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Eleições 2012: vitória sem representatividade

Terminado o processo eleitoral, São Paulo já conhece seu futuro prefeito. É Fernando Haddad do Partido dos Trabalhadores (PT). Não era o meu candidato (acredito que isto era óbvio, não?), mas o fato que ele é o novo prefeito. Então teremos que torcer por uma boa gestão.

Fernando Haddad foi eleito no segundo turno

Independentemente do resultado final, o que me chamou a atenção nesta eleição não foi a polaridade entre PT e PSDB na cidade de São Paulo. Tampouco o surgimento do PSD como uma força política idealizada pelo Gilberto Kassab (ele perdeu aqui em São Paulo com o José Serra, mas mesmo assim conseguiu vencer em 490 municípios, incluindo aí uma capital).

O que me chamou a atenção foi o número de abstenções + votos nulos + votos em branco: em São Paulo o total foi de 31,59%. Deixando os dados um pouco mais claros:

Total% de Votos (Válidos)
Fernando Haddad (PT)3.387.72039,30% (55,57%)
José Serra (PSDB)2.708.76831,42% (44,43%)
Votos Nulos500.5787,26%
Votos Brancos299.2244,34%
Abstenções1.722.88019,99%
Resultados das urnas em São Paulo após 2º turno – Fernando Haddad eleito

O número assusta… é claro que alguns destes votos são de abstenções justificáveis pelos mais variados motivo. Mas quase um milhão e oitocentos mil pessoas optaram por simplesmente ser indiferentes à escolha do novo prefeito.

Além disso, temos os votos em branco e nulos que também não deixam de ser uma forma de protesto. Todos estes votos poderiam mudar o destino desta eleição. Isto me faz concordar com a posição do cientista político Leonardo Barreto que concedeu entrevista à Rádio CBN nesta tarde: tem-se a impressão que “a eleição tem um significado menos dramático na vida do cidadão. A eleição de um ou de outro não mudará nada na vida dele”.

Escolhido por alguns… preterido por muitos

Independentemente de quem está lá, as coisas irão continuar como estão. Não vemos mais a eleição de um candidato como necessária para nossa vida. Em seu comentário, o professor Barreto ainda comenta que o voto acaba sendo facultativo pois a punibilidade é praticamente nula: basta o cidadão ir ao cartório pagar a multa de pouco menos de quatro reais e ficar quite com a justiça eleitoral.

E quem deveria se preocupar com isso? Em minha opinião, os partidos políticos. Pois ser eleito por 3.400.000 eleitores e quase 2.600.000 resolveram se isentar, dá a impressão que o candidato eleito perde sua legitimidade, afinal, no caso de São Paulo, o Haddad foi escolhido por 39,30% e preterido por 60,70%. Quase 3/5 da população de São Paulo não escolheu Haddad. Da mesma forma teria acontecido o mesmo com o Serra se ele tivesse vencido, pois a margem também seria pequena.

A impressão que fica é que foi eleito um prefeito pela minoria, pois pouco mais de 31% escolheu o outro candidato e quase 30% não quis escolher nenhum deles. Mas para o TSE, o que vale são os votos válidos. E Brancos, Nulos e Abstenções não entram nesta conta. Uma pena.

Publicado em:Opinião,Pitacos na Política

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