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Mbappé

Foi uma Copa muito divertida.

Russos sabem fazer megaeventos, e por conta das sacudidas que o país levou, o último grande evento que sediaram foram as Olimpíadas de 80. Tanto é que foram ter condições para outra empreitada dessa apenas 34 anos depois, em 2014, nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi – onde a Seleção Brasileira ficou hospedada. A Copa de 2018 foi uma consequência natural, que mostraria o reerguimento da Rússia após a quebra do império soviético.

Uma vez que a Seleção Russa era a pior de todas em termos do Ranking da Fifa – estava em 45º lugar, atrás até da Arábia Saudita, que estava em 43º, o melhor foi capricharem no show. Começaram na revelação do cartaz oficial, desfraldado para o mundo por um astronauta russo, diretamente da estação espacial. Mostrava o lendário goleiro Lev Yashin, pegando uma bola com o mapa do país desenhado. O cartaz remetia ao da Copa de 1930, muito parecido, como uma homenagem. Na abertura, a bola também foi “lançada” da estação espacial, para ser pega por nosso Ronaldo Fenômeno, já no gramado.

Foi a Copa de estreia para Islândia e Panamá. Foi também a Copa que apresentou o VAR ao mundo. Não sabemos se foi uma novidade boa ou ruim. Achamos talvez que seja algo bom, só que mal utilizado. Mas veio para ficar e para ajudar o Flamengo.

Foi uma Copa de vários recordes: o maior número de gols contra (12) – teve até na final. Teve o maior número de pênaltis, 29. O mexicano Gallardo recebeu o cartão amarelo mais rápido das Copas, aos 13 segundos contra a Suécia. Pela primeira vez todas as seleções marcaram no mínimo dois gols. A Alemanha foi eliminada na primeira fase. Seria praga nossa, se nas duas Copas anteriores os atuais campeões também não tivessem caído na primeira fase – a Itália em 2010 e a Espanha em 2014. O egípcio El Haddary se tornou o mais velho jogador numa Copa, com 45 anos e 161 dias no jogo contra a Arábia, onde pegou até pênalti. Cristiano Ronaldo foi o jogador mais velho a fazer três gols em uma partida de Copa. E também um dos quatro atletas a marcar gols em quatro Copas consecutivas, feito conseguido apenas por Uwe Seeler e Klose, ambos alemães, além de Pelé. O francês Didier Deschamps igualou Zagallo e Beckenbauer ao vencer a Copa como treinador, já tendo vencido como jogador.

A Bélgica foi o ataque mais positivo do mundial com 16 gols – dois deles feitos para despachar o Brasil de volta para a casa. Foi uma Copa muito irregular de nossa parte. Não empolgamos nunca com aquele time mediano, com Neymar caindo a cada sopro, se tornando piada mundial.

Teve a Croácia, que deu gosto de ver jogando, apesar daquela camisa horrorosa – mas com todo respeito tinham uma presidente bonita – comandada por Modric, melhor do mundo naquele ano, um camisa 10 raiz, destes que não se fazem mais.

A França veio crescendo e atropelando. Seu ataque tinha o centroavante Giroud, que teve a pachorra de ser o único centroavante titular da história a terminar a Copa sem sequer ter chutado a gol. Mas não fez tanta falta, pois tinham Kylian Mbappé, segundo jogador, depois de Pelé a ser campeão do mundo como titular antes dos vinte anos de idade. Filho de um camaronês e uma argelina, ele tinha a força das arrancadas conjugada com muita habilidade e dribles desconcertantes. Para esta Copa do Catar ele estará mais maduro… ou nem tanto. Está criando confusão com Neymar – sua versão mais velha, no Paris Saint Germain, com a diferença que Neymar não venceu uma Copa. Ainda.

Sim, este Blog acredita na Seleção Brasileira, pelo momento que ela vive e pelo momento que as outras vivem. Pode ser que o time de Mbappé caia ainda na primeira fase, como ocorreu com campeões mundiais nas últimas três Copas conforme dissemos acima. Será uma pena, tomara que ele e companheiros joguem o que sabem. Em nome do bom futebol, seria fantástico ver Kylian Mbappé se provando um fora-de-série e nos surpreendendo. Jogar contra Neymar e Messi ao invés de ter que dividir espaço com eles pode ser o estímulo que faltava.

Pode ser aliás que aconteça um monte de coisas, o que torna o aguardo da Copa do Catar instigante, como ocorreu nas 21 Copas anteriores.

Nós do UBQ estaremos em nossa quarta cobertura, jogo a jogo. Esperamos ter sua atenção.

Por aqui terminamos esta série, as “Crônicas das Copas”. Um trabalho de fôlego, para levantar de forma leve, divertida mas com seriedade, a história de todas as Copas do Mundo. Foram 21 semanas de trabalho, com textos semanais. Agradeço imensamente ao apoio e liberdade editorial recebidos por Ricardo Marques, Editor e Manda-Chuva deste espaço. Se houve atrasos e quebras no cronograma, foram por inteira responsabilidade deste que vos escreve.

Obrigado por nos seguir até aqui. Vamos nos ver de novo na Convocação, onde analisaremos e esculhambaremos (com sobriedade) a lista de Tite. Até lá!

Copa do Mundo de 2018

  • Local : Rússia
  • Período: 14/06/2018 a 15/07/2018
  • Campeão: França; Vice: Croácia
  • Colocação do Brasil: 6º lugar
Publicado em:Crônicas,Entretenimento,Uma Copa Qualquer

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