Buenas! Em tempo de pandemia e isolamento social, a música tem sido um bálsamo pra manter a sanidade nesses tempos malucos. Tenho descoberto muita coisa boa nos meus “garimpos musicais”: do Brasil, de outros lugares, das antigas (ainda escreverei sobre isso), de bandas já consagradas e de muitas bandas novas. E é sobre uma dessas novidades que falamos hoje, a banda goiana Ousel.
O álbum de estreia
Já de cara, percebemos a sonoridade cheia de elementos do rock alternativo, mostra que poderiam ter surgido em qualquer lugar da gringa e fazer bonito no cast de qualquer selo internacional. Unindo a doçura do Dream Pop às guitarras e efeitos do post-rock, faz com que o disco de estreia do Ousel que começou a ser produzido em 2019 e depois de um tempo de pós produção, chegou o mais próximo da sonoridade que a banda almejava.
Composto, escrito e tocado por Roberta Moro (voz), João Paulo Guimarães (guitarra), Renato Fernandes (guitarra/teclado), Tulio Queiroz (baixo) e Jean Ramos (bateria), a banda criou uma obra totalmente diferente do usual que é feito no Brasil. Aqui, tudo é pensado para soar o mais etéreo possível, peso e melodia coexistem de maneira harmoniosa.
A voz, forte e as vezes quase sussurrada faz contraponto às guitarras (que variam entre peso e efeitos hipnóticos), o que faz do disco uma obra única. Há aqui ecos dos gringos Mogwai e Explosions in the Sky (prediletíssimos da casa).

A produção é assinada por Lucas Rezende e a masterização foi feita por Francisco Arnozan no Estúdio Resistência em Goiânia. E isto deu origem a um produto tipicamente nacional para gringo ouvir, literalmente. A produção do disco foi viabilizada pela prefeitura da cidade junto à lei de incentivo a cultura (ainda há esperanças, amigos!).
Suas letras em inglês abordam temas voltados às humanidades como as questões de vulnerabilidade e insegurança. E são maravilhosamente bem amarradas a sonoridade. Quase que de maneira hermética, onde um não existe sem o outro, praticamente uma simbiose. Conseguem soar claustrofóbicos e viajantes apenas ao mudarmos de faixa. A parede sonora formada pelo instrumental denso faz base para a voz de timbre absurdamente cristalino: que combinação feliz!

Vale a pena?
Muito! Se tivessem surgido nos anos 90 na Inglaterra, seriam com certeza uma das grandes bandas da cena roqueira local. Se aproximam dos clichês da época e os trazem à tona com uma roupagem mais moderna, conseguindo soar atuais, mesmo revisitando a sonoridade de outrora, mostrando uma identidade muito bem definida.
Tá afim de conhecer as maiores viagens dos anos 90 tendo a possibilidade de vê-los ao vivo hoje? Se a resposta for sim, boa viagem! A Ousel vai te levar aos anos 90 sem que você saia de 2020.
Pegue emprestado, compre, baixe, roube, mas ouça. Um discaço!!!
Logo menos, tem mais.
Post Scriptum
Tô começando a ver que terei muito trabalho no fim do ano coma minha lista de melhores álbuns. O ano promete!