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O ranço ideológico de Lula

Por ocasião da eleição presidencial de 2022, publiquei um texto sobre a eleição de Luiz Inácio e suas repercussões para o país. Então, antes de começarmos, melhor tirar o elefante da sala: sim, eu votei em Lula na última eleição. Naquela ocasião dentre todas as opções disponíveis (inclusive a opção de se omitir e votar em branco), votar em Luiz Inácio me pareceu o mais sensato, diante do caos social que se instalava por aqui. Ainda desejei boa sorte e torci para que ele tivesse sabedoria em suas escolhas… Mas depois de pouco mais de um ano, eu ainda mantenho a opinião de que meu voto foi uma decisão acertada… mas… puxa vida.. o ranço ideológico de Lula insiste em mostrar toda sua imbecilidade política.

O “bom” e velho Lulopetismo

Em minhas opiniões políticas, eu sempre rebati o ideal lulopetista pois tenho para mim que suas propostas para o Brasil pouco contribuem para um país melhor. Suas medidas populistas e demagógicas sempre foram alvo de críticas de minha parte. Isso não mudou. Entretanto, na disputa presidencial de 2022, tínhamos outro imbecil na disputa. Então a escolha do meu voto foi para causar o “mal menor”. Sobrevivemos a 14 anos do governo de Lula (8 anos com ele na cadeira e mais 6 com sua fantoche criada para dar ao velho caudilho, uma nuance democrática). Entre um protofascista que vivia vomitando “quem manda aqui sou eu” e um caudilho petista… votei no caudilho petista.

Oras… sobrevivemos ao Sarney, ao Collor, à Dilma, ao Temer… pelo menos com o Lula na cadeira, os ânimos poderiam ser serenados e com isso teríamos um pouco mais de tempo para buscar melhores alternativas em 2026. E foi acreditando nisso que eu votei nele.

Pois bem, o primeiro ano do governo lulopetista já se passou… em pauta a velha demagogia de “governar para os pobres”, além da narrativa da “reconstrução do Brasil”. Nenhuma delas colou… primeiro porque o velho caudilho não conta com apoio maciço no Congresso. A governabilidade dele só existe por conta das ínumeras concessões feitas ao nosso Centrão… coisa que Jair Messias também fazia. E provavelmente qualquer um que seja presidente terá que fazer.

Pra muita gente, parece que o governo avança em setores da economia, saúde, educação… mas não. O que vimos até o momento foi apenas um governo “a toque de caixa”. Lula não consegue nem mesmo se entender com seus subordinados… o melhor exemplo talvez seja o ministro Fernando Haddad que tenta equilibrar as contas do do governo com os anseios demagógicos do seu chefe… Pior ainda ficou para a ministra Simone Tebet, que de protagonista na eleição desapareceu em meio a burocracia do Ministério do Planejamento. E isso o lulopetismo sempre fez muito bem… silenciar quem eventualmente pode ser um forte adversário no futuro.

Também não tivemos grandes avanços na educação ou mesmo na saúde. Ou seja, o governo não desandou… mas também não andou. Aliás, colocar Flávio Dino no supremo pode ser bom para garantir maioria no STF, mas ao mesmo tempo tira a idoneidade do tribunal ao levar um político de carreira para dentro do plenário. A impressão que eu tenho é que Dino não será um ministro, apenas um preposto judicial de Luiz Inácio dentro do STF. Assim como foi o advogado Dias Toffoli ao final do segundo mandato de Lula. Ah sim… para o Ministério da Justiça, de novo na melhor tradição lulopetista, temos Ricardo Lewandowski. Ex-ministro do STF que foi indicado por quem? Pois é… por Lula.

E não vamos esquecer dela… Janja, a ASPONE do planalto. Adora dar palpite em tudo e vislumbra que sua posição de primeira-dama seja um cargo político. E ela aproveita para dar uma renovada na mobília do Alvorada… Duzentos mil reais em móveis novos, 114 mil reais num tapete… mais R$ 65 mil num sofá… hospedagem em hotéis cinco estrelas com diárias que podem chegar a R$ 80 mil durante suas viagens.

Ou seja… o que Lula fez até o momento foi aparelhar – de uma forma muito mais discreta (ou menos divulgada pela mídia) que seu antecessor – seu governo, garantindo que seus aliados estejam em todas as intâncias possíveis. Governar o país ficou em segundo plano.

Entra em cena o revanchismo político

O mote de “governo da reconstrução” pode enganar alguns incautos. Mas a verdade é que aos poucos o velho caudilho petista mostra que ele não se esqueceu que foi julgado, condenado e preso por suas ações – digamos – questionáveis em suas administrações anteriores. Ele não foi inocentado das acusações, mas foi beneficiado pela fragilidade com que seus acusadores conduziram o processo, permitindo a anulação de suas condenações.

E então, movido por um senso incomum de revanchismo, ele tratou de colocar uma verdadeira caça às bruxas contra seus desafetos políticos e tratou de garantir que seu rival Bolsonaro estará fora do páreo nas próximas eleições, assim como foi feito com ele em 2018. Ok… Bolsonaro também não é flor que se cheire e ainda bem que ele está fora do páreo. Mas é notório que antes de governar, Lula buscou vingança. Bolsonaro foi excluído da próxima eleição, Moro corre sério risco de perder seu mandato e Dallagnol já foi defenestrado de suas aspirações políticas.

Lula deveria lembrar que no momento ele não é militante partidário, mas sim o chefe do executivo. Cabe a ele a decisão de dirigir o país e negociar com todos os setores políticos, sejam aliados ou adversários, soluções para os problemas do Brasil. Em seu discurso de posse ele recorreu a metáfora da família brasileira, pregando que “A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras”.

Parece que por suas ações, ele mostra que continua apegado aos ideais praticados pelo lulopetismo que ele mesmo ajudou a construir. Suas declarações carregadas de clichês esquerdistas não trazem a insegurança social que Jair Messias provocava em seu discurso do “nós contra eles”. Mas criam a sensação de que ele voltou apenas para consolidar o seu ideal político partidário. E um presidente de um país precisa entender que ele governa para além do seu partido político.

Lula e as aulas de história

Mas o que me motivou a escrever este texto não foram os desmandos de seu governo. Eu realmente gostaria de me afastar um pouco da política e resisti bravamente a isso. Não me manifestei quando ele disse que o impeachment de Dilma Roussef foi um golpe de estado. Preferi não opinar quando ele reforçou que o BNDES deve voltar a financiar os regimes amigos. Achei melhor não polemizar quando ele deu uma “passada de pano” nos regimes autoritários de esquerda da América Latina, com especial destaque para a Venezuela de Maduro. Eu me segurei para não chamá-lo de irresponsável quando ele criticou a responsabilidade fiscal do governo, quando chamou de “bobagem” a autonomia do Banco Central e quando ele acenou com uma meta inflacionária mais alta do que a atual.

Isso sem contar outros pequenos gestos, como a criação da tal “Procuradoria da Defesa da Democracia”, a sugestão de aumento do gasto público, a defesa da criação de uma moeda comum com a Argentina, a critica ao empresariado brasileiro, além do inchaço ministerial. Não perca a conta… atualmente são 37 pastas, com 31 ministérios e 6 órgãos com status ministerial.

E agora, parece que Lula deu mostras de não conhecer a história do mundo. O que talvez seja natural para alguém que teve uma formação escolar precária como a que ele teve. Mas estamos falando de um Presidente da República. De alguém que mesmo sem uma formação escolar tradicional deveria ao menos ter noção do seu tempo e do mundo em que vive.

Os terroristas do Hamas

Sim… sem entrelinhas ou meias palavras… estamos falando de um grupo terrorista radical islâmico que promoveu um ataque terrorista em Israel em outubro de 2023. Além de assumir a autoria do ataque, o grupo afirmou que seria o início de uma ação para a tomada de território. O Hamas não reconhece o estado de Israel e reinvidica o território israelense para a Palestina.

Os terroristas invadiram a região de Gaza controlada por Israel e promoveram uma bárbarie. Sequestraram cerca de 240 pessoas e assassinaram mais 1200. Israel então contra-atacou e declarou guerra ao grupo terrorista. A briga lá é antiga e remonta a criação do estado judeu há mais de 70 anos. É bom lembrar que na época foi proposta a criação de um estado judeu e um estado árabe. Mas os árabes não aceitaram o acordo, alegando que as terras ofertadas tinham menos recursos. Isso aliás, gerou uma guerra em 1948. Depois veio a guerra dos seis dias em 1967 e em 1987 veio a Intifada… a briga é velha e parece que não terminará tão cedo. Por lá, vive-se um impasse. Ao que parece o Hamas mantém reféns e se esconde em hospitais e outros agrupamentos civis usando como um verdadeiro escudo humano. Muitos países pedem um cessar-fogo e um corredor humanitário. Mas parece que nenhum dos lados pretende ceder.

Aí… nosso caudilho resolveu dar palpite num conflito em que o Brasil não tem nenhuma relevância prática. Sobre o pretexto de transformar o Brasil num protagonista mundial na geopolítica que só existe na cabeça de Luiz Inácio, ele resolveu se intrometer na questão do Oriente Médio. Ao invés de se portar como um estadista, buscando o diálogo entre os envolvidos e talvez funcionando como uma nação soberana que eventualmente poderia atuar na questão humanitária do conflito, o presidente resolveu tomar partido… e pior, do lado errado.

Durante uma entrevista concedida durante a cúpula anual da União Africana em Adis Abeba na Etiópia, o presidente criticou a operação israelense contra o Hamas e fez uma comparação – para dizer o mínimo – infeliz entre a morte de palestinos e o extermínio de judeus feitos por Adolf Hitler e o regime nazista, durante a segunda guerra mundial.

“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus (…), não é uma guerra, é um genocídio.”

Luiz Inácio, caudilho petista

A imbecilidade de Lula

Esta declaração só coroou a posição do lulopetismo ao longo do conflito. Logo após os ataques, o governo se esquivou e não falou em ato terrorista, mas sim em “escalada da violência entre palestinos e israelenses”. Posteriormente, a presidente do partido do Lula… isto é, dos “Trabalhadores” divulgou nota afirmando que um genocídio estava em curso na Faixa de Gaza, falando apenas dos ataques israelenses, mas em nenhum momento citou os atos palestinos. Depois, veio o Paulo Pimenta do Secom (Secretaria de Comunicação Social), que em entrevista a um programa de TV relativizou o “terrorismo” do Hamas, citando que até Nelson Mandela já foi acusado de terrorismo.

E é claro que a declaração do presidente pegou mal em qualquer pessoa que conheça um mínimo de história. Estamos falando de um regime que criou uma política de estado para exterminar um povo… campos de concentração, guetos, câmaras de gás, extermínio em massa. O que Luiz Inácio falou chega a ser ofensivo a todos que perderam familiares em campos de extermínio e conseguiram sobreviver às atrocidades nazistas.

O Brasil enquanto estado participante da ONU e membro do conselho de segurança precisa é claro se manifestar em torno das questões mundiais. Mas como “estado”, como nação e não como a lógica lulopetista pensa que o mundo deve ser. Diplomacia vai bem e demonstra respeito com as demais nações. Israel é um estado soberano constituído. O Hamas é um grupo terrorista. A lógica de tudo isso é simples. O presidente até poderia criticar o estado israelense na forma como conduziu a resposta ao ato terrorista. Mas que fizesse isto com respeito e não numa postura quase anti-semita como a do presidente.

O episódio repercutiu pelo mundo. Israel declarou Lula persona non grata até que ele se retrate de suas declarações. No alto de sua arrogância, Luiz Inácio não pretende se desculpar pela imbecilidade que cometeu. Seria esperar demais este ato de grandeza de um pequeno caudilho que ao que parece não voltou à presidência para governar o Brasil. Israel já chamou o Brasil uma vez de “anão diplomático” durante a gestão de Dilma Roussef. Parece que o anão encolheu…

Por sua vez, o gesto de Lula serviu para reacender as paixões bolsonaristas, com direito até mesmo a um pedido de impeachment com a alegação de que o presidente cometeu um crime ao “cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira”. Isso alimentou novamente a extrema direita e tudo que lutamos para serenar os ânimos e acalmar a polaridade política no país pode ir por água abaixo.

O que resta dizer? Uma fala imbecil… um gesto de imbecilidade cometido por um político retrógado que mostrou que no final das contas, mostrou ser o Lula de sempre. Um caudilho que desconhece a história do mundo que vive, que não entende a diferença entre política partidária e política de estado e demonstra que não tem envergadura moral para ser protagonista ou mediador de qualquer diálogo mais elaborado em âmbito mundial.

Post Scriptum

Como eu disse na época, eu relutei muito em votar no Luiz Inácio na eleição de 2022. Foi um voto pelo “menos pior”, mas eu também disse que não hesitaria em criticar o caudilho barbudo assim que ele fizesse uma merda muito grande, não disse?

Publicado em:Opinião,Pitacos na Política

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