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Quem fica mais burro?

A revista Veja publicou em em janeiro de 2005 uma edição contendo uma reportagem bastante polêmica. A chamada da reportagem era bem agressiva… “O PT deixou o Brasil mais Burro?”

Capa da revista Veja em edição de janeiro/2005

Eu li o artigo. Não sei que concordo com tudo que está lá, mas também têm coisas que não consigo discordar. Até onde sei, a Veja foi processada pelo PT sob a alegação de que o conteúdo era ofensivo. Será mesmo? Vejamos o que diz parte do artigo:

O grande salto para trás

Depois de tentar oficializar a cultura e coibir a liberdade de imprensa, o governo investe no aparelhamento das agências reguladoras e anuncia uma reforma universitária que agride o bom senso, a economia de mercado e o mérito acadêmico

O presidente Lula fará um favor a seu governo e um bem ao país se der ao projeto de reforma universitária produzido pelo MEC o mesmo destino que deu ao texto original de criação na Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual: a lata do lixo.

(…) A peça constitui talvez o mais frontal ataque à sociedade aberta já tentado por um órgão de governo no Brasil. O documento combina agressões ao bom senso, ao mérito acadêmico, à economia de mercado e à ordem jurídica, com um desprezo solene pela busca do conhecimento e da propriedade privada.

“O conceito de meritocracia, base da produção acadêmica, é massacrado pela proposta petista de reforma”, diz Claudio de Moura Castro, especialista em educação superior.

Bastaria isso para que o projeto fosse rapidamente esquecido. (…)

in Veja, Edição de 26/janeiro/2005

O texto segue falando sobre os desmandos da administração pública do PT e sua tentativa de controlar as agências reguladoras de acordo com suas diretrizes. Fala ainda das cotas raciais, fim dos incentivos para pesquisas (por conta da extinção das fundações de fomento do setor privado)… enfim, uma proposta de reforma que acaba com a mais sagrada conquista acadêmica: o mérito acadêmico.

Em tempo, temos que levar em conta o risco de agressão por conta da forma como publicaram o conteúdo. Em certo ponto da reportagem, veio uma ilustração que sugere nossa involução a partir do modelo defendido pelo governo. E neste ponto, eu discordo (em parte) da reportagem. Uma agência de regulação e fiscalização que tenha independência e faça seu trabalho pautada por princípios republicanos e que funcione como um diligente observador e não como um patrulheiro ideológico pode ser bastante saudável para qualquer área governamental.

Em outro ponto da reportagem, não está claro temos informação e opinião ou apenas pura agressão e ridicularização

É preciso cuidado e respeito ao criticar algo. E isto deve ser feito para não se criar apenas um viés agressivo que preza pela ridicularização. Acho que o caminho não é por aí.

Mas o que poderia ser feito?

Seria mais inteligente e produtivo para o Brasil tratar da universalização da educação básica e torná-la melhor. O PROUNI trouxe a vaga, mas não pagou pelos livros, transporte, alimentação e moradia dos alunos e também não cobrou uma melhor qualidade dos cursos. É uma política temerária que a médio prazo mostrará o quão deficiente serão os profissionais despreparados – ou talvez seja melhor dizer, malformados – que entraram na universidade tão somente porque o governo deu uma “mãozinha”.

Mas um Brasil melhor não é exatamente o que o governo do PT quer… o partido já provou em diferentes situações que quer governar pelo poder, pela teimosia de impor suas ideias e seus ideais, sem direito a discussão. Aceitar o contraditório faz parte do jogo democrático. Entender que simplesmente não dá para tornar a educação um berço para todos, sem melhorar a base da educação é alimentar um problema recorrente.

Durante o governo militar, vivemos uma ditadura de direita. Aí, durante uns vintes anos, entre erros e acertos, vivemos em um estado democrático.

E ao que parece, agora caminhamos para uma ditadura de esquerda. Uma ditadura sem armas, é verdade. Mas de que adianta ter um governo que se diz do povo, não governar para o povo e sim para o partido? Então, afinal de contas, quem é o burro da história? O governo que não consegue criar uma política educacional adequada ou o povo que escolheu o atual governo?

Publicado em:Opinião,Pitacos na Política

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