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O novo faz 50 anos e Elza pede passagem

No começo dos anos 70, durante o governo militar, a caretice e o moralismo brasileiro exilaram Elza Soares. Após descobrirem seu relacionamento com Mané Garrincha, casado à época, Elza tem sua casa apedrejada e decide migrar para a Itália.

Em sua temporada italiana, a cantora cai de cabeça na soul music e no funk, tão em voga naquela época. As reivindicações do movimento black, ecoam na cabeça de Elza, e em 1972, uma nova mulher, de cabelo black power, empoderada e cheia de novas referências, desembarca no Brasil do governo Médici decidida a recuperar seu status de grande cantora brasileira.

Após uma temporada na Itália, Elza retorna ao Brasil para se reinventar
Após uma temporada na Itália, Elza retorna ao Brasil para se reinventar

Com um time pra lá de azeitado, juntando o grande maestro Lindolfo Gaya na produção, Dom Salvador nos arranjos e o auxílio luxuoso de sua banda, a Abolição: Rubão Sabino no baixo, Luiz Carlos Batera na bateria, Barrosinho no trompete. Zé Carlos na guitarra, além do próprio Dom Salvador nos pianos, Elza aproveita seu referencial de samba e bossa nova, misturando o soul e o funk brasileiro de Tim Maia e Tony Tornado.

Para fazer esse clássico, apropria-se de novos compositores à época: João Nogueira, Gonzaguinha, Zé Rodrix, entre outros para modernizar seu som, sem perder sua principal característica: a potência e o alcance vocal.

O álbum “Elza pede passagem” de 1972

Ela ousa e faz um disco inovador, explosivo e atemporal. Bem escrito, bem tocado e maravilhosamente executado e produzido, Elza literalmente pede passagem (trocadilho infame) para voltar ao seu lugar de origem e pertencimento: o panteão das maiores cantoras mundiais.

Uma obra definitiva, discoteca obrigatória. Peça emprestado, roube, compre, mas não deixe de ouví-lo. Um dos prediletíssimos da casa.

Logo menos tem mais.

Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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