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Confesso – Mikhail Baryshnikov

A Confissão

Confesso: já tive uma paixão platônica por Mikhail Baryshnikov. Havia um tempo em que meu corpo queria um encontro com o ar. Pois o ar é o caminho dos pássaros e nada mais livre que viver além do limite humano. Afinal, com um tipo de voo esqueceria o meu mínimo em 3 ou 4 rasantes e estaria mais perto das estrelas. Assim, esse gênio representa a paixão que se faz em êxtase na complexidade da forma e na elegância simples dos mais lindos e complexos gestos.

O Pecado

Mikhail Baryshnikov representa a coragem dos grandes através do tônus muscular e na delicadeza de sua arte. A arte, expressão máxima da consciência humana, se concretiza em cada interpretação sua. Tal qual um salvador mítico, se expõe ao mundo e resgata os de coração puro. Então. resta-me como pecador a exploração de meu próprio pecado e eu sou o passageiro mais sincero da minha mente. Ainda que se crie um antidoto a essa paixão, melhor deixar de lado e se corromper dentro dessa arte de voar. Afinal, mesmo exausto de tanto perigo, estaria novo de novo na forma do mais belo sorriso.

A Penitência

Não nasci para dança. Meu corpo nunca respeitou meu querer, e de todas as artes que aprecio, essa é a que mais lamento não exercer. Nesse sentido, é o meu céu sem limite, intangível, meu encanto incompleto, e por isso, o alcanço através de outro corpo. Ainda assim, estaria na liberdade de outra vida e tão preso como a qualquer outra norma. Portanto, como garantias livres de nossos desejos mais inquietos, Misha voa e eu escrevo, dando à arte a chance de se entregar a esse devaneio.

Publicado em:Crônicas,Entretenimento,O Sujeito Oculto

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