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A banda Hinds e o álbum “The Prettiest Curse”

Buenas! Nem só da psicodelia e da introspecção meu isolamento social tem sido feito. A fuga para o litoral (ainda no começo de tudo) me trouxe a possibilidade de dias mais solares e um ar mais limpo. Em tempo de doenças virais, isso até parece piada, mas é um alento pra nossa cabeça pra lá de pilhada.

E foi em um desses dias solares que parei para ouvir só coisas pra cima. Alegres mesmo. Coloquei uma playlist nessa temática e deixei o aleatório me levar para onde quisesse. Nesta viagem, cheguei e parei na Espanha. Ironicamente, um lugar onde a música geralmente é mais taciturna e dramática. Até que, enfim, ouvi as Hinds.

Sobre a banda Hinds

Banda madrilenha que já está no seu terceiro disco. Alguns amigos já tinham me dado a dica como sendo a next big thing do rock, do pop, ou do indie, mas que estava surgindo algo grande. Uma banda de um lugar aleatório (ao menos para o mundo do rock), formada por quatro moças, cantando em inglês. Usando e abusando de uma sonoridade desencanada, mas bem roqueira. E da liberdade que só o pop te proporciona para fazer um dos grandes álbuns de 2020.

A banda Hinds
A banda Hinds

Despretensioso – quase relaxado – até o tutano. Totalmente pensado para soar popular. As Hinds ousaram fazer um disco que te coloca para dançar, para curtir uma tarde ensolarada e que principalmente coloca o rock novamente em voga. Mesmo que essa não fosse a intenção delas.

Cheio de guitarras, bateria e baixo marcados, unem o melhor dos dois mundos: a alegria contagiante do pop com os questionamentos e a inquietação do rock. E ainda turbinados por uma urgência crônica de quem está na faixa dos seus vinte e poucos anos.

Capitaneadas por Carlota Cosiais (voz e guitarra), Ana Perrote (voz e guitarra), Ade Martin (baixo e vocais de apoio) e Amber Grimbergen (bateria) a banda não inventou a roda. Pelo contrário… usou uma fórmula pra lá de conhecida. Mas o fez de maneira cirúrgica pra o mais novo rock do início dos anos 2000 em 2020.

Sobre o álbum “The Prettiest Curse

Produzido pela estadunidense Jenn Decilveo (Bat for Lashes, the Wombats, Demi Lovato e outros) de maneira mais desencanada e com um tempo maior entre as gravações puderam se dar ao luxo de fazer música com uma única finalidade: divertirem-se. Para isso, passam a explorar possibilidades sonoras que não foram exploradas em seus discos anteriores, como o uso de sintetizadores e o uso do idioma espanhol em algumas passagens (o que dá um caráter bem pessoal às canções da banda).

O álbum The Prettiest Curse da banda Hinds

Como diversão e liberdade são os motes desse disco, é possível perceber que ambos os conceitos estão impressos em todo o álbum. Mesmo que a temática de algumas letras sejam bem sérias como o sexismo que costumam sofrer por serem mulheres e estarem inseridas em um universo como o do rock. Que ainda é tido como masculino. A banda tira de letra e ainda faz piada a respeito, mas sem deixar de lembrar que a música é reflexo de algo maior. É o espelho de como a sociedade costuma tratá-las.

Conclusões

As Hinds conseguiram o que poucas bandas hoje em dia conseguem: fazer música pra dançar e se divertir com conteúdo e uma enorme crítica social ao fundo. Só por esses motivos, esse “Prettiest Curse” já merecia estar entre os melhores álbuns do ano. Mas ele nem precisa de tanta desculpa, ele é ótimo por si só.

Se puder, tire uma tarde de sol, coloque seus fones de ouvido e se permita: dance, pule, cante junto. Aqui ninguém vai te criticar, fazemos o mesmo. Um disco para tardes de sol e para ouvir sem maiores preocupações. Recomendadíssimo.

Logo menos, tem mais.

Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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