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A sazonal privação do lateral absoluto

O lateral Alex Sandro lesionou-se nos quadris e estará fora da partida contra Camarões. Em relação aos laterais temos a seguinte situação: dos três convocados, dois estão no departamento médico, ao passo que o terceiro nos tranquiliza neste sentido, pois se sofre uma falta o adversário será enquadrado não na regra do Futebol mas no Estatuto do Idoso. Daniel Alves talvez não aguente a execução do hino, quanto mais um tempo inteiro. Mas é o que temos, numa posição em que pouco tivemos foras-de-série na história.

Pero Vaz de Caminha dizia que aqui, em se plantando tudo dá. Menos laterais. Dos dois lados. Sem dúvida a posição que mais entressafras deu ao Brasil, mais até que os zagueiros. Talvez seja pecado dizer isso de um país que deu ao mundo Nilton Santos, Djalma Santos, Carlos Alberto Torres, Nelinho, Leandro, Zé Maria, Roberto Carlos, Cafu, Marcelo e outros.

Mas tem Copa em que faz falta uma seara mais farta de laterais, e aí vamos com o que temos. Em 58, o lateral direito De Sordi, por motivos até hoje nebulosos, foi barrado na final contra a Suécia por Vicente Feola. Djalma Santos entrou e com apenas aquela partida entrou para a Seleção da Copa.

Em 82 o lateral esquerdo foi Junior. Mas descobriu-se nele um meio campo de pé cheio, capaz de cadenciar o jogo quando preciso ou de colocar mais compasso – por isso chamado de Maestro. Na Copa seguinte, o lateral Leandro foi cortado por Telê porque saiu para farra (pela primeira vez na vida) com Renato Gaúcho, este já com pós doutorado no assunto. Assume a posição o jogador à época no Corinthians, Édson Abobrão e Telê chamou Josimar, lateral do Botafogo para a reserva. Abobrão se contundiu. Pânico nacional. Porém Josimar jogou as melhores partidas de sua vida e segurou a onda.

Em 98, uma contusão semanas antes da Copa da França afastou o lateral direito Zé Maria, que veio do (infelizmente último) lendário time da Portuguesa, com Clemer no gol, Zé Roberto numa lateral, ele na outra e mais Rodrigo Fabri, Capitão e Zinho. Estando Cafu absoluto como titular, faltava preencher a vaga do reserva. Zagallo optou por Zé Carlos e , dado que nem a mãe de Zé Carlos esperava a convocação, Zagallo só faltou dizer que o chamou na falta de outro melhor. Porém Zé Carlos foi bem no jogo contra a Holanda, onde Cafu estava suspenso por cartões.

E agora essa, no Quatar, onde simplesmente não temos laterais de ofício contra Camarões. Dizemos “de ofício” porque o ofício de Eder Militão é ser zagueiro e o atual ofício de Daniel Alves é segurar Neymar. Foi por um lado uma escalação arrogante de Tite. Poderia ter levado mais um lateral, como por exemplo… talvez… veja bem… Ygor Pikachu? Fagner (o do Corinthians ou o cantor cearense – dizem que joga um bolão)? Rodnei, do Flamengo que em todo gramado tem uma avenida em seu nome, por onde todos passam?

Sei não. Opções existem com essa turma que está aí. O jogo contra a Suíça mostrou variações no time e na tática, coisa treinada, principalmente pensando que fomos de um 4-3-3 contra um adversário que joga no 10-0-0.

A preocupação seria com o daqui para frente e com o rearranjo posicional dentro de campo. O time tem raça. Tite tem variações de posicionamento e jogadas. Temos excelentes atacantes e Casemiro em estado de graça. O que não temos é uma porca miséria de um lateral, mas a história nos mostrou que já superamos este quesito outras vezes.

Publicado em:Crônicas,Entretenimento,Uma Copa Qualquer

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