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Pânico na cabine

Sim… é mais um daqueles filmes em que muçulmanos fanáticos sequestram um avião – isto está quase virando um gênero. Mas é que este se passa inteiro – da primeira à última cena – dentro da cabine de pilotagem do avião. Sempre tem jeito de piorar a tensão, o suspense e a claustrofobia inerentes a este tipo de filme. E é o que vemos em “7500”, em cartaz na Amazon.

Suspense e claustrofobia em 7500
Suspense e claustrofobia em 7500

A história de 7500

Nem dá tempo de respirar. A ação começa com poucos minutos de filme quando os terroristas invadem a cabine e a partir daí, o que se vê são idas e vindas, reviravoltas, alternativas e muita tensão e nervosismo. O improvável protagonismo recai sobre o co-piloto nerd vivido por Joseph Gordon-Levitt, (“GI Joe, a origem de Cobra” e o papel título em “Snowden”).

Ele é levado pelas circunstâncias a negociar com os terroristas e precisa pensar rápido nas possibilidades de situações como esta, levando em conta que em meio aos passageiros-reféns está sua esposa, uma das aeromoças do voo cuja relação com ele precisa se manter em segredo.

Pequeno segredo entre co-piloto e aeromoça
Pequeno segredo entre co-piloto e aeromoça

A câmera do diretor Patrick Vollrath (em seu primeiro filme) parece fechar o ângulo com o passar do filme tornando a sensação da cabine mais intensa e sem possibilidade aparente de resolução. Por vezes a narrativa quase fica limitada e a história parece que vai se ressentir de outro cenário para se desenrolar mas isso não acontece na prática. O que importa realmente é o co-piloto Tobias e suas reações perante aos terroristas e ao controle de voo externo, inclusive em vários momentos a câmera nos mostra a própria visão de Tobias.

Toda a ação sob o ponto de vista de Tobias
Toda a ação sob o ponto de vista de Tobias

Um injustiçado pela crítica

Algumas críticas apontam que o filme perdeu uma oportunidade de discutir a questão do islamismo, da imigração muçulmana para a Alemanha e quetais. Mas o objetivo ali, claramente, não era esse. Tentaram, e conseguiram, nos dar um bom filme de suspense e ação com um mínimo de movimento de câmera. Ou melhor, com os movimentos possíveis dentro de uma cabine de pilotagem de um avião de passageiros.

Deixemos de má vontade. O filme, no tocante aos personagens é um retrato do mundo de hoje. O piloto é alemão, o co-piloto norte-americano casado com uma filha de turcos, os terroristas são islâmicos que vivem na Alemanha – o vôo do avião cumpriria a rota Berlim-Paris.

Por um lado se não houve a pretensão de fazer um filme densamente político, houve a coragem de filmá-lo todo dentro de um mesmo cenário e ao final saíram bem no intento. O roteiro, correto sem grandes brilhantismos, não escorrega no sentido de tornar ninguém herói e até entrega uma certa complexidade nos vilões, notadamente no que é o interlocutor de Tobias. Pelo contrário, todos se revelam capazes de atos extremos no intuito de salvaguardar seus intentos.

Conclusões

Um bom suspense, enfim, para se ver na quarentena. Nem se percebe a pouco mais de uma hora e meia passar. “Ora”, direis, “quer dizer que o terrorismo islâmico virou puro entretenimento?”. “Ora”, Sem Pipoca diz, “faz tempo que o cinema faz tudo virar entretenimento, desde as grandes guerras até grandes tragédias naturais.” Então deixe de chatice e entre na cabine daquele avião. Se tiver coragem, é claro.

Serviço

“7500” (id, Alemanha, 2020) com Joseph Gordon-Levitt; Aylin Tezel; Omid Memar. Direção Patrick Vollrath. Disponível na Amazon Prime

Post Scriptum

Cuidado para não confundir, porque há um outro filme do mesmo “gênero” chamado “Voo 7500”. Este aqui é só “7500”, sendo que naquele o número do título se refere ao número do voo e neste nosso aqui o “7500” se refere a … bem, assista ao filme.

Publicado em:Opinião,Sem Pipoca

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