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Que tal dar uma chance a ele?

Já falei bastante dos meus antigos celulares no ano passado. Basicamente era uma reclamação pelo fato do meu Sony Ericsson W205 estar começando a pipocar. Logo após aquele post, um novo aparelho: um Samsung Ch@t 322 Duos com teclado Qwerty. Fui seduzido pela possibilidade de utilizar dois chips em um único celular.

Samsung Ch@t 322 Duos se tornou meu celular principal a alguns meses

O aparelho em si é muito bom. Não apresenta falhas (se bem que de vez em quando ele reinicia sem nenhum motivo aparente), bom sinal, boa “pegada”, rádio, câmera e mp3 aceitáveis, alguns pequenos apps embutidos (como bloco de notas, calendário, calculadora), a possibilidade de conectar-me ao Facebook e Twitter. Enfim, tudo convergia para que ele fosse meu celular por alguns anos.

Com a evolução da tecnologia, os celulares passaram a integrar diversos gadgets e utilidades que temos de carregar (na verdade, o termo certo é queremos carregar) no dia-a-dia. Assim, ao invés de carregar, um walkman, um bloco de notas, uma câmera fotográfica, uma agenda de contatos e outras pequenas necessidades (frescuras), carregamos tudo isso em único aparelho. Algum “gênio” de marketing cunhou o termo smartphone para estes celulares “tudo-em-um”.

Este celular não é propriamente um Smartphone. É um meio termo entre um celular pelado e um smartphone. Mas eu confesso que nunca fui um entusiasta de um smartphone pois eu tinha uma resposta bem clara à pergunta “Preciso de um smartphone?”: não… não precisava. Desde que eu pudesse ouvir meu rádio, minhas músicas, anotar uma coisa ou outra e ter um calendário e uma calculadora em mãos, isso era mais do que suficiente. para mim.

Assim, fiquei alheio à briga entre os diversos sistemas e tipos de Smartphones. Eu sabia da existência do iPhone, Android, Symbian e Blackberry mas nunca me interessei pelas suas evoluções e disputas. E eu sabia também que a Microsoft nunca havia tido um bom sistema para equipar Smartphones. E pelo que acompanhei, o Windows 6.5 Mobile era uma piada de muito mal gosto.

A revolução da tela

Ok, Steve Jobs teve uma grande sacada em 2007 quando apresentou o iPhone. Até então, os smartphones traziam ferramentas de produtividade e a possibilidade de usar um teclado físico para inserir texto no aparelho, mas o CEO da maçã percebeu que o teclado mais atrapalhava do que ajudava. Teclas pequenas, botões físicos. Remover o tal teclado e apresentar um aparelho de corpo único com tela grande sensível ao toque mudou o paradigma e todos os fabricantes passaram a investir no formato.

A grande sacada de Steve Jobs ao lançar o iPhone,,, corpo único e tela grande

Com o tempo, os celulares baseados em Android também abandonaram o teclado físico e a Blackberry ainda resiste, tudo em nome da produtividade. Aliás, a empresa até mudou seu foco, dando prioridade aos clientes corporativos percebendo talvez que os smartphones que seguem o paradigma “teclado+tela” estão com os dias contados entre os consumidores.

Surge um novo desafiante

Eis que surgem algumas notícias sobre o Windows Phone 7. Por aqui no UBQ já discutimos sobre como a Microsoft conseguiu criar um bom sistema operacional com o Windows 7. Apesar de suas práticas comerciais não serem muito éticas (mas destes grandes, quem é totalmente ético?), eu admirei como um sistema operacional pode ter se tornado tão intuitivo.

A Microsoft e sua aventura pelos portáteis

É verdade que a Microsoft já estava um bom tempo no mercado de portáteis. Sua primeira incursão foi com o Windows CE em 1996. Ele era uma versão portátil do Windows 95 – apesar de não ter a mesma estrutura de programação – e foi licenciado pela empresa para uso em dispositivos que eram conhecidos como handhelds.

Pouco depois, o mercado foi inundado pelos Palmtops… uma espécie de agenda eletrônica inteligente. O primeiro produto da empresa Palm Computing foi o Palm Pilot que fez grande sucesso e usava sistema operacional próprio, o PalmOS. Seu diferencial estava em permitir reconhecimento de escrita por meio de uma caneta Stylus através de um recurso conhecido como Graffiti. Estes aparelhos, ficaram conhecidos como PDA’s, ou Personal Digital Assistant’s.

A Microsoft percebendo que este era um mercado promissor tratou de adaptar o seu produto para os PDA’s e assim surgiam o sistema Pocket PC, sendo que o iPaq da Compaq talvez fosse o modelo mais conhecido de PDA que usava o sistema Windows.

Em 2002, o sistema Pocket PC foi repaginado, muito em função da nova interface gráfica que havia sido apresentada no Windows XP e ganhou o nome de Pocket PC 2002. Toshiba, Casio, Compaq e HP investiam em produtos que usavam o sistema, claramente focado para o mercado corporativo. Então, a Microsoft trocou o nome do sistema. A versão para PDA’s passou a ser conhecida como Windows Mobile 2003 e para ajudar na confusão, surgiram versões Premium, Professional e pela primeira vez era possível usar o sistema em smartphones, que começavam a dar o ar da sua graça.

Em 2005, o sistema já está na versão Windows Mobile 5 e vários smartphones usavam o sistema. Até mesmo a Palm que chegou a ter um sistema próprio teve o modelo Palm Treo 750v que usava o Windows mobile. A versão seguinte – Windows Mobile 6 – trouxe um visual parecido com o Windows Vista, as versões Classic, Standard e Professional e neste ponto da história, já temos o touchscreen e a Apple trazendo o novo paradigma para os smartphones.

As versões para portáteis do Windows

Aliás, foi esta a razão para que o Windows Mobile 7 jamais viesse à luz. Ela já estava em desenvolvimento, mas foi totalmente descartada em razão dos novos iPhone e celulares com Android de tela única e sem teclado físico. Isso atrasou os planos da Microsoft e também a fez perder mercado. O fato de que o CEO da empresa na época não enxergar no iPhone um concorrente à altura e ter desdenhado do aparelho atrapalhou também. Em suas palavras, em 2007, Ballmer afirmou que o iPhone era o telefone mais caro do mundo ao custar US$ 500, e que não atrairia compradores por não vir com um teclado físico.

Surge o Windows Phone

Com o objetivo de redesenhar seu sistema e dar novo fôlego no segmento, a Microsoft passou pensar no sucessor do Windows Mobile. Criaram uma nova interface, a Metro UI (sim… a mesma do Windows 8) com as Live Tiles e recursos que integravam a experiência do usuário aos serviços que ele utilizava. Os Hubs concentravam várias informações numa só tela, unindo – por exemplo – seus contatos telefônicos às suas respectivas redes sociais. Surgia então o Windows Phone 7 que foi apresentado na MWC de 2010.

Só que a novidade tinha seu preço. Ele não era retrocompatível com as versões anteriores, mas a empresa prometia que isso não seria problema e que novos apps seriam desenvolvidos. Grandes fabricantes aderiram ao novo sistema e lançaram sues aparelhos. A partir de outubro de 2010 surgiram o Samsung Omnia 7, o LG Optimus 7, os HTC 7 Trophy, Mozart e HD7, além do Dell Venue Pro (que curiosamente, ainda trazia teclado físico).

Os primeiros modelos de Windows Phone

O começo do namoro

Ao conhecer os recursos do Windows Phone e suas novidades, a pergunta que naturalmente surgiu: será que eles conseguiriam fazer isto com um celular? Passei a acompanhar o assunto com mais atenção e agora em 2012 descobri que o Windows Phone 7 já recebeu uma atualização. A simpática versão Mango. E vi que a Microsoft tomou o cuidado de estabelecer normas técnicas rígidas para os fabricantes que produzissem Windows Phones (a Apple fez o mesmo com o seu iPhone). Vi um sistema robusto, rápido, eficiente, estável, fácil de usar.

Eu li e reli muitas das especificações técnicas. Pesa muito o fato que a Microsoft entrou bem atrasada na briga pelo mercado. Android e Apple já tomaram a liderança do setor. Mas o Windows Phone não deixa nada a desejar em relação aos seus concorrentes. Muitos entusiastas se apegam a questão do desempenho… comparam exaustivamente mostrando que o iPhone 4GS é muito mais rápido para fazer quatro ou cinco tarefas ao mesmo tempo… ou então que um Samsung Galaxy S2 tem processador com meia dúzia de núcleos.

E aí o que dizer? Se for necessário alto poder de processamento, é melhor ter um notebook à mão… não um smartphone. Então… e daí? Foi justamente esse paradigma que – em minha opinião – a Microsoft quis romper. Desenvolveu um produto que atende às pessoas. Não é necessariamente o mais rápido, mas o que faz a tarefa de modo bem feito. O sistema não foi feito para ser um campeão de performance. Foi feito para fazer o que as pessoas precisam. Sem complicações e de modo intuitivo. Foi sob este conceito que o Windows 7 foi desenvolvido. E funcionou.

A Nokia abraçou a causa

Apoiando a iniciativa, a Nokia desenvolveu uma linha de celulares baseada em Windows Phone… o Nokia Lumia (por enquanto no Brasil com os modelos 710 e 800) mostra-se um belo celular em diversos aspectos. LG, Samsung e Htc também têm seus modelos de Windows Phone, mas não são seu carro-chefe. Não é o caso da Nokia que optou por descontinuar seus smartphones baseados no sistema Symbian (como o eficiente N9) para entrar na briga disposta a tudo.

Nokia Lumia 710 é o meu novo telefone titular

Encantado com tudo isso, e disposto a conhecer o sistema, eu também abracei a causa e adquiri um Windows Phone. Após pesquisar bastante chegou por aqui um Nokia Lumia 710. E quer saber? Não me arrependo. Achei que não precisaria de um smartphone… até usar um. E parece que o futuro da telefonia móvel está mesmo nos smartphones. E para quem acha que o Windows Phone não é um competidor à altura, fica a sugestão: conheça um pouco mais sobre o Windows Phone. Leia, compare e não seja um entusiasta totalmente alienado. Seu time pode ser bom, mas outros times também têm bons jogadores.

Publicado em:Opinião,Pitacos na Tecnologia

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