Item essencial para qualquer configuração desktop, um monitor de vídeo precisa ser dimensionado adequadamente de modo a atender as necessidades do utilizador. Pretende ou precisa comprar um monitor? Afinal de contas, o que é preciso saber sobre monitores?
A evolução dos monitores
Computadores pessoais sempre trouxeram um monitor de vídeo como interface básica de comunicação do sistema com o usuário. Ok… na época do pioneiro Altair 8800, os leds faziam esta comunicação. Mas a partir daí, o monitor tornou-se onipresente em qualquer PC.
Os primeiros monitores eram simplificações de aparelhos de TV. Por conta da tecnologia disponível, os primeiros monitores (chamados de CRT, derivado da expressão em inglês para Tubo de Raios Catódicos) eram monocromáticos com um revestimento de fósforo. As cores mais comuns eram os monitores de fósforo verde e âmbar.
De uma cor para várias cores
Logo após o surgimento dos primeiros monitores monocromáticos, surgiram as primeiras especificações para monitores em cores… padrões como CGA, EGA, VGA e SVGA dominaram o mercado na década de 80.
Do tubo CRT para o painel LCD
Na década de 90 o monitor típico de um sistema doméstico era um monitor SVGA com 14 ou 15 polegadas. Sistemas mais robustos utilizavam monitores com 17 ou 19 polegadas e eram dotados de tela plana. Apesar de eficientes para a época, eles eram pesados, grandes e com consumo de energia alto (comparativamente).
Nesta época começaram a surgir os primeiros painéis LCD. Em contraste com os monitores CRT, eles eram leves, ocupavam menos espaço e consumiam menos energia. Mas eram caros… só depois de um bom tempo é que o barateamento da tecnologia tornou os CRT obsoletos.
Do painel LCD para o painel LED, OLED, e outros “LED’s”
Chegamos num ponto onde o que vimos foi a migração de tecnologia. O LCD deu lugar aos monitores de LED: mais finos, mais econômicos e com maior acuidade visual. No meio do caminho também temos a tecnologia de plasma, mas esta ficou restrita a painéis grandes, normalmente para televisores.
Em geral, não importa o fabricante, o preço ou o modelo… o que temos à disposição no mercado são monitores formados por painéis LED e suas tecnologias derivadas como o OLED, AMOLED, IPS e outros… não é escopo deste artigo explicar minuciosamente estas tecnologias. Quem sabe no futuro?
Ok… vou comprar um monitor… o que preciso saber?
A escolha de um monitor deve recair sobre alguns critérios práticos. A principal pergunta a ser feita antes da compra é simples:
Qual será a aplicação para o monitor?
Saber a aplicação é importante porque isto determina outra questão: o tipo de usuário. Lembre-se que o utilizador pode ser um usuário doméstico que acessa programas como Word, Excel, navega pela internet, consome algum tipo de mídia (YouTube, Netflix ou similares).
Ou então pode ser um usuário gamer que precisa que seu monitor seja rápido o suficiente para jogos de ação.
Quem sabe ainda, temos um usuário profissional de mídia que precisa que seu monitor reproduza fielmente cores, sem distorções?
Já deu para perceber que a escolha do monitor deve ser avaliada considerando o tipo de utilizador. Que para nosso artigo pode ser resumido em: casual, gamer e profissional.
Características Técnicas
Depois que determinamos o tipo de utilizador, precisamos observar as características técnicas dos aparelhos. São parâmetros que definem o monitor por si só. E neste caso, temos: tamanho da tela, resolução, densidade do painel, tipo de painel, taxa de atualização, tempo de resposta, tecnologias de sincronização, compatibilidade com dispositivos (consoles, celulares, laptops e desktops) e conectividade.
Explicar detalhadamente cada um destes parâmetros geraria um texto longo demais. Posso eventualmente abordar isto em outras publicações, mas hoje, vou me ater a descrever de modo resumido cada uma delas.
Tamanho da Tela
Normalmente expresso em polegadas, a medida do tamanho dela é feita na diagonal do painel do monitor, conforme a imagem a seguir:
Os tamanhos mais comuns no mercado nacional são 21″, 23″, 24″ e 27″. Mas temos valores intermediários entre 18,5″ e 40″. No Brasil, os tamanhos mais comuns são aqueles entre 21″ e 24″.
Usuários casuais podem ser atendidos tranquilamente com monitores entre 21″ e 24″. Já os gamers usam mais comumente variações entre 24″ e 27″ e usuários profissionais devem pensar em painéis de tamanho superior à 27″.
Resolução de Tela
Muita gente confunde resolução de tela com tamanho de tela. Para não confundir mais: a resolução da tela é a expressão da quantidade de pontos que o painel exibe. Normalmente a resolução é expressa na relação horizontal x vertical em pixels.
As resoluções mais comuns são 1366 x 768 (WXGA), 1920 x 1080 (Full HD) e 3840 x 2160 (4K). Claro que quanto mais pontos, melhor. Mas nem sempre esta relação é viável, pois painéis com tamanhos reduzidos (digamos… 21″) dificilmente será encontrado com resolução nativa 4K. Um painel de 18,5″ então nem se fala…
Com isso, podemos estabelecer uma relação entre o tamanho do painel e sua resolução mais adequada, conforme a tabela a seguir:
A tabela em questão é de ordem prática. Porque quanto maior a tela para uma mesma resolução, os pixels ficam maiores (na tela), o que pode ficar estranho em monitores grandes com baixa resolução (a imagem começa a “borrar”). Então, se a opção de tamanho for um monitor de 21″, é mais coerente que sua resolução base seja Full HD, enquanto que um monitor de 27″ tenha resolução 4K.
Densidade do painel
A densidade do painel é o parâmetro que informa quantos pixels são exibidos em um área determinada do monitor (a medida padrão é 1 polegada quadrada ou, no inglês, square inch).
Você não precisa fazer as contas pois normalmente isso vem informado nas especificações técnicas. O parâmetro é muito mais importante em telas de celulares. Pois valores altos mostram telas com imagens mais homogêneas.
Apenas para efeito de comparação, um monitor de 21″ com resolução Full HD tem um densidade aproximada de 102 ppi (pixels por polegada quadrada), enquanto um painel de mesmo tamanho tem uma densidade aproximada de 73 ppi.
Como se trata de uma relação matemática entre a resolução e o tamanho, monitores de maiores medidas poderão ter densidades diferentes.
Potência não é nada sem controle
Antes que você determine que a melhor escolha é um monitor com as maiores configurações, vamos com calma. Lembre-se que para o monitor poder gerar imagens nestes valores, o seu computador deverá ter uma placa de vídeo com poder de fogo suficiente para tanto.
Para o utilizador casual, isto não é um grande problema, já que até mesmo as configurações mais modestas conseguem atingir a resolução 4K. Mas para um utilizador gamer ou profissional, a coisa muda de figura.
Quanto mais pontos na tela, mais memória de vídeo e poder de processamento a placa de vídeo do seu sistema deve ter. O assunto das placas fica para outro artigo. Mas leve isso em consideração: não adianta ter o melhor monitor se o controlador de vídeo do seu computador não for dimensionado para isso.
Proporções de Tela
Ainda sobre as dimensões das telas, temos a questão da proporção que nada mais é que a relação entre largura e altura. Monitores antigos utilizam a proporção 4:3 (também chamada letterbox). Os monitores Full HD e 4K utilizam a proporção 16:9 e suas variações (como a 16:10) e este hoje é a proporção mais comum (chamada de Widescreen). Curiosamente, o 8K resgata a proporção 4:3.
Entre tantas opções ainda temos um widescreen “esticado” chamado Ultra Wide que tem uma proporção 21:9 e normalmente tem mais pixels na sua dimensão horizontal.
Vamos resumir esta sopa de letrinhas?
A escolha da proporção para maioria dos casos será a 16:9. Talvez os gamers e os profissionais de mídia tenham melhores resultados com a proporção 21:9, já que proporcionalmente, terão mais tela disponível. A proporção 4:3 fica restrita aos monitores SVGA muito antigos ou então aos novíssimos 8K que estão aportando agora.
Em tempo… monitores Ultrawide são encontrados em tamanhos a partir de 25″ aqui no Brasil. E honestamente, não faz muito sentido tamanhos menores que este para esta proporção de tela. Outra questão sobre eles é que – apesar de ser uma ótima escolha para gamers, lembre-se que os consoles não dão suporte a esta proporção. Então, se a ideia é comprar um monitor para usar com um console, procure por um na proporção 16:9.
Tempo de resposta
Esse parâmetro indica quanto tempo o monitor leva para que um pixel seja ativado (ou seja, ir do preto ao branco). Ou seja, é a medida do intervalo que um monitor leva para mudar suas cores. Este tempo é medido em milissegundos (ms).
Para atividades cotidianas de um usuário casual (ler e-mails, redigir um texto, ver um vídeo no YouTube) esse é um parâmetro que não importa muito, desde que o valor esteja abaixo dos 10 ms. Tipicamente, os monitores mais comuns hoje trazem um tempo de resposta na casa dos 5 ms.
Já para o usuário gamer ou profissional, isso é diferente. No caso dos jogos (ainda mais em um cenário competitivo), ter a informação na tela do modo mais rápido e preciso conta e conta muito. Assim, tempos abaixo de 2 ms são desejados para estes usuários.
Taxa de atualização
Aqui está um parâmetro que é mais interessante para gamers. Muita gente confunde com o tempo de resposta, mas aqui estamos avaliando o tempo que o monitor leva para atualizar a informação da tela, trocando de uma imagem para outra.
Trocando em miúdos, é um parâmetro que faz sentido para imagens dinâmicas como jogos e vídeos. Quanto maior, melhor a aparência da imagem na tela.
É uma medida de frequência e portanto, expressa em Hertz (unidade específica para frequência). Quanto maior, melhor… mas de novo, o seu computador precisa ser capaz de provisionar a imagem numa frequência equivalente.
Tipicamente, monitores comuns trazem a frequência de 60 Hz, sendo que alguns mais premium trazem a capacidade de gerar imagens em 75 ou 85 Hz. São melhores pois são menos cansativos para a visão do utilizador.
No caso dos usuários gamers, de novo quanto maior, melhor. Mas lembre-se da regra de ouro: seu computador deve ser capaz de gerar a imagem naquela frequência. Não é incomum encontrarmos monitores chamados de gamers com frequências de 120, 144 e até mesmo 240 Hz.
Tipo de painel
Aqui está uma característica que impacta no preço final do monitor. Temos dois tipos principais. Painéis TN (Twisted Nematic) e painéis IPS (In Plane Switch). Outra tecnologia são os painéis VA (Vertical Alignment) que são um intermediário entre os painéis TN e os painéis IPS.
Temos ainda os painéis AMOLED, mas seus custos são extremamente proibitivos para monitores. Normalmente encontraremos o AMOLED na tela de celulares ou televisores de última geração.
Monitores com painel TN são mais baratos, mas a contrapartida é que seu ângulo de visão ideal é restrito à uma posição mais centralizada, sendo que ele perde qualidade de imagem em visões mais laterais. O mesmo efeito não se observa num painel IPS. A contrapartida é seu maior custo.
Uma vantagem do TN sobre o IPS é o seu tempo de resposta. Normalmente estes painéis apresentam tempo mais rápido sobre os IPS. Então muitos gamers preferem este painel.
Na prática, um usuário comum poderá ser bem atendido com um painel TN, valendo o mesmo para um usuário gamer (afinal, este tipo de painel tem tempo de resposta melhor). No entanto, usuários profissionais precisam avaliar suas necessidades específicas para optar entre IPS ou AMOLED.
Uma dica extremamente prática: precisa de fidelidade de cores? Painéis IPS.
Tecnologias de sincronização
Outra característica voltada para quem pretende fazer uso do monitor para jogos em alta performance. Empresas que produzem controladoras de vídeo, em especial a NVidia e a AMD possuem tecnologias que melhoram a sincronização entre monitores e suas controladoras. No caso da Nvidia temos o GSync e para a AMD temos o FreeSync.
Dificilmente um monitor trará as duas tecnologias embarcadas, por isso é importante que você verifique qual é o seu adaptador para depois optar por um ou outro modelo que contenha a tecnologia.
Você encontrará esta tecnologia embarcada em monitores gamers. Se você é o nosso usuário casual, não se preocupe muito com isso.
Conexões
Por fim, devemos levar em consideração qual o tipo de conexão que o monitor possui. A conexão entre computador e monitor foi evoluindo com o tempo e hoje, conexões como Display Port são ideias para conectar o monitor ao computador (como o próprio nome já diz).
Para casos específicos, você pode lançar mão de adaptadores que permitirão a utilização de um monitor mais moderno em um sistema mais antigo (ou o inverso). Mas lembre-se que não há milagres. Uma imagem gerada em DSUB nunca será superior a imagem HDMI.
O quadro a seguir apresenta as principais conexões disponíveis e seus respectivos conectores.
Monitores normalmente trazem uma combinação de portas, sendo que para monitores mais básicos, o mais comum é encontrar uma conexão HDMI e uma VGA. Monitores mais profissionais vão priorizar as conexões HDMI ou Display Port. Se você vai jogar muito… HDMI ou Display Port são as escolhas mais lógicas.
Aspectos estéticos
Não dá pra abordar todas as soluções de design existentes que os fabricantes apresentam por aí. Mas é legal lembrar que existem soluções bacanas para fixação e sustentação do painel, conexões para áudio e integração para dados.
É o tipo de discussão que fica melhor na análise de um dispositivo específico. Em breve, novidades sobre isso por aqui.
E a questão do preço?
Este é outro ponto complicado e delicado. Dependendo do que você necessita, o preço obviamente irá variar. Não dá para estabelecer um critério específico.
Dá pra resumir?
Dá sim! É possível fazer é apresentar um perfil mais ou menos prático do que você precisa buscar nas especificações do monitor.
Claro que não abordamos todas as características técnicas e algumas exceções foram ignoradas por aqui. Mas é um bom começo para que você possa comprar um novo monitor.
Ainda está com dúvidas? Tem outras perguntas? Entre em contato… deixe seu comentário. Em breve, mais novidades por aqui na nossa Tech Friday.
Até a próxima!