, a Espanha sagrou-se campeã mundial pela primeira vez. Talvez merecidamente.

A história até a final

A Holanda surgiu em sua terceira final de copa do mundo. Após 1974 e 1978, os holandeses figuravam inicialmente entre os favoritos. E ficou ainda mais favorita com a campanha na fase de grupos onde venceu seus três jogos: contra a Dinamarca, o placar por 2×0, o Japão foi batido por 1×0 e Camarões foi vencido por 2×1. Nas oitavas, a Eslováquia foi derrotada por 2×1. Mesmo placar contra o Brasil nas quartas. E por fim, venceram o Uruguai por 3×2.

A Espanha não figurava entre as favoritas, mas vinha credenciada pela conquista da Euro 2008 e pelos bons resultados em amistosos que disputou. Na fase de grupos, perdeu para a Suíça por 2×1, e em seguida venceu Honduras por 2×0 e o Chile por 2×1. Em seguida, bateu Portugal pelo placar de 1×0 na oitavas. E repetiram o placar contra Paraguai nas quartas e Alemanha nas semifinais.

O jogo

As duas equipes começaram o jogo com as formações que venceram na semifinal. Ou seja, força máxima para a grande final. A Espanha conseguiu impor seu jogo de controle da posse de bola e até chegou ao gol, mas não conseguiu marcar uma vez sequer. Do lado holandês foram nove chutes sem efeito. Então tivemos uma final com uma Espanha tocando bola rapidamente contra uma Holanda fatal no contra-ataque.

Não… não foi bem assim.

O primeiro tempo começou e logo aos 4′ Xavi cobrou uma na cabeça de Sergio Ramos, que, da marca do pênalti, obrigou Stekelenburg a fazer grande defesa. Aos 10′ Iniesta achou Sérgio Ramos que entrou na área, pedalou para cima de Kuyt e bateu cruzado, mas Heitinga tirou perto da linha. Um minuto depois, em novo cruzamento da direita, David Villa pegou de primeira de canhota e acertou a rede por fora.

O jogo arrefeceu, mas os ânimos estavam um pouco altos. O juiz começou a distribuir cartões para tentar controlar um pouco a situação. Aos 34′ um momento curioso: um lance inusitado quase resultou em gol para a Holanda. Após o jogo parar para atendimento médico, Heitinga resolveu devolver a bola para Espanha e chutou, do seu campo, em direção a Casillas. A bola quicou na frente do goleiro, que teve que se esticar para tocar nela e colocar para escanteio.

Aos 36′ a bola chegou a Mathijsen, mas o zagueiro furou feio e desperdiçou boa oportunidade. Aos 45′, mais uma boa troca de passes e Robben, do bico direito da área, arriscou e acertou o cantinho esquerdo de Casillas, que conseguiu salvar em boa defesa. E com isso chegamos ao final do primeiro tempo com o jogo em 0x0.

O segundo tempo começou e as equipes vieram sem alterações. E logo aos 47′ a Espanha tentou sua famosa jogada de escanteio. Xavi cruzou, Puyol subiu e encostou de leve na bola, mas Capdevila furou na pequena área. A Holanda postou-se em campo para tentar o contra-ataque. Mas a Espanha continuou perigosa. Aos 54′ a bola passou rente ao travessão. E foi só aos 63′ que surgiu a primeira substituição no jogo, com Pedro saindo para o lugar de Navas.

Logo na sequência, Sneijder deu o ar da graça. acertou um lançamento perfeito para Robben entre dois zagueiros espanhóis. O atacante do Bayern de Munique invadiu a área, cara a cara com Casillas, e chutou, mas a bola bateu no pé do goleiro e foi para escanteio.

Aos 69′ foi a vez da Espanha. Navas cruzou da direita rasteiro, Heitinga cortou mal, e a bola ficou com Villa, na pequena área, mas o chute bateu na zaga e foi para escanteio, por cima. Aos 76′ Xavi bateu cruzamento na cabeça de Sergio Ramos, que, livre e de cara para Stekelenburg, concluiu para fora. Aos 83′ Robben ganhou de Puyol na corrida, mas Casillas saiu bem e evitou o drible, e o holandês reclamou de forma acintosa de falta do zagueiro. Levou um amarelo por reclamação. O jogo chegou ao seu final no tempo regulamentar em 0x0. Teríamos prorrogação.

Prorrogação

Tal como terminou o segundo tempo, a prorrogação também teve muitos lances desperdiçados. Fabregas, que substituiu Xabi Alonso no finalzinho do tempo normal, recebeu ótimo passe de Iniesta e chutou para defesa salvadora de Stekelenburg com o pé. No lance seguinte, foi a vez da Holanda: Casillas saiu mal do gol em cobrança de escanteio, e Mathijsen não aproveitou, cabeceando para fora.

Iniesta tentou um drible em vez de um chute e perdeu boa chance. Jesus Navas preferiu o caminho oposto e concluiu mesmo com Van Bronckhorst  à sua frente. A bola bateu nele e na rede pelo lado de fora. A Holanda finalmente mexeu no time e colocou Van der Vaart e Braafheid nos lugares de De Jong e Van Bronckhorst. Pela Espanha, Villa saiu para dar lugar a Fernando Torres. E na sequência, Heitinga foi expulso após levar o segundo cartão por cometer falta em Iniesta.

O jogo estava tenso. mas aos 115′ finalmente saiu o gol. Começou com jogada valente de Jesus Navas, que correu em direção ao ataque, teve sequência com troca de passes, até Fabregas dar a assistência para Iniesta chutar cruzado. No placar, Holanda 0x1 Espanha. E muito pouco tempo para tentar reverter esta história.

Mas a história não mudou. A prorrogação chegou ao seu final e com isso surgiu um novo campeão mundial na história. A Espanha que sempre tinha a fama de amarelar em grandes torneio finalmente conquistava o mundo.

Resumo do Jogo

• Holanda 0x1 Espanha (após prorrogação) – Soccer City Stadium, Joanesburgo – 11/07/2010 – 15h30 (Brasília)
• Seleção da Holanda: Stekelenburg, Van der Wiel, Heitinga, Mathijsen e Van Bronckhorst (Braafheid); Van Bommel, De Jong (Van der Vaart) e Sneijder; Kuyt (Elia), Van Persie e Robben. Técnico: Bert van Marwijk.
• Seleção da Espanha: Casillas, Sergio Ramos, Piqué, Puyol e Capdevila; Xabi Alonso (Fabregas), Busquets, Xavi e Iniesta; Villa (Torres) e Pedro (Jesus Navas). Técnico: Vicente Del Bosque.
• Árbitro:  Howard Webb; Auxiliares: Darren Cann e Michael Mullarkey
• Gols: Iniesta aos 115′.
• Cartões Amarelos: Van Persie, Van Bommel, De Jong, Van Bronckhorst, Heitinga, Robben, Van der Wiel, Mathijsen (Holanda); Puyol, Sergio Ramos, Capdevila, Iniesta, Xavi (Espanha).
• Cartão Vermelho: Heitinga
• Público: 84.490
• Confira os melhores momentos do jogo no canal oficial da FIFA no YouTube.