Já tem um tempo que eu publiquei aqui no UBQ a minha história com o sistema operacional Windows. E eu passei por várias versões do sistema e fiz um breve retrospecto. Ao final, anunciei que estava migrando para a nova versão do sistema. O Windows 11. Bom…. eu usei o sistema por algum tempo no meu computador principal e chegou a hora de contar sobre a minha experiência. E a verdade é que… bem… eu desisti do Windows 11.
Mas como assim? O que aconteceu?
Vamos começar do princípio. A atualização para o Windows 11 seria gratuita para sistemas com Windows 7, 8 e 10 que atendessem os requisitos básicos de sistema. E a Microsoft criou alvoroço ao decretar que sistemas mais antigos não seriam elegíveis para a atualização.
Sim… todo sistema operacional tem os seus “requisitos mínimos” para funcionar. Normalmente isso faz menção à velocidade do processador, quantidade de memória RAM, espaço em disco e um outro adicional.
Linhagem de processadores e o tal Trusted Plataform Module
Desta vez a Microsoft foi taxativa. Anunciou uma lista de processadores “compatíveis”, além de incluir a necessidade um tal TPM (Trusted Platform Module) na sua versão 2.0. Resumidamente, trata-se de um chip de segurança utilizado em placas-mãe que garante mais segurança para o sistema operacional. E normalmente em componentes mais modernos você não teria dificuldade em encontrar tal componente.
O problema é que nem sempre ele estava habilitado no sistema. E isso gerou uma confusão entre muitos usuários. A Microsoft criara uma ferramenta para verificar a compatibilidade do sistema e a partir do próprio site era possível fazer esta checagem. Mas como a nem sempre o TPM estava ativado, a ferramenta retornava a informação de que o sistema não er5a compatível.
Com o tempo, diversos sites de tecnologia lançaram tutoriais e explicações sobre o funcionamento do TPM 2.0. Mas para o usuário médio, que nunca se preocupou com isso, foi uma relativa dor de cabeça.
Outro ponto de crítica foi a lista de processadores compatíveis. Em tese, a Microsoft recomenda o uso de um processador com frequência mínima 1 GHz. E esta frequência já era alcançada por processadores da geração do Pentium 4 e Athlon XP, por exemplo. E estamos falando de processadores com quase 20 anos de existência.
Mas o crivo da Microsoft foi mais em cima… na verdade,, só os processadores da linha Core de 8ª geração em diante e os processadores Ryzen de 2ª geração em diante estariam habilitados para o novo Windows. E aí estamos falando de processadores de maios ou menos 5 anos atrás.
Ok… não são processadores tão atuais, mas esta exigência foi publicada em meados de 2021. Então estávamos falando em processadores de cerca de 3 anos. Um pouco complicado, considerando os altos custos de upgrade dos computadores.
A minha experiência pessoal
Por aqui, são três computadores… sendo dois desktops e um laptop. Vou facilitar a vida de vocês com uma listinha básica.
Desktop 1 | Desktop 2 | Laptop | |
Processador | Core i5-9400F | Core2 Quad Q6600 | Core i5-7200U |
Memória | 32 GB (DDR 4) | 4 GB (DDR 2) | 16 GB (DDR 4) |
Espaço no Disco Principal | 512 GB SSD | 256 GB SSD | 256 GB SSD |
Placa de Vídeo | GTX 1650 Super 4GB | Radeon HD6670 1GB | HD Graphics 630 |
TPM 2.0 | Sim | Não | Sim |
Habilitado Windows 11? | Sim | Não | Não |
Portanto, dos meus computadores, o único que receberia o Windows 11 seria o meu computador principal (Desktop 1). E assim que o update ficou disponível eu ainda esperei um tantinho para instalar. Mas assim o fiz e com algum otimismo fiquei animado em poder usar o Windows 11 em sua plenitude.
Os primeiros problemas
A atualização ocorreu sem maiores problemas. O download dos arquivos ocorreu em segundo plano e a instalação não levou mais do que 40 minutos. Não tive problemas de drivers não reconhecidos e os principais aplicativos… Office, Photoshop e Antivírus funcionaram muito bem. Comecei então a testar os meu programas de edição. O Audacity foi bem, o OBS também funcionou e aí veio os primeiros dois problemas… nem o Sound Forge 12, nem o Vegas 16 Pro rodaram. Aparentemente algum conflito de funcionamento. Eu pesquisei por uma solução, mas sem sucesso. Curiosamente, a versão mais antiga do Sound Forge, no caso a 10 e o Vegas Strudio – que é uma versão doméstica do editor de vídeos – funcionaram sem problemas.
Também testei alguns jogos, Steam, Epic, Origin, e o Valorant não rodou de primeira. Precisei rever algumas configurações da BIOS para finalmente o jogo funcionar. Alguns jogos da Steam tiveram problemas com o áudio, sendo o caso mais notório o NBA2K e o F1-2020. O som ficava apagado e surgia um ruído bem chato ao fundo. Também não encontrei uma solução para isso.
Aí abri o Chrome e acessei o site do YouTube. Coloquei um vídeo e então… travou. Na verdade o computador ainda funcionava… eu ouvia o áudio do vídeo rodando, mas a tela congelou. Simples assim. E isso não foi uma única vez. Basicamente, ao tentar rodar um vídeo seja pelo YouTube, seja por um streaming e até mesmo usando o Media Player, depois de um tempo, a tela congelava.
Atualizei os drivers de vídeo, reinstalei, busquei ajuda em fóruns especializados. Nada… eu simplesmente tinha que contar com a sorte ao utilizar o computador para que a tela não congelasse. E o mais interessante… o computador continuava funcionando. Era possível até desligar o computador usando o ALT-F4… só a tela que congelava mesmo.
Outros problemas surgiram
Eu fui um pouco teimoso e mantive o Windows 11 contornando os problemas. Como eu não estava editando vídeos dava para editar os podcasts na versão mais básica do Vegas. E eu acabei usando meu Tablet como terceira tela para ver vídeos.
Mas é claro que não era uma solução definitiva.
Mas com o tempo percebi algumas lentidões no sistema. O acesso aos discos rígidos pareceriam mais morosos. O acesso aos programas estava mais demorado. E a experiência de uso geral estava ruim. Eu usava o Windows 11, mas o Windows 11 não deixava eu usar o computador por completo.
A gota d’água
Eu já estava insatisfeito com esse uso capado do computador. Ter que parar tudo para alternar entre o Tablet e o computador era chato, mas aí, um belo dia, liguei o computador, e veio aquela tela que a gente adora no Windows. A famosa tela azul da morte.
O problema é que isso não aconteceu uma vez… nem duas… tampouco três. Em um único dia, de trabalho foram 7 travamentos por conta da tela azul. E eu estava usando o office… nada demais. Até pensei que fosse um problema de hardware, mas chequei tudo e não. Estava tudo normal. Temperatura, tensões elétricas, acesso aos discos, reconhecimento dos drivers. Nada explicava a questão.
Para mim, aquilo era o limite. Tratei de fazer um backup dos dados e fiz uma instalação limpa do Windows… a versão 10. Testada, aprovada e segura para meu uso. Talvez eu tenha errado justamente nisso… eu fiz uma atualização para o Windows 11 e não uma instalação limpa. E isso pode ter gerado algum conflito.
E agora?
Curiosamente, depois da instalação completa e atualizações do Windows 10, o sistema vive me mandando notificações para que eu faça a atualização para o Windows 11. Afinal de contas, o computador é elegível. Mas eu não acho que farei isso. Pelo menos não neste computador.
A decisão é baseada em alguns fatos simples. O computador funciona completamente sobre o Windows 10. Todos os aplicativos estão ok, não há nenhum conflito de driver ou hardware e o suporte ao sistema operacional irá até 2025. Talvez para o futuro eu até arrisque uma instalação limpa do Windows 11. Quem sabe tudo funcione a contento.
Dá pra recomendar?
Então… já temos uma boa base de computadores rodando Windows 11. Seria leviano da minha parte dizer categoricamente “Não instale”. O sistema é robusto, funciona em configurações modernas e eu acredito que numa instalação limpa eu provavelmente não teria os problemas que tive. A recomendação que eu deixo então é esta. Se você pretende migrar para o Windows 11, faça a partir de uma instalação limpa. Se possível evite fazer a migração se o seu computador possui configurações mínimas recomendadas e só faça em seu computador principal depois de ter um backup completo de seus dados.
Da minha parte, desisti do Windows 11. Pelo menos, por enquanto.