Imagine a leitura do trecho a seguir como se fosse uma notícia divulgada no “A voz do Brasil”:
Hoje teve início o XXX Jogos Olímpicos da era moderna. O evento será sediado em Londres no período de 27 de Julho até 12 de Agosto. Participarão do evento 204 países que contam com um Comitê Olímpico Nacional. Entre eles, o Brasil com uma delegação de 257 atletas, sendo 135 homens e 127 mulheres.
Foi mais ou menos seguindo esta linha meramente informativa que a Rede Globo de Televisão apresentou em seu jornalismo o maior evento esportivo global. É bom esclarecer que os direitos de transmissão para a televisão aberta pertencem a Rede Record. E digamos que a relação entre as duas emissoras não são nada amigáveis.
Pelas regras estabelecidas pelo Comitê Olímpico Internacional, as emissoras que não detêm os direitos de transmissão tem que seguir algumas diretrizes. A Globo se deu ao trabalho de publicar estas regras em seu site para deixar bem claro que pretende apenas informar o que ocorre no evento. E não vai divulgar o evento de maneira que sua concorrente não obtenha nenhuma vantagem comercial.
Do ponto de vista da Globo (e da Record, é claro) a olimpíada é um produto comercial. E eles querem possuir o produto para obter lucro. Simples… Não tem sentido a Globo realizar uma ampla cobertura jornalística de um produto que não lhe dará nenhum retorno financeiro. Quando a situação estava invertida, ocorria o mesmo. E existe um ditado popular que diz que “chumbo trocado não dói”.
O que acho condenável é a postura da organização jornalística. É um evento de grandes proporções que não pode ser ignorado. Deve ser informado com alguma riqueza de detalhes para que o seu jornalismo seja confiável, seja crível, seja isento. A Globo deveria assumir uma postura de humildade. Assumir uma postura de seriedade e apresentar o fato jornalisticamente. Não seria vergonha nenhuma. O direito a informação de qualidade deveria estar acima dos interesses comerciais…
E que comecem os jogos olímpicos.