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Bob Mould e o álbum Blue Hearts

Buenas,

Voltamos pra São Paulo por motivos profissionais. Estamos extremamente felizes com isso. E para coroar a semana, temos Bob Mould e o álbum Blue Hearts.

Mas quem é Bob Mould?

Pra quem não conhece, Bob Mould é figurinha carimbada na cena estadunidense do rock alternativo desde meados dos anos 80. Fez parte do Hüsker Dü e do Sugar, duas bandas icônicas. Desde meados da década de 90, ele se dedica a uma prolífica carreira solo. É o cara com o timbre mais característico dessa vertente sonora.

No primeiro “craaaam” da sua guitarra já é possível estabelecer quem está tocando e perceber que dali vem coisa boa. O cara é pioneiro e desbravou um terreno até então inexplorado. Seja pela forma de distribuição de sua música (de maneira independente, com fitas k7 vendidas nos shows), pela sonoridade, agressiva, mas ao mesmo tempo pop e pelas letras contundentes.

Bob Mould... figurinha carimbada no rock alternativo dos EUA
Bob Mould… figurinha carimbada no rock alternativo dos EUA

Ouso dizer que sem Bob Mould não haveriam Nirvana, Foo Fighters e uma outra série de bandas por aí. Bob Mould pode ser considerado um baluarte dos bons sons.

Sobre o álbum Blue Hearts

Depois do ensolarado Sunshine Rock de 2019, Bob e seus parceiros de banda, o baixista Jason Narducy e o baterista Jon Wurster cansados da sociedade estadunidense dos anos Trump, criam um álbum manifesto sobre identidade e sexualidade em tempos de intolerância.

Mould produz o álbum com a urgência de seus primeiros álbuns. O impacto sonoro dos anos 80 está aqui, embora hoje mais cristalino. As guitarras são sua marca registrada e aqui elas dão o tom: distorcidas, rápidas e furiosas, no melhor estilo hardcore. Junto a elas, baixo e bateria complementam a massa sonora, dando peso, ritmo e vitalidade às músicas.

Bob canta de maneira contundente suas letras de cunho pessoal, onde fala de sua sexualidade, de aceitação e como resistir nesses tempos onde a intolerância dá a métrica da sociedade.

Em seu álbum, Bob canta de maneira contundente suas letras de cunho pessoal
Em seu álbum, Bob canta de maneira contundente suas letras de cunho pessoal

Um disco urgente. Um retrato fiel de uma sociedade hipócrita que se esconde por trás de uma falsa moral para discriminar quem ousa pensar fora da bolha. Bob se mostra cirúrgico em sua crítica e a faz da melhor maneira, com rock’n’roll da melhor qualidade. Em meio a massificação da música pop estadunidense, Blue Hearts com seu rock contestador soa ainda mais urgente e necessário.

Uma obra-prima de um gênio em constante evolução. Bob Mould mostra a cada disco que envelhecer não significa deixar de ser relevante e criativo musicalmente. Mould permanece andando por um caminho pavimentado por ele mesmo, onde ele conhece cada atalho, mas a cada disco a viagem é uma experiência totalmente diferente. Essencial nos tempos de hoje. Ouça muito alto.

Logo menos tem mais!

Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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