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A falsa ideia de democracia

Em primeiro lugar, vamos deixar claro: sou aluno da USP. Pertenço a comunidade acadêmica e portanto acredito ter o direito de ter uma opinião sobre o tema. Se isto ofender alguém ou vai contra as convicções de alguns, só tenho a lamentar. Mas é minha opinião.

Acabei de ler a notícia: após ação da Polícia Militar dentro do campus da USP em São Paulo neste último dia 27/10, quando três supostos alunos foram abordados fumando maconha, alunos da universidade entraram em confronto com a Polícia Militar. E tudo aconteceu porque após o cumprimento de suas obrigações, a polícia tratou de qualificar e conduzir as pessoas ao 91º Distrito Policial para registro da ocorrência por uso e porte de drogas.

Curiosamente, os alunos que presenciaram o fato, tentaram impedir o cumprimento da lei e houve um confronto entre alunos e PM. Ainda na mesma noite, resolveram ocupar o prédio da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) em protesto a presença da polícia militar dentro do campus. Dizem que só sairão de lá até a revogação do convênio que permite a presença ostensiva da polícia militar dentro do campus.

Alunos entram em confronto com a PM (Foto: Paulo Toledo Piza)

Em tempo, é bom dizer que a PM passou a atuar de forma mais ostensiva dentro do campus, após convênio firmado em setembro deste ano entre a universidade e a secretaria estadual de segurança pública. E isso aconteceu após a morte de um estudante dentro do campus após tentativa de assalto. Da sua parte, os alunos afirmam que a presença da polícia é uma violação à liberdade dos alunos e ao seu direito à manifestação.

Esqueceram estes alunos dos recentes episódios de violência dentro do campus? Dos assaltos? Furtos de automóveis? Esqueceram que a segurança terceirizada do campus não tem poder de polícia e não conseguem coibir episódios de violência e crime? Em segundo lugar: porte e uso de drogas é proibido por lei. A maioria dos universitários têm a falsa ideia de que o campus da USP só será um lugar democrático se for capaz de se auto administrar. Acontece que a USP é um lugar público e está dentro do território brasileiro, portanto, sujeito as leis, suas penalidades e sanções.

Acho descabido ocuparem um prédio da universidade para defender três usuários de drogas. Acho descabido o uso de violência por parte da PM (o que aliás, ainda não foi provado). Até onde se sabe, utilizaram contramedidas para coibir a formação de tumulto (gás pimenta e similares). A polícia fez o seu papel: porte e uso de drogas não é propriamente um crime – segundo entendimento da justiça – mas é uma contravenção. Agora, o que estudantes queriam? Que os policiais simplesmente fizessem vista grossa porque são universitários? Por que estão na USP e “Ahh… na USP não tem problema”.

Neste sentido, concordo com a opinião de Reinaldo Azevendo em seu blog. Reproduzo aqui, trecho de seu comentário que resume a questão:

A PM, num regime democrático, é uma das manifestações da democracia de farda. E o consumo de drogas ilícitas não é permitido. Nem dentro da universidade. Tal prática não está abrigada pela autonomia universitária. Sim, é bem verdade que alguns ditos “estudantes” acreditam que a lei que vale para o conjunto dos brasileiros não vale pra eles. Vale.

O consumo de drogas desencadeia toda uma sequência de crimes. Pessoas como Fernandinho Beira-mar e outros são o que são por conta destes desvios de conduta… por conta desta atitude do “Ahh… é só um baseadinho”.

Ser um democrata não é acatar e aceitar tudo o que vem pela frente, mas compreender que a cidadania surge pelo cumprimento da lei e obrigações morais que esta nos impõe. E parece que estes alunos não entendem isso e tem esta falsa e deturpada ideia de que democracia é ser livre para fazer o que bem entender… sem que existam consequências.

Publicado em:Opinião,Pitacos na Política

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