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Bravo Zulu!

Tem quem ache que não se deve aplaudir a execução do Hino Nacional. Porém não há em nenhuma regulamentação nada que proíba. Na falta de proibição, é lícito que seja permitido. E ponto. Oficiais militares da ativa evitam aplaudir por ser o toque do Hino uma tarefa exercida por bandas marciais, composta por subalternos aos oficiais, como soldados e sargentos. Não impede que Oficiais não possam elogiar o trabalho de quem é mais moderno – “moderno” nas Forças quer dizer quem tem posto ou patente inferiores.

Existe a expressão aceita universalmente, que é “Bravo Zulu”. Vem do alfabeto internacional para escandir as letras do alfabeto, aquele que começa com “alfa, bravo, charlie, delta, echo” e vai até “zulu” para representar a letra Z. Seria algo significando “parabéns para todos”, e até tropas que não são do mesmo país, em ação conjunta, saúdam-se entre si ao final das missões, erguendo as bandeirolas “b” e “z”.

A saudação ao serviço bem feito ou à obrigação, que seja, bem feita, é um ato de solidariedade para com subordinados. E a Seleção de Futebol do Brasil é um patrimônio, sem exagero, mundial. Por isso esperamos que o mínimo que seus jogadores façam seja honrá-la E que seus técnicos sejam dignos comandantes.

São muitas a histórias de brasileiros pelo mundo que tiveram tratamento diferenciado planeta afora, por conta da Seleção. Inclusive a alcunha “Seleção”, sem precisar do complemento “Brasileira”, é aceita no mundo. Na última Copa, o técnico da Bélgica disse após o jogo que ainda não sabia definir a emoção que sentia ao eliminar a “Seleção”. O da Alemanha, em 2014, nos vestiários no intervalo do jogo, quando ainda estava 5×0, alertou aos seus atletas, “respeitem a Seleção”.

É claro que nossa pressão precisa e naturalmente é tensa sobre quem enverga aquela camisa. Eles são a afirmação do Brasil perante ao mundo, nosso ”Soft Power” como os antropólogos gostam de falar. Portanto que façam isso direito. Normal que haja um ranço por falta de títulos. Mas imagina se a gente sofre como a Alemanha, com duas eliminações seguidas na fase de grupos.

Jogamos com a Coreia do Sul como se joga com times frágeis, ainda mais com times frágeis cujo técnico tem um surto psicótico repentino e escancara este time à sanha de um pentacampeão do mundo. Bailamos no primeiro tempo e garantimos no segundo. Foi bom termo-nos poupado para a Croácia, que irá toda escangaiada por conta da epopeia contra os japoneses.

Foi bom ver Neymar concentrado em jogar bola, mesmo Daniel Alves não comprometeu. Bom ver Vinícius Jr achando que está treinando, ainda adolescente, no Ninho do Urubu. Bom ver Alisson em grandes defesas.
Foi bom ver a Seleção Brasileira fazendo dela o que dela se espera. Se foi com uns Kim Ninguém (mas aquele Son joga, viu?) e se o técnico português acordou num dia de Abel Ferreira e viu não os coreanos, mas o imponente alviverde em sua frente, não é problema nosso.

Nosso problema era uma exibição de garbo. Fosse diante de quem fosse. É claro que poderia ser melhor, é claro que não está ganho contra a Croácia – e se engana quem pensa que ela virá com a mesma preguiça que veio contra o Japão, e é mais claro ainda que Messi e Mbappé resolveram começar a encantar a todos.

Mas dentro do que se mostrava, cumprimos nossa missão. Talvez não seja hora de um parabéns efusivo, muito menos de um “já ganhamos”. Mas sempre cabe nessas horas um justíssimo “Bravo Zulu!”

Publicado em:Crônicas,Entretenimento,Uma Copa Qualquer

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