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Eleições e outras mumunhas

Neste último domingo foram realizadas eleições municipais. Novos prefeitos, antigos prefeitos, vereadores e a triste realidade de sempre… Evitei ao máximo opinar ou mesmo apresentar minha opção por aqui. Motivo simples: eu não conseguia enxergar um candidato alinhado totalmente com minhas ideias. No final das contas, apenas votei na opção que para mim, será a menos pior.

Trabalhando na eleição

Primeiro gostaria de falar um pouco sobre o trabalho na eleição. Sim… eu já trabalhei em eleições como mesário. Muitas vezes. Tirei meu título pouco antes dos 18 anos, logo quando liberaram o direito ao voto para maiores de 16 anos. E com isso fui convocado para trabalhar em todas as eleições entre 1992 e 2004. Foram sete eleições sem contar os turnos. Tive que ir ao cartório pedir que parassem de me chamar, porque sinceramente, isso é um saco.

Já trabalhei muito como mesário… não que faça diferença, mas em 7 eleições nunca fui presidente de seção

Como funcionário público eu fui compulsoriamente conduzido a uma função de apoio durante o horário de votação. Basicamente o que fiz foi indicar aos eleitores mais desavisados os seus respectivos locais de votação, ou então onde deveriam justificar a ausência em seu domicílio eleitoral e coisas similares. Não é um trabalho que requer uma grande preparação, mas é algo cansativo. Afinal de contas, fiquei o dia inteiro fazendo isso.

Como “recompensa” a possibilidade de folgas (na proporção de 2 folgas para cada dia trabalhado). Na verdade, é um presente de grego. Estas folgas são descontáveis para contabilização de vantagens como adicionais de serviço, licenças-prêmio, bônus. Se por um lado temos o dia de folga, esta folga pesa no bolso posteriormente…

Pelo menos garantiu sua folga

Mas o que me incomodou mesmo foi ver o descaso de alguns que trabalharam como mesários. Alguns chegaram atrasados… bem atrasados. O caso mais gritante foi o do presidente de seção que chegou depois das 10h da manhã. Quando encerrou a votação, sua seção foi a primeira a empacotar, urna, relatórios, atas, etc. Na hora da conferência das informações pelos funcionários do cartório, o óbvio: tudo estava errado. E o cidadão teve que refazer o processo de encerramento pelo menos por 4 vezes. Lamentável.

Não sei qual a justificativa do cidadão, mas vi que ele ao deixar o local simplesmente comentou: “Perdi meu tempo nesta merda, perdi meu domingo, mas pelo menos garanti minha folga no trampo. Semaninha básica na praia…”.

Imagino que não exista outra alternativa, afinal são muitas urnas, seções, eleitores. Infelizmente o processo está sujeito a comportar tipos como este. Mas o pior problema não é quem controla a urna e sim naqueles que recebem o voto. E este é o meu próximo assunto.

Os sobreviventes da eleição

Em relação aos resultados da eleição, as coisas foram interessantes aqui em São Paulo. Celso Russomano era tido como figura certa no segundo turno. Foi o retrato fiel do cavalo paraguaio pois literalmente desidratou nas pesquisas eleitorais. Outra coisa que me assustou: a força do Lula. O Haddad não era nada, não tinha nenhuma expressão política, fez um monte de besteiras no MEC, sucateou o ensino superior, transformando em apenas um bom negócio para a iniciativa privada e ainda assim, chegou ao segundo turno.

Russomano desidratou, Chalita nunca teve chance, restaram Serra e Haddad para o segundo turno

O candidato Serra mostrou alguma força também. A questão é se terá fôlego para sustentar sua campanha contra o PT e sua máquina eleitoreira. Lula assumiu o papel desprezível de cabo eleitoral e provavelmente Chalita e Russomano (que pertencem a partidos da base política do governo) provavelmente farão o mesmo.

Será que todos esquecerão que o Sr. Celso Russomano afirmou categoricamente que o Sr. Haddad era um mentiroso (a frase é do Russomano, não é minha). Será que todos esquecerão que o Sr. Chalita disse que a briga entre PT e PSDB era desastrosa para São Paulo e que agora ele vai entrar em um dos lados da briga?

Já para vereador, temos a velha briga de sempre: nomes tradicionais garantindo votos para si e para os coleguinhas de coligação, nomes que usam seus currais eleitorais para conseguir sua eleição, nomes que misturam fé com política para criar uma bancada religiosa. Desta vez, Ricardo Tripoli (PV), Andrea Matarazzo (PSDB) e Antonio Goulart (PSD) foram os três mais votados.

Foram eleitos (ou reeleitos) os vereadores também… Tripoli, Matarazzo e Goulart foram os três mais votados

E o segundo turno?

Será uma eleição onde teremos mais do mesmo… Não importa quem vença, todos já perdemos alguma coisa. Quanto à José Serra, ele teve uma boa atuação quando ministro da saúde (ele também foi ministro do planejamento) e foi bem também no Senado Federal, mas pesa contra ele ter largado a prefeitura em 2006 para disputar a eleição para governador. Sua gestão enquanto governador também deixou a desejar em alguns pontos, e as greves nas universidades em 2007 e da Polícia Civil em 2008 são alguns pontos a se considerar.

Haddad trabalhou na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy e também assessor no ministério do planejamento em 2003. No ano seguinte, Tarso Genro o indicou para ser secretário-executivo no ministério da educação. Foi ministro da educação entre 2005 e 2012 numa gestão desastrosa – principalmente em relação ao ENEM – e de lá saiu para disputar esta eleição por indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Votarei no Serra… mas não porque acredito que ele será a solução. Apenas porque, das opções disponíveis, ele é a opção menos inviável e que menos trará problemas para a cidade.

Que venha o segundo turno…

Publicado em:Opinião,Pitacos na Política

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