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O compacto “I Forgot/Falling” de Norah Jones & Rodrigo Amarante

Buenas! Hoje vou começar com uma história sobre a indústria da música antes de tratar da resenha musical propriamente dita… Hoje falaremos sobre o compacto “I Forgot/Falling” de Norah Jones & Rodrigo Amarante.

Pequena história da indústria musical

Antigamente, a música era consumida de maneiras diferentes do que conhecemos hoje. Pra que alguma faixa fosse um sucesso, haveria a necessidade de que ela tocasse ininterruptamente nas rádios, fazendo com que um maior número de pessoas tivessem acesso a ela.

Antigamente, a receita de sucesso para uma música era estar nas rádios constantemente
Antigamente, a receita de sucesso para uma música era estar nas rádios constantemente

Consequentemente, o artista venderia mais discos e faria mais shows. Era assim que funcionava, com todas as maracutaias do meio musical que não caberiam nesse post.

Um dos formatos prediletos da indústria para servir como termômetro do mercado a uma determinada faixa era chamado de “compacto simples”. Um disquinho de vinil de sete polegadas, com apenas duas faixas, uma de cada lado da “bolachinha”.

O Compacto Simples era a escolha para divulgar novos álbuns... E ali estavam lado A e lado B
O Compacto Simples era a escolha para divulgar novos álbuns… E ali estavam lado A e lado B

A escolha da faixa que seria trabalhada nesses compactos era um parâmetro para quais faixas fariam parte do disco cheio, o famos “long play”, ou “LP”, como queiram.

Geralmente, no “lado A” a música escolhida era aquela a qual a gravadora gostaria de testar a polularidade, ficando o “lado B” como uma escolha mais “artística” a cargo dos próprios artistas, pois geralmente essa faixa não teria um investimento comercial.

Essa lógica fez com que desde então houvesse uma caçada absurda, um verdadeiro garimpo por alguns determinados “compactos” justamente devido as faixas que ocupavam os “lados B”. Coisa de colecionador…

Veio o CD, e os EP’s e os SP’s se foram…

Com o advento do CD, essa prática (ao menos em terras nacionais) foi deixada de lado. Lançava-se o disco todo e se você quisesse uma determinada música, haveria de comprar a obra toda para que você tivesse acesso a ela.

O advento do CD liquidou os EP's e SP's em escala industrial
O advento do CD liquidou os EP’s e SP’s em escala industrial. E na ocasião, quase acabou com os LP’s também

A internet e principalmente os sistemas de compartilhamento de arquivos e “streaming” deram um novo gás nessa história que surgira lá nos longínquos anos 50.

Hoje, compramos (ou não), apenas a faixa que queremos, caso tenhamos interesse na obra toda, há a possibilidade de comprá-la também, mas não há a obrigatoriedade.

Ok… fim da história. E agora?

Agora que eu contei a história, por que motivo, razão e circunstância eu contei toda essa história pra vocês?

Com o perdão do trocadilho, a explicação é simples! Pelo lançamento de um compacto simples lançado em terras estadunidenses, que juntou em uma mesma gravação dois dos meus artistas prediletos. Gostei…

Ela: Norah Jones. Compositora, cantora, pianista, guitarrista, musicista de mão cheia, vencedora de inúmeros Grammys.

Ele: Rodrigo Amarante. Compositor, cantor, multi-instrumentista brasileiro.

Norah Jones e Rodrigo Amarante... uma mistura sensacional
Norah Jones e Rodrigo Amarante… uma mistura sensacional

Como isto aconteceu?

Com o hiato de sua banda (Los Hermanos), Rodrigo embrenhou-se em uma aventura estadunidense para tentar entrar no mercado de lá com seu trabalho solo.

E foi graças a trilha sonora da série “Narcos” (Netflix) que o carioca ganhou certa notoriedade e respeito no cenário musical da terra do Tio Sam. Esta abertura conseguida com “Tuyo” (a música de abertura da série), fez com que Amarante angariasse alguns fãs famosos, como a própria Norah Jones, que disse no lançamento do disquinho:

“Sou fã de Rodrigo há muito tempo e estava entusiasmada com a ideia de fazer música junto com ele.”

Norah Jones sobre Rodrigo Amarante

Sem alarde ou qualquer marketing, lançaram um único “compacto simples”… apenas duas músicas. E provavelmente o início de uma nova parceria.

E a ideia se tornou um fato… I forgot/fallen

Gravadas e produzidas pelos dois, mostram delicadeza e uma certa introspecção quando resolvem falar de saudade e resiliência. Praticamente acústicas, ele tocando seu violão, ela, seu piano, fazem arranjos simples e minimalistas.

Um compacto simples trazendo à luz uma nova parceria

E já seria muito bom se apenas assim o fosse, mas contam ainda com o auxílio de luxo de um quarteto de cordas e alguns instrumentos de sopro em partes esparsas das músicas.

As vozes se complementam, cantando contidos (para não se contrapor a estética das canções) e intercalando o protagonismo, não há ego. Apenas a comunhão em estúdio de músicos que se respeitam e se admiram.

Aqui, temos um compacto que tem cara de uma jam session, de ensaio, de simplesmente pegamos o violão e saímos criando, e mesmo assim ainda soa genial.

Coisa de quem sabe…

Disponível aqui e agora…

A maior vantagem é não precisar garimpar em busca do “compacto perdido”. Tá ali disponível para quem quiser ouvir, simples, como toda boa música deveria ser.

E que essa parceria seja longeva e frutifique cada vez mais… Simples e Genial.

Logo menos, tem mais.

Ah… sim! Uma última coisinha.

Em Dezembro tem show da Norah Jones, que chega ao Brasil para quatro apresentações em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro.

Tem Norah Jones aqui no Brasil em Dezembro
Tem Norah Jones aqui no Brasil em Dezembro

No dia 8 e 9 a cantora se apresenta no Espaço das Américas em São Paulo, depois segue para Curitiba onde tem um show no dia 11 de dezembro e fecha a turnê em solo brasileiro no Rio de Janeiro, dia 13 de dezembro. Os ingressos podem ser adquiridos neste link.

Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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