Menu fechado

Confesso – Sebastião Salgado

A Confissão

Confesso: já tive uma paixão platônica por Sebastião Salgado. Pois um dia ouvi que o Fotógrafo Social não dignificava a beleza do mundo. Assim, expor as mazelas era contraproducente ante a um mundo mais bonito e em plena forma. A princípio, nunca entendi a vida polarizada, que coloca qualquer conteúdo por mais complexo, entre uma simples escolha. Logo, a beleza pode ser um lábio vermelho entreaberto ou uma luz e sombra branco e preto. Tal qual gosto não se discute, desmerecer o artista por esse, é em si, leviano em essência. Afinal, há muito mais que beleza no trabalho desse brilhante artista, que faz enxergar o mundo com Olhos de VER.

O Pecado

Homens como Sebastião Salgado pensam além da justa adequação, rompem barreiras e revelam aos humanos suas próprias almas captadas. Assim, se a miséria se sobressai, se a essência de sua visão é revelar o que está escondido, o Homem Invisível, paciência. Pois o artista é guardião de seu ponto de vista, autor da compreensão que o cerca, defendendo-os de forma independente e voraz. Então, a Arte desfaz nós cegos, eleva o Homem ao autoconhecimento e ao entendimento de sua natureza, e em consequência, sua evolução. Portanto, destina-se ao artista a luz sobre as coisas, independente de suas sombras.

A Penitência

Conservo minha paixão desde a premissa, colocada num papel branco, para em banhos químicos num quarto escuro esperar pela revelação. Logo, sempre procurei pelo meu invisível, por aquilo que ninguém enxerga, além de qualquer estética ou formatação. Ora a beleza exposta amanhã será uma natureza morta, ora o Homem sem discernimento estará extinto. Para tanto, antes que o inevitável aconteça sobrevivamos com consciência, empurrando o futuro com destreza. Acima de tudo, temos a sorte da Razão, entendendo o que somos, separando o que queremos, para enfim progredir. Enfim, deveríamos.

Publicado em:Crônicas,Entretenimento,O Sujeito Oculto

Conheça também...