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Star Trek: Prodigy realmente é um prodígio

Quando falamos em Star Trek é inevitável – para aqueles fãs menos apegados da franquia – resumir tudo à James T. Kirk, ou então à nave estelar Enterprise (em suas diversas variações), ou ainda à Spock ou por fim, o capitão Jean Luc Picard. Qualquer outra referência já é reservada aos fãs mais fiéis da saga. O que muitos esquecem é que o universo de Star Trek é muito mais rico e com personagens e histórias memoráveis. E quando recentemente tive a oportunidade de descobrir uma das séries atuais, foi uma grata surpresa. Star Trek: Prodigy realmente é um prodígio.

E a primeira coisa que devemos determinar aqui, é que seria um grande erro reduzir o universo Star Trek somente à série original ou a sequência de filmes para o cinema. Após a série clássica de 1966 tivemos uma sucessão de séries e filmes: são 13 filmes e 12 séries para TV. E nem entrou em nossa conta os livros e quadrinhos que foram publicados.

Já fizemos um podcast sobre o universo Star Trek e pretendemos revisitar o mundo de Star Trek futuramente. Agora em 2023, a franquia foi brindada com a ótima conclusão da série Star Trek: Picard que durou três temporadas e teve seu começo e meio e fim muito bem definidos e amarrados, dando margem à futuras incursões em outras séries.

O universo de Star Trek vai muito além do capitão Kirk e da nave USS Enterprise

Um universo bem amarrado

Algo muito bacana que a franquia vem fazendo nas séries atuais é a amarração com as histórias das séries – digamos – clássicas. É um fato: o universo de Star Trek é muito bem resolvido e amarrado com suas origens. Assim, Star Trek: Discovery fez uma boa amarração no hiato entre Star Trek: Enterprise e Star Trek: A série original. Apesar que a série se perdeu um pouco em suas últimas temporadas. A série Picard fez um ótimo trabalho buscando referências em Star Trek: a Nova Geração, Star Trek: Deep Space Nine e Star Trek: Voyager. Com Star Trek: Lower Decks, a franquia fez piada de si mesma e aproximou ainda mais o universo ficcional à nossa realidade. E com isso ganhou verossimilhança com um possível futuro da humanidade. Provavelmente não estaremos indo audaciosamente pela galáxia em dobra 9 nos próximos séculos. Mas os roteiristas fizeram um bom trabalho em mostrar que é um universo plausível, apesar da boa dose de ciência ficcional que é mostrada ali.

Zero, Jankom, Gwyn, Janeway, R’EI, Murf e Rok… a improvável tripulação da USS Protostar

A série Star Trek: Prodigy

Mas eu quero falar da série animada em computação gráfica. Star Trek: Prodigy a princípio não me chamou a atenção. Primeiro por se tratar de uma co-produção com a Nickelodeon, o que talvez colocasse a série num patamar mais infantil. Segundo, porque eu confesso que não gostei da primeira série animada que foi produzida ainda na década de 70. Por fim, Lower Decks já era uma animação divertida e sem grande compromissos com a história canônica. Assim, eu estava mais interessado na série mais atual, Star Trek: New Strange Worlds.

Sem paciência para encarar os quase 50 minutos de um episódio de ST:NSW eu topei assistir o primeiro episódio de Prodigy… e na sequência vi o segundo. E após isso, o terceiro e o quarto. E em três dias, eu havia maratonado a primeira temporada completa com seus 20 episódios.

Uma grata surpresa

Sem exageros, a série foi uma grata surpresa. Ela conta a história de uma improvável tripulação da nave USS Protostar, uma nave experimental da Frota Estelar que desapareceu nas profundezas do quadrante Delta da galáxia. Fugitivos de uma estação espacial de mineração encontraram a nave e eles sequer sabiam da existência da Frota Estelar ou da Federação. Para sua sorte, a nave conta com um holograma dotado de inteligência artificial personificado pela capitã da USS Voyager, Kathryn Janeway.

Com o desenrolar da série, a tripulação finge pertencer à frota para conseguir o apoio do Holograma Janeway e eles partem pelo espaço em busca de sua liberdade e acabam descobrindo uma trama muito maior que pode envolver a destruição completa da federação. A história evolui com várias surpresas e reviravoltas.

E sim, ela é repleta de referências às suas origens, com direito a participações especialíssimas de ícones da franquia: Spock, Uhura, Scott, Odo, Dra. Crusher, além de outros muito menos expressivos que retomam com muita classe ao cânone da franquia (o protagonista se depara com o famoso desafio Kobayashi Maru… fantástico).

O “capitão” Dal R’EI enfrenta o desafio Kobayashi Maru com ajuda de Spock, Odo, Scott e outros

E o mais importante, a história dá sequência ao cânone e deve ser parte importante das futuras histórias do universo de Star Trek. A série estreou em outubro de 2021, com episódios de cerca de 23 minutos sendo transmitida originalmente pela Paramount+. Ela teve uma ótima recepção pelo público e pela crítica e recebeu algumas premiações. Anunciaram uma segunda temporada ainda em 2021 e entrou na fase de pós-produção, com estreia prevista para o final deste ano.

A tristeza dos fãs

E aí veio banho de água gelada. Quando comecei a pesquisar referências para escrever este texto, descobri que agora, praticamente na semana passada, a Paramount+ simplesmente CANCELOU a série, sem maiores explicações. Cancelou… pura e simplesmente. E olha que a segunda temporada já estava na fase de pós-produção.

A CBS, rede televisiva norte-americana ligada ao projeto poderá negociar os direitos de transmissão com outras operadoras de streaming da ainda inédita segunda temporada. E lá nos EUA, a série já deixou o serviço de streaming da Paramount.

Posso dizer que dei sorte. A série ainda está disponível por aqui e realmente é uma pena que sua história não terá uma continuação. Lamentável a decisão. Apesar disso, você ainda poderá conhecer a série aqui no Brasil. O tempo é limitado, então corra.

Serviço

  • “Star Trek: Prodigy” (Star Trek: Prodigy), EUA 2021, 2022 – Criada por Kevin Hageman e Dan Hageman – Com Brett Gray, Ella Purnell, Jason Mantzoukas, Angus Imrie, Rylee Alazraqui, Dee Bradley Baker, Jimmi Simpson, John Noble e Kate Mulgrew – Disponível (por enquanto) no Paramount+.
Publicado em:Opinião,Sem Pipoca

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