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Confesso – Roger Federer

A Confissão

Confesso: já tive uma paixão platônica por Roger Federer. Não que me importasse, mas o pouco que tenho de perfeccionista encontra nesse gênio a mais alta expressão do que seguir. Tudo parece incrivelmente controlado até a arte do improviso. Nenhum ser divino seria capaz de antever um jogo tão complexo, com detalhamento tão preciso. Por isso, não corre, flutua; não bate, voleia; e quando todos usam a força descomunal, quebra a munheca com destreza e suavidade.

O Pecado

Não criaria em um homem a mais clara denominação divina, e só por isso, por não aceitar o privilégio em uma só pessoa, que o encontro humano e temível. Pois embora sua face me leve ao mais florido dos campos suíços é em seu jogo, a arte que eleva o individuo, que brinda o pecado num todo, pois não basta a vitória, ela tem de ser bela como um pintura em tela. Só o homem para fazer poesia em toda parte, num ace, back hand, for hand ou drop, o que confunde a carne em divindade. Por isso, não ouso confrontá-lo, apenas admirá-lo de forma passional, com um pouco de credulidade.

A Penitência

Roger Federer exercita a minha compreensão para essa dualidade humano e divino. Assim, é quase certo ser surpreendido, mesmo naquele instante em que o óbvio domina. Pois sua genialidade reservará o direito de se fazer sempre o simples, mas como único, inigualável. Mesmo que se permita qualquer comparação, sua elegância o destoará, pois ninguém colocará cada gesto de forma tão completa. Do mesmo modo, não haverá um jogo em que a boca não fique entreaberta, como uma janela a observar uma linda paisagem. Enfim, jamais uma aparência delicada e de mais absoluta força, ficará transparente. Pois o que o corpo aparenta, por vezes em gracejos, o cérebro enaltece através de uma inteligência ímpar, conduzindo-o à perfeição.

Publicado em:Crônicas,Entretenimento,O Sujeito Oculto

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