Buenas,
O disco de hoje caiu no meu colo totalmente por acaso, graças ao shuffle do meu sistema de streaming. Quando a música acabou, eu estava boquiaberto, catatônico e simplesmente apaixonado pelo que tinha acabado de ouvir. Peguei o celular e fui atrás daquele bálsamo. Era Lúmen, o EP de 2022 dos cariocas da Menores Atos.
O trio formado por Cyro Sampaio (guitarra e voz), Celso Lehnemann (baixo) e Ricardo Mello (bateria) nos brinda com um álbum introspectivo, reflexivo e calcado em referências da literatura e musicais. Fazendo com que o caleidoscópio sonoro dos cariocas transite entre Platão, Alice in Chains e Deftones, fortalecendo a sua identidade e sua ânsia por novas sonoridades.
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Produzido, mixado e masterizado por Gabriel Zander, a banda ousou fazer um álbum denso, pesado, claustrofóbico, mas ao mesmo tempo, melodioso e extremamente cantarolável. Com baixo e bateria criando uma baita pressão sonora, fazendo a cama perfeita para as guitarras, com quilos de distorção e efeitos muito bem selecionados. Mesmo nos momentos menos soturnos, o instrumental é pesado, mas sem cair no pastiche do metal bruto: é pesado, distorcido, mas extremamente cristalino, moldando uma síntese de todos os sentimentos causados pela mudança do Rio de Janeiro para São Paulo.
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Como se adaptar ao sair de uma cidade solar, para uma cidade cinza sem pirar?
As letras falam muito mais do que sobre a mudança, é sobre crescer, romper a casca que nos cerca, chafurdar na desesperança, e quando tudo parece sombrio, ter a coragem de sair da caverna e se reinventar. O álbum traça um caminho muito visível que vai do desespero à reconquista da esperança. Parafraseando a própria banda: Do breu ao lúmen.
Absurdamente bem feito. Coloque seus fones de ouvido, aumente o volume e boa viagem para dentro de si. Ansioso para vê-los ao vivo. Desde já, prediletíssimos da casa.
Logo menos tem mais.