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Jair, o filho…

Os apelidos estão voltando à moda… Depois da polêmica causada pela tentativa de intimidação por parte de um dos filhos do presidente da república contra um famoso youtuber que pinta(va) o cabelo, Para registro, o influenciador utilizou o termo “Genocida” em razão da postura adotada pelo presidente no combate à pandemia. E o filhote raivoso no presidente tentou enquadrar o youtuber na Lei de Segurança Nacional…

Puxa… chamaram o presidente de genocida… que perigo à nação! (atenção: foi uma ironia)

Tudo bem que – tecnicamente – chamá-lo de genocida não é correto. Por definição, um genocida é “Pessoa que cometeu genocídio; quem deliberadamente ordenou o extermínio de um grande número de pessoas, de todo um grupo étnico ou religioso, de um povo, uma cultura ou uma civilização”. Hitler foi um genocida… acho que ninguém discorda disso. E se revisitarmos a história encontraremos vários genocidas. Mas o que dizer de um presidente que deliberadamente:

  • Menosprezou a gravidade da pandemia, chamando-a de “gripezinha”
  • Incitou a população a não adotar medidas de higiene e prevenção
  • Criou factóides para desinformar a população quanto ao uso de máscaras
  • Estimulou a automedicação, indicando medicamentos de eficácia comprovadamente negativa contra o vírus
  • Promoveu aglomerações entre seus apoiadores, criando perigo para esta parcela da população
  • Não preparou um plano nacional de imunização e em certo momentos renegando as vacinas existentes

Eu poderia continuar, mas acho que já deu pra entender que não dá pra chamar o presidente de “o Amigão”, ou então “Pai da Imunização”, ou qualquer alcunha positiva. E isso me fez lembrar dos apelidos e alcunhas atribuídas a alguns de nossos governantes… Ficou uma lista divertida… Ok… alguns eu mesmo inventei, mas vocês verão que cabem como uma luva.

Vargas, o pai dos pobres

Getúlio Vargas encerrou a chamada República Velha e deu origem ao período chamado Estado Novo. Ele não foi exatamente um democrata e em 1930 ele chegou ao poder por meio de um golpe e ficou no poder até 1945. Ganhou a alcunha de “pai dos pobres” por obra do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) durante seu governo que lhe atribuía (em tese) importantes conquistas trabalhistas e sociais.

Dutra, o SALTEador

Dutra fez parte do primeiro governo Vargas, quando foi ministro da Guerra, mas curiosamente participou da deposição do mesmo em 1945. Eleito no mesmo ano ao derrotar o Brigadeiro Eduardo Gomes (Que poderia ter entrado para a história como “Eduardo, o Brigadeiro”, já que foi durante sua campanha presidencial que o famoso doce foi inventado). Muitos conhecem seu nome pelo fato dele dar nome a principal via rodoviária entre São Paulo e Rio de Janeiro… a via Dutra. Ganhou a homenagem por ter sido justamente em seu governo que a tal via foi construída. Mas ganhou os holofotes por ter proibido o jogo no Brasil, romper relações com a União Soviética e criar um plano desenvolvimentista chamado de SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia).

Vargas, o Suicida

Getúlio Vargas voltou ao poder em 1950 quando foi eleito presidente pelo voto popular. Desta vez, ele tentaria ser um presidente legalista ao invés do ditador de outrora. Seu segundo governo foi marcado por rupturas políticas e várias polêmicas. Aliás, foi neste governo que surgiram monstrões conhecidos nossos como BNDES e Petrobrás. Getúlio não completou o seu mandato, tendo se suicidado em 1954 com um tiro no peito.

Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos, os Tapa-Buracos

Café Filho era o vice-presidente de Getúlio Vargas e alcançou a presidência por conta da morte do presidente. Aliás, por pouco também não bateu as botas. No final do seu mandato tampão, ele se afastou do governo sendo que Carlos Luz – à época, presidente da Câmara – assumiu o restante do mandato até ser afastado por tentar impedir a posse de Juscelino Kubischek. Sério… não achei nada de útil para falar do seu governo a não ser que ele tampou o buraco da presidência até a próxima eleição. Do Carlos Luz então… melhor nem falar… durou 3 dias no cargo. Vale o mesmo para o Nereu Ramos… outro tampão.

Juscelino, o pai do Brasil moderno

Juscelino Kubischek foi eleito em 1955. E foi dele a ideia de construir Brasília. Aliás, ele queria tocar o terror por lá… Surgiu naquela época um plano desenvolvimentista para avançar – segundo ele – 50 anos de progresso em 5 anos de governo. Ele até criou um tal “Plano de Metas”. Não funcionou muito bem… Ok… grandes indústrias vieram para cá, mas nos metemos em uma dívida gigantesca, sem contar o aumento da inflação. Olha só… e não é que ele modernizou o Brasil mesmo? Inflação e dívida pública são coisas modernas, não são?

Jânio, o varredor

Jânio Quadros teve um ascensão política meteórica de vereador à presidente da república, passando pelos cargos de prefeito, deputado estadual, deputado federal (pelo Paraná) e governador de São Paulo. Ele era bastante demagógico e por vezes exibicionista. Em suas campanhas políticas adotava como símbolo a vassoura, sob o pretexto de combater a corrupção. Curiosamente, no final de sua vida, enfrentou acusações de… quem diria… corrupção. Seja como for, sua presidência foi tão meteórica quanto sua carreira política, tendo renunciado ao cargo 7 meses depois de tê-lo assumido. Em sua curta passagem porém, fez algumas coisas curiosas: proibiu biquínis nos concursos de misses, condecorou Che Guevara e até planejou anexar a Guiana Francesa ao Brasil.

Jango, o comunista

Com a renúncia de Jânio Quadros, mais uma vez, um vice-presidente assumiria a presidência. A bola da vez era João Goulart, tido por muitos como um simpatizante do comunismo. Aliás, ele já tinha sido vice-presidente de Juscelino. Naquela época, presidente e vice eram eleitos separadamente. E curiosamente, Jango teve mais votos que Juscelino na ocasião da eleição de 1955. Ele também foi ministro do trabalho no governo Vargas, então ele era uma espécie de MDB da época… não importa quem está no governo, ele sempre está presente por lá. Em tudo isso só tinha um probleminha… quando Jânio renunciou, Jango estava na China chefiando uma missão comercial por lá. O que reforçou ainda mais seu lado esquerdista. Durou até 1964, quando foi deposto pelo golpe militar, que tem gente que acha que foi uma revolução… bobinhos…

Milico 1, Milico 2, MIlico 3, etc… etc… etc… os milagreiros

Com o golpe de 64, os militares chegavam ao poder. O primeiro deles foi Humberto Castello Branco e o último foi João Figueiredo. Entre eles vieram Costa e Silva, Médici e Geisel. Segundo eles, o Brasil viveu o milagre econômico com grande projetos desenvolvimentistas… e ganhamos o tricampeonato de futebol. Também tivemos genocídio… muita gente morreu sem explicação mas isso ninguém gosta de falar.

Tancredo, o quase-lá

Com o fim do regime militar e a redemocratização, foi eleito presidente da república para suceder João Figueiredo. Ganhou, mas não levou. Perto de sua posse ele teve um grave problema de saúde – que as más línguas dizem que não era algo tão recente assim – que culminou com sua morte. Mais uma vez, um vice-presidente assumiria as chaves da lojinha.

Sarney, o bigodudo

José Ribamar (que depois virou José Sarney) era o vice de Tancredo assumiu a presidência no lugar de Tancredo que viria a falecer quase um mês depois da posse. Acho curioso falar em redemocratização com sua posse, pois afinal de contas, boa parte de sua vida política foi pelo ARENA (partido governista durante o período militar). Mas seja como for, ele e seu pomposo bigode assumiram a lojinha. E com ele veio uma nova moeda (o Cruzado… que depois virou Cruzado Novo) e um monte de zeros cortados e cédulas de dinheiro carimbadas. A inflação era galopante e o tal milagre econômico da década de 70 cobrava sua conta. E talvez, além da moeda e dos fiscais do Sarney, foi em seu governo que foi promulgada a Constituição de 1988, vigente até os dias atuais.

Collor, o caçador de marajás ou o confiscador de poupanças

Parece que o Brasil adora políticos com carreiras meteóricas e para as eleições de 1989, o queridinho do Brasil atendia pelo nome de Fernando Collor de Mello. Ele fez carreira com seu combate aos super salários do funcionalismo público quando governador de Alagoas… foi aí que ganhou o apelido de “Caçador de Marajás”. Ele também se mostrava um presidente moderno que fazia esportes de ação (praticava caratê e também esqui aquático), sendo parte de seu marketing usar camisetas com mensagens políticas. Apareceu com mais um daqueles planos mirabolantes, uma nova moeda e também confiscou a poupança dos brasileiros… E aí apareceu uma denúncia de corrupção feita por seu irmão Pedro e que culminou com seu impeachment… e de novo a lojinha caia no colo do vice…

Itamar, o sambista

Com o impedimento de Collor, coube ao vice Itamar Franco cumprir o restante do mandato. E com ele surgiu mais um plano maluco de estabilização financeira… uma nova moeda, a volta do Fusca (que ficou conhecido como Fusca Itamar) e também por sua passagem pelo carnaval do Rio de Janeiro, quando ele assistiu o desfile das escolas de samba e convidou uma modelo pela qual ele se encantou durante o desfile. A modelo aceitou o convite e apareceu ao lado do presidente vestida com uma camiseta… e apenas uma camiseta.

Fernando Henrique, o erudito

FHC foi ministro de Itamar Franco (primeiro na pasta das Relações Exteriores e depois na pasta da Fazenda), foi eleito em razão do sucesso do plano Real. Pois é… funcionou. E com isso ele ganhou os louros e levou a eleição de 1994 e governou por dois mandatos. Ele sempre foi conhecido pela sua formação em sociologia e sua erudição. Pelo menos, é o que seus apoiadores gostam de falar. Não posso negar que ele fez um bom primeiro mandato, mas vendeu sua alma pelo segundo mandato e muita coisa ruim aconteceu: desvalorização do real e crise energética no Brasil. Alguém aí lembra do famoso Apagão de 2001?

Lula, o Doutor Honoris Causa

Ele tentou em 1989, em 1994 e 1998. E finalmente depois de tanto bater na trave, ganhou a eleição de 2002. Desde o começo adotou uma postura “povão”, com direito à peladas de futebol nos gramados do Alvorada. Foi mais um que se apresentou como milagreiro e salvador da pátria. Ganhou até um filme-biografia posteriormente… e lá deram outro apelido: o filho do Brasil. Não é santo… nunca foi. Sempre vendeu sua imagem de homem humilde e do povo que não tinha diploma de “dotô”. Até chorou quando foi diplomado presidente da república dizendo que aquele era o primeiro diploma que ele recebia em sua vida… Por falar em diplomas, pelo sim, pelo não… é engraçado ver que hoje ele conta com 36 títulos de Doutor Honoris Causa concedidos por diversas entidades acadêmicas pelo mundo.

Dilma, a querida

Lula foi bem sucedido em seu projeto de poder. Tanto é que conseguiu eleger sua sucessora. Dilma Roussef foi o nome forte no ministério durante o governo Lula. Pelo menos é o que o PT diz por aí. Para mim, parece que seu governo foi construído sob medida para que o barbudo continuasse dando as cartas. Enquanto Lula ia acumulando títulos de doutor, Dilma ia colecionando desafetos. Ao mesmo tempo surgiam as primeiras denúncias contra Lula. E em seu segundo mandato, tentou salvar seu queridão com uma nomeação para ministro da casa civil. O plano foi por água abaixo quando vazaram escutas telefônicas onde ela falava com seu chefe e eles acertavam os detalhes de sua nomeação. O plano não funcionou muito bem e ainda por cima ela conseguiu um processo de Impeachment. E de novo, a lojinha caia no colo do vice.

Temer, o amigão

Com o afastamento de Dilma, o vice Michel Temer assumiu o cargo. Político antigo, Temer soube articular muito bem as alianças necessárias para garantir que o impeachment prosperasse e Dilma fosse afastada do cargo. Um verdadeiro amigão. da ex-presidente. Seu governo foi marcado pelos acordos políticos que lhe garantiram alguma governabilidade. Mas não vamos nos enganar… ele tampou mais um buraco.

E então chegamos a ele…

Jair…

Pois é… Jair Bolsonaro ganhou a eleição com um discurso onde mais uma vez teríamos um salvador da pátria que nos livraria de todo o mal. Penso que a facada no bucho ajudou na construção do mito. Um cara povão, típico tiozão do churrasco sem papas na língua e que ganhou a simpatia de muita gente. Além da facada, ajudou também o discurso anti-petista e ufanista. Entre votar em um poste (que se eleito, provavelmente entraria para esta lista como Fernando, o Fantoche) e votar em algo que teria algum potencial para ao menos ser diferente, eu e muitos brasileiros fomos atraídos por essa possibilidade.

E erramos… erramos grotescamente.

Jair tropeçou muitas vezes… está conseguindo fazer um aparelhamento maior que aquele que o PT realizou. Criou o estigma do “Quem manda aqui sou eu” e criou um conselho de administração paralelo onde seus filhos funcionam como seus mentores. Controverso, não é?

Colocou ministro iletrado que tem dificuldades para escrever corretamente, ministro que mentiu na sua formação acadêmica e eu poderia listar aqui um monte de asneiras e bobagens que ele vem fazendo em seu governo.

Mas vou ficar só com aquela listinha que eu fiz lá no começo deste texto… Todo o desserviço que ele vem prestando pelo povo brasileiro naquela que é a maior crise sanitária que vivemos. Muita gente está morrendo e ainda vai morrer. Ele poderia ter feito algo para mitigar isso. Ninguém o condenaria por suas ações no sentido de combater a pandemia. Mas todos vão condená-lo por sua omissão.

Não… Jair não é tecnicamente um genocida… Então não faria sentido chamá-lo de “Jair, o Genocida”. Mas ele tem sido um verdadeiro canalha com todos, tudo em nome do “quem manda aqui sou eu”. E isso tem um nome…

Jair, o Filho da Puta.

Post Scriptum

Todo o meu respeito a Dona Olinda… sim, eu também tenho mãe e com certeza eu me chatearia se alguém chamasse Dona Tereza de puta. Quando me refiro ao cidadão Jair, quero deixar claro que a intenção não é denegrir a imagem da senhora sua mãe. Quando dizemos que alguém é um Filho da Puta, no dito popular estamos fazendo alusão à sua falta de caráter, à sua falta de ética, à sua maneira ou modo de conduzir uma questão pautado pela falta de princípios morais.

Mas Jair, é homem do povo… ele sabe que quando chamamos alguém de filho da puta, não estamos falando da mãe dele… mas deixando claro o quão sem caráter é aquela pessoa.

Post Scriptum 2

O YouTuber que chamou Bolsonaro de Genocida foi o Felipe Neto. Hoje parece que a denúncia proposta por Carlos Bolsonaro não vingou. Uma liminar foi concedida em favor do youtuber e com isso, a investigação foi suspensa. Curioso como um crime de segurança nacional poderia ser investigado por uma delegacia de bairro, não é mesmo?

E claro, pode ser que um dia, este texto alcance nosso presidente. Mas antes que ele me processe, é bom lembrar que um filho dele já chamou o Paulo Betti de Filho da Puta em postagem do Facebook. O Ciro Gomes chamou o presidente de “nazista filho da puta”. Ricardo Kertzman mandou o presidente à PQP em artigo publicado na Istoé. E o próprio presidente partiu para a baixaria na reunião ministerial de 22/04/2020, quando chamou os jornalistas de “cambada de filhos da puta”. Sem contar que ele mandou jornalistas a PQP por conta da crise do leite condensado.

Não sei o que ele acha… mas ao que parece, chumbo trocado não dói, não é mesmo?

Publicado em:Opinião,Pitacos na Política

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