Ricardo Marques
Confesso que não me lembrava… mas hoje é o dia dos secretário escolar. Isto explica porque uma professora me presenteou hoje com uma caneca térmica. Eu andava me autocensurando por várias razões… mas ontem eu passei mal… muito mal… pressão em 16×10 na diretoria de ensino e depois no hospital estava em 19×11. Então resolvi deixar minha autocensura de lado e desabafar. Não há emprego nem salário que justifique perder minha saúde desta forma. E não acho justo eu sofrer calado e tendo minha saúde debilitada pelo nervoso que alguns fazem eu passar.
Ninguém é melhor do que o outro
O que não é legal em qualquer ambiente de trabalho é o desrespeito. E isto tem sido um dos problemas que tenho enfrentado no meu dia-a-dia. Alguns professores acreditam que o título de professor lhe confere algum grau de superioridade perante os funcionários da secretaria. Acreditam que tem um curso superior e são a autoridade máxima da moral, respeito e conhecimento. Alguns não sabem… mas tenho nível superior também. Aliás, passei por universidades muito respeitadas como USP e UNICAMP.
Nunca acreditei que um diploma da faculdade fosse um instrumento para conferir algum status… mas já que alguns se vangloriam disso, acho necessário dizer que, neste ponto, somos iguais. Frequentei faculdade, congressos, cursos, tenho inglês fluente, um conhecimento de informática avançado, sei utilizar a informática ao meu favor em meu trabalho.
Também ouvi por alguns que eu não tenho ideia do que é estar em uma sala de aula. Ah sim… eu fui instrutor/professor por 8 anos. Também dei aulas. Então por favor, quem ainda acha que porque tem um concurso público (aliás, o que eu também tenho, pois sou funcionário concursado) e uma graduação qualquer, lembre-se desde pequeno detalhe: ninguém é melhor do que ninguém.
Bom, talvez eu esteja um pouco puto…
Perdoem-me… eu realmente estou puto. Fiquei muito feliz com a troca da direção da escola porque eu realmente tinha dificuldades em desempenhar meu trabalho de forma adequada. Eu me inscrevi na remoção para poder ir para alguma escola onde me afastaria daquele modelo de gestão que desaprovo. Acabei ficando porque gosto daquela escola. Gosto de muitas pessoas que lá estão e acredito no carinho delas.
Mas ao que parece, alguns não tem a menor ideia de respeito pelo próximo. Quando precisam de algo (uma licença prêmio em regime de urgência por exemplo) agem com toda deferência, educação e pasmem… respeito, mas no momento em que nada precisam, atacam, criticam, ofendem. Isso é um professor? Isso é um educador?
Questionaram mais de uma vez minha competência… questionaram mais de uma vez minha índole e meu caráter. Já disse inúmeras vezes: meu trabalho é cuidar da vida funcional do professores e funcionários, é cuidar da vida acadêmica (em termos de documentação) dos alunos. Não está escrito em nenhum lugar que sou pago para prejudicar alguém. E aliás, eu não teria paz interior caso eu fizesse isto.
Meu desabafo
Não sou incompetente, tenho certeza disto. Faço as rotinas administrativas, atendo aos professores, atendo ao público geral, encaminho expedientes para diretoria, auxilio a direção sempre que necessário e faço tudo que está ao meu alcance para resolver os problemas. E alguns deles nem são de minha responsabilidade (como por exemplo neste processo de inscrições para atribuição de aulas, onde auxiliei cada professor individualmente, à exceção daqueles que simplesmente ignoraram minha orientação… não era minha responsabilidade, mas ainda assim, o fiz).
Mas sou sozinho… e curiosamente, sozinho em um lugar onde existem várias pessoas… pessoas que adoram um bate-papo, adoram navegar em sites da internet que não estão relacionados ao serviço, pessoas que ao menor ponto de divergência criam um ambiente para discussão e discórdia, pessoas que só estão lá interessadas em resolver os problemas relacionados à sua vida funcional ou sua vida pessoal e que não agregam valor nenhum ao serviço.
Por falar em competência…
Já que falamos em competência, ou melhor, na minha falta de competência, devo fazer uma pequena observação: a concessão do bônus escolar é feita mediante avaliação de critérios majoritariamente pedagógicos. De certa forma então o recebimento do bônus está diretamente ligado a um trabalho pedagógico competente.
E minha escola não recebeu um tostão de bônus em 2011…
Então eu pergunto… sou eu o incompetente?
Deixem-me em paz! Quero respeito
Eu só gostaria de ter respeito, trabalhar em um ambiente profissional, desprovido de vaidades pessoais e interesses para que as pessoas possam se concentrar no trabalho que tem que ser feito. Ninguém é obrigado a amar de paixão um colega de trabalho. Mas tem no mínimo a obrigação – pelo princípio da urbanidade que é apregoado pelo estatuto do servidor público – de tratá-lo como um igual e com respeito.
Claro que algum curioso vai passar por aqui e ler isto aqui. Quero ver quando – pateticamente – começarem os burburinhos pelo que eu publiquei na minha coluna do UBQ, manifestando uma opinião pessoal, que aliás, é um direito meu, garantido por lei.
Será que novamente terei algum covarde anônimo divulgando meus textos e distorcendo minhas opiniões?
Feliz dia do secretário escolar a todos aqueles que buscam trabalhar da melhor forma possível.
