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Paramore e o álbum “This is Why”

Buenas! Estamos aqui de volta, para trazer novas pepitas musicais para vocês. O tempo anda escasso, por isso tenho escrito menos. Aí vem o COVID-19 e pega a gente de jeito… e com tempo livre, bora escrever! Faz umas duas semanas que o mesmo disco não sai do meu repeat, o novo dos estadunidenses do Paramore, o incrível “This is Why”.

Hayley Williams, ao centro é a vocalista do Paramore

Repetindo a mesma formação do álbum anterior, o que nunca havia acontecido, a banda circula entre a cabeça pensante e a voz de Hayley Williams (que ainda toca piano em algumas canções), o guitarrista Taylor York (que faz alguns backing vocals e alguns efeitos) e o baterista Zac Farro, além de alguns convidados pontuais como o multinstrumentista Brian Robert Jones (que tocou baixo na gravação do álbum mas que faz a segunda guitarra nos shows da banda).

Produzido por Carlos de la Garza (Bad Religion, Wolf Alice, Ziggy Marley entre outros), produtor vencedor do Grammy de melhor performance rock com o próprio Paramore, em uma parceria que já não é nova, mas é pra lá de frutífera, o disco foi pensado para ser diametralmente oposto ao anterior da banda, o ultrapop e oitentista “After Laughter” de 2017.

Absurdamente influenciado pelo post-punk de Talking Heads e Bloc Party, o Paramore retoma a sua sonoridade mais calcada no pop-punk de suas origens, trazendo uma volta às raízes, mesmo que por vias tortuosas e alguns caminhos novos.

Fac-símile do álbum This is Why do Paramore

A veia pop do álbum anterior ainda está por lá, mas as guitarras que marcaram o início da banda se fazem cada vez mais presentes. As músicas mostram uma urgência como há tempos não se via no trabalho deles. O instrumental é mais “torto”, embora tenhamos canções mais pop, não há tanta obviedade instrumental, o que mostra uma nova direção à banda, graças aos experimentalismos dos projetos paralelos de seus integrantes.

Hayley usa sua voz como um instrumento potente para levar as canções para onde deseja, hora mais ásperas, hora mais palatáveis, mas sem perder a força que algumas das letras pedem, e é aí que o álbum mostra-se mais forte. Suas letras falam sobre crescer e se encontrar, ou se transformar em uma melhor versão de você mesmo. A base está lá, mas não tem que ser igual o que foi ontem. Crescer é difícil, mas a gente acaba pegando o jeito. E é sobre essa tensão da vida adulta (sem deixar de lidar com os fantasmas da juventude), que o álbum se molda. De maneira não usual, “This is Why” pode ser visto como um retrato dessa transição pós pandemia.

Um disco irretocável, onde o agridoce faz morada e se torna a sua principal qualidade. Candidatíssimo a disco do ano.

Logo menos tem mais.

Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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