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Confesso – Carmen

A Confissão

Confesso: já tive uma paixão platônica por Carmen. Pois, uma mulher à frente do seu tempo e à frente das interpretações mundanas sem o advento do divino. Simultaneamente, está à frente da óptica absolutista que coloca quem pensa à mercê do poder. Toda mulher deveria se concentrar em sua forma de pensar, e por assim, já estaria livre de qualquer jugo ou joguetes.

O Pecado

Carmen é a mais pura forma de instinto, racional sem se fixar, presa em seu buscar, autossuficiente e em harmonia com seu livre querer. Contudo, impossível tentar um controle, não há acesso para qualquer um, as chaves de sua armada biografia encontra-se em seu coração. Doravante, vale a pena se dedicar a conquista com compreensão, afinal, sua força está em ser parceira em sinergia. Por isso, és mitológica e não lhe recai algum complexo de Édipo, embora possa entender humanamente a mulher que me faz um homem melhor. Todavia, a mitologia está na liberdade de seu prazer, na ilusão que seu olhar produz em se ver em sua íris. Assim, passa-se a acreditar na posse, antes da conquista, um verdadeiro crime contra ela. Ademais, não só é contraproducente como um ledo engano, digno de um canto de sereia.

A Penitência

Quem dera esse texto fosse uma mera retórica, uma verdade revelada em teoria, ratificada pela beleza de tantas Carmens raras sob o mesmo papel liberto. Porém, não pode, visto ser esse composta por meras palavras dedicadas a apenas uma Carmen, que se transforma dia a dia em árias. Dessa forma, aproveita o contorno complexo disposto em 12 notas e o infinito na repetição da oitava e que me faz maravilhar. Por fim, sou eu em seus sons, escalas e harmonia, obrigando-me a confessar para em seu nobre colo descansar. Agora, finalmente, entendo Bizet.

Publicado em:Crônicas,Entretenimento,O Sujeito Oculto

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