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Deu a louca no mercado de hardware?

No dia em que escrevo este texto, o dólar está cotado em R$ 5,38. Não é a maior cotação que vimos (quase chegamos à R$ 6), mas nem de longe é o valor mais baixo que já encontramos. E comprar um computador hoje facilmente chegamos a um valor superior a R$ 5000. Afinal, deu a louca no mercado de hardware? Ou temos alguma explicação minimamente lógica para tudo isso?

Está tudo muito caro

Por volta do mês de março, fiz um exercício criativo. Planejei uma máquina de configurações modestas, porém com boa capacidade de atualização, voltada para produção. No meu caso, isso inclui utilização de uma suíte de aplicativos como Office, edição de vídeos e imagens e – por que não – alguma capacidade de entretenimento básico (sim… jogos).

Possivelmente montar um máquina como essa está fora dos planos (e bolsos) de qualquer um atualmente

Planejei então uma máquina baseada na plataforma Intel de 8ª geração, mas que poderia ir até processadores de 9ª geração. Enfim… eis minha configuração:

  • Processador: Intel Pentium G5400
  • Memória: 2 módulos de 8GB Hyper X Fury DDR4 2400
  • Placa-mãe: Gigabyte Aorus B360M Aorus Gaming 3
  • Placa de vídeo: Sapphire AMD Radeon RX 550 Pulse 4G
  • Armazenamento: SSD Adata XPG Pro SX6000 (512GB) M.2 combinado com um HD WD Blue, 1TB, 3.5´, SATA
  • Placa de captura: Avermedia Live Gamer Hd Lite Pci-e C985e
  • Energia: Gigabyte 400W Gp-Pw400 80Plus White
  • Gabinete: Cooler Master MasterBox MB600L
  • Refrigeração: WaterCooler Cooler Master Masterliquid ML120

Algumas considerações sobre esta configuração que não está exatamente balanceada. Pensei em uma máquina para upgrade futuro. O processador em tese seria atualizado para um Core i5-9400F ou i7-9700F, haveria um incremento de 16 GB de memória RAM e talvez uma troca de placa de vídeo para – por exemplo – uma GTX1660 Super. O Watercooler está dimensionado para ser uma máquina silenciosa. A fonte trabalharia no limite, mas suportaria uma até uma atualização posterior futura. Para o gabinete, uma opção da Cooler Master como o MB600L.

O mais provável é que o i5 fosse a escolha para a atualização e que a placa de vídeo fosse mantida tal como está. Mas este é apenas um exercício de montagem.

Os preços malucos antes e depois da pandemia

Bom… como eu realmente fiz um planejamento, fiz também a cotação destes equipamentos. E aproveitei para ver como estão os preços hoje… o resultado é intrigante.

Valor do equipamento orçado… antes e depois da crise

Nossa primeira tentação é culpar o aumento do dólar. Afinal de contas, sua cotação na ocasião em que fiz este orçamento era de R$ 4,47 (e já estava em viés de alta). Mas como explicar então que o processador ainda está pelo mesmo valor e no caso das memórias, temos até uma redução de preço?

Estoques precisam ser renovados

Sim… é um fato que os estoques são continuamente renovados. Se a demanda permanece a mesma e os estoques ficam reduzidos em razão da falta de produção, temos um aumento natural dos preços. Mas o que poderia ainda influenciar?

Aumento da demanda?

Muita gente precisou fazer home office. E muita gente não tinha equipamento para isso. Isso explica porque um Logitech C920 – que custava cerca de R$ 350 – passou a custar quase mil reais. Mas lembra a história dos estoques? Pois é… essas mesmas pessoas precisaram não só de câmeras, mas de computadores. Aumento da demanda… aumento do preço.

Em algum momento, notebooks começaram a ficar caros demais. E aí se lembraram que existem computadores desktops. E com isso mais uma demanda surgiu. Parece justo então que com poucas peças no mercado e aumento considerável da procura, houve um movimento natural do mercado.

Lojas começaram então a buscar a reposição dos estoques junto aos fornecedores. E aí – lembra do dólar alto? Pois é…

O que podemos concluir então?

O aumento da demanda, gerou escassez de produtos. A reposição de estoques sofreu com a alta do dólar. E o efeito geral é o aumento do valor final ao consumidor. E daí vemos esta maluquice.

No meu exemplo, processador e memórias sofreram pouco impacto, mas devemos lembrar que são itens de baixa procura. Experimente pesquisar por itens como um i3-9100F ou um i5-9400F e memórias de frequência 2666 ou superior… são itens com maior procura e maior flutuação dos estoques. E eles sofreram grande flutuação de preços.

A conclusão geral é: se você pensa em montar seu computador agora, talvez não seja o momento ideal. Dificilmente você conseguirá uma configuração razoável por um preço adequado. O mercado está inflacionado e não há uma tendência de baixa no curto prazo. Honestamente, acho que nem no médio prazo.

Se não dá para comprar um novo, pense em alternativas como um upgrade de RAM ou SSD

Pense em alternativas como incremento de memória ou substituição do HD por um SSD e postergue o quanto for possível a compra. Agora, se for inevitável uma compra imediata, considere fazer uma configuração dimensionada para um futuro upgrade, economizando com peças de menor procura (e menor preço) e garantindo que no futuro você possa melhorar esta configuração.

Mas o que você acha disso tudo? Tem alguma opinião diferente? Deixe aí nos comentários!

Publicado em:Opinião,Pitacos na Tecnologia

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