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Playlist do Erasmo, segundo o UBQ

O UBQ rende homenagem a Erasmo Carlos, que foi cantar no céu anteontem, dia 22/11. A expressão “foi cantar no céu” aqui está escolhida no lugar de um impossível “nos deixou” ou de geladíssimos ”morto” ou “que faleceu”. Gostamos da singeleza infantil da expressão, que diminui o incômodo da perda e o eterniza.

Muito já se falou dele e de sua carreira e aqui queremos homenageá-lo com uma playlist. Não se pretende que seja a melhor, mais representativa, historicamente rigorosa, nada disso. Mas é a nossa playlist do Tremendão, com sucessos seus como compositor e intérprete em ordem cronológica.

Para algumas canções, dele como compositor, sugerimos outros intérpretes, que também é uma forma de homenagear. A Editoria deste Blog fará o melhor para disponibilizar esta playlist para vocês e certamente terá muito tempo – nestes tempos de Copa – para fazer isso. Ou que sirva como guia para você mesmo acessar as músicas como quiser.

Vamos à lista, primeiro ler, depois ouvir. Ou os dois juntos!

A carta

Composta por Benil Santos e Raul Sampaio para o álbum “Você me acende”, de 1966. Composta tão especialmente para ele que nos versos finais rimam “entusiasmo” com “Erasmo”. O nome do Gigante Gentil foi suprimido nesta gravação que aqui propomos, de 92, com a participação de Renato Russo. Uma concessão de Erasmo ao colega de gravação que tira um pouco da doçura da canção, mas ainda assim vale

Gatinha Manhosa

Dos mesmos compositores de “A carta”, fazendo parte também do álbum “Você me acende”. Aqui apresentamos a versão original, com um arranjo marcado pelo órgão e uma percussão com uma levada de bolero. Talvez um pouco datada pelo tempo, mas nem por isso deixa de ser um clássico.

Coqueiro Verde

De 1970, lançada inicialmente em compacto, depois reunida com outras canções daquele ano no álbum “Erasmo Carlos e os Tremendões”. Por essa época, ele e Jorge Bem estavam muito próximos e até dividiram apartamento por um tempo. Erasmo fez a canção em parceria com Roberto Carlos e citava sua então namorada, Narinha. Percebam que não se trata bem de um rock, mas que tem um balanço característico, com muito suingue, e que é replicado até hoje por músicos como Seu Jorge. Há quem ache exagero afirmar isso, mas basta ouvir essa música para perceber que Erasmo foi um dos inventores do samba-rock. Sem contar as referências da época, como Leila Diniz e O Pasquim, além do arranjo primoroso, onde se ouve uma cuíca bem marcante.

Sentado à beira do caminho

De 1970, também reunida em “Erasmo Carlos e os Tremendões”, aqui apresentada pelo Ira!. Roberto Carlos disse – depois obviamente desdisse – que esta é canção composta com Erasmo que traz a letra mais bonita. De fato, uma crise existencial causada por uma dor de amor. Todos já passamos por isso. E o refrão não entrega os pontos, pelo contrário, dá um chacoalhão para uma volta por cima.

Detalhes

Escolhemos esta canção para trazer Roberto Carlos a esta coletânea. Do álbum “Roberto Carlos” de 1971. Belíssima conjunção entre letra, melodia e arranjo, este praticamente uma música incidental, uma letra simples, mas pungente. Clássico de nossa música, um dos resultados mais felizes da parceria entre os dois.

Cachaça mecânica

Do álbum “Projeto Salva Terra” de 1974. Canção bem autoral de Roberto e Erasmo, algo diferente do estilo da dupla, impactante na letra, arranjo – um samba sincopado por um piano “nervoso” e a interpretação forte de Erasmo.

Além do horizonte

Gravada por Roberto Carlos em 75, e por Nara Leão em 78 (versão apresentada aqui). Erasmo foi gravá-la só em 1980 em “Erasmo Carlos Convida”. Canção de um tom bucólico, de inspiração árcade, de uma leveza e fluidez ímpares.
8) “Mulher” – de 1981, do álbum do mesmo nome. Discreta e singela homenagem à esposa Nara, que aparece na capa do disco “amamentando” Erasmo, numa foto bonita mas polêmica. Nara se suicidaria seis anos depois, após três tentativas em anos anteriores.

Pega na mentira

Uma blague para todos os gostos, canção moleque de Roberto e Erasmo, de um tom leve, irônico, e “tremendamente” feliz. Também fez parte do álbum “Mulher”, de 81.

Mesmo que seja eu

O álbum de 82 “Amar pra viver ou morrer de amor” traz alguns hits, como a faixa título. Porém esta escolhida para a playlist foi um dos maiores sucessos da década, numa letra que surpreende pela delicadeza com algum cinismo e a melodia que segue ao chavão “impossível ficar parado”. Ah, e a capa deste álbum divide opiniões até hoje. Ou é linda ou é horrorosa. Nós do UBQ achamos que ela é horrorosamente linda.

Close

Do álbum Buraco Negro de 1984. Num tempo onde tudo era mais fácil, mais leve e sem tanta histeria, Erasmo canta Roberta Close, transsexual que causou algum furor na época. Bem a seu estilo, Erasmo a definia sem papa na língua: “não fosse o gogó e os pés, a minha lente tava na dela” e sem medo de ser cancelado: “quero ver num filme como fica a história do tritão que era a sereia mais bonita”. Detesto a frase “bons tempos” e antipatizo um pouco com quem a profere. Mas só quem viveu aqueles idos pode dizer… bons tempos!

Mais um na multidão

Em 2001 Erasmo contou com a luxuosa companhia de Marisa Monte no álbum “Pra falar de amor”. Pelo tamanho do físico, do talento e do carisma, nunca Erasmo Carlos esteve tão equivocado quanto no título desta envolvente canção.

O UBQ espera ter feito justiça a Erasmo Esteves, auto intitulado Erasmo Carlos em homenagem ao parceiro Roberto e ao grande impulsionador dos dois, Carlos Imperial.

Sua passagem por nós prova que a vida, para ele, é um caminho que não terá mais fim.

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Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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