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A lista dos melhores do ano em 2020

Buenas! Até que enfim esse ano esquisito está chegando ao fim. Pandemia, isolamento social, álcool gel, máscaras no queixo, negacionismos… enfim. Um ano pra lá de complicado. No aspecto musical, muita coisa bacana saiu. Alguns discos que já estavam prontos, outros que foram adiados devido à pandemia e alguns foram compostos, produzidos e lançados em meio ao período de isolamento. Nunca precisamos tanto da música e das artes como válvula de escape quanto nesse ano que se finda. Hoje trago a vocês lista dos melhores do ano em 2020.

Antes porém, um pequeno disclaimer

Foi um ano de descobertas, não só de ótimos lançamentos, mas de um passado até então desconhecido. Caí de cabeça no Brasil dos anos 70 e tão cedo não penso em sair de lá, ainda há muito a se descobrir, a minha busca, não cessa. O que me chateia é o lançamento de discos aos 49 minutos do segundo tempo, quando a lista já está pronta. Desculpe-me Paul McCartney, mas esse ano você vai ficar de fora. Sei que teu disco tá absurdo, que você gravou e produziu tudo sozinho, mas não deu tempo de analisá-lo pra essa lista. Quem sabe no ano que vem?

Então sem mais delongas, vamos aos melhores discos de 2020 de acordo com a coluna “Disco da Semana” do UBQ e do crivo unicamente pessoal desse que vos fala. Ah! Nessa lista, não existe ordem crescente ou decrescente, a ordem aqui é a alfabética pelo nome de quem lançou o álbum.

Os 3 melhores álbuns internacionais de 2020

Bob Mould e o álbum “Blue Hearts

Bob Mould é figurinha carimbada na cena estadunidense do rock alternativo desde meados dos anos 80. Desde meados da década de 90, ele se dedica a uma prolífica carreira solo. Ouso dizer que sem Bob Mould não haveriam Nirvana, Foo Fighters e uma outra série de bandas por aí.

Nesse “Blue Hearts” a produção conta com a urgência de seus primeiros álbuns. O impacto sonoro dos anos 80 está aqui, embora hoje mais cristalino. As guitarras são sua marca registrada e aqui elas dão o tom: distorcidas, rápidas e furiosas, no melhor estilo hardcore. Junto a elas, baixo e bateria complementam a massa sonora, dando peso, ritmo e vitalidade às músicas.

Um disco urgente. Um retrato fiel de uma sociedade hipócrita que se esconde por trás de uma falsa moral para discriminar quem ousa pensar fora da bolha. Bob Mould mostra a cada disco que envelhecer não significa deixar de ser relevante e criativo musicalmente. Longe disso.

Hinds e o álbum “The Prettiest Curse”

Uma banda de um lugar aleatório (ao menos para o mundo do rock), Espanha, formada por quatro moças, cantando em inglês. Usando e abusando de uma sonoridade desencanada, mas bem roqueira. E da liberdade que só o pop te proporciona para fazer um dos grandes álbuns de 2020.

Cheio de guitarras, bateria e baixo marcados, unem o melhor dos dois mundos: a alegria contagiante do pop com os questionamentos e a inquietação do rock. Como diversão e liberdade são os motes desse disco, é possível perceber que ambos os conceitos estão impressos em todo o álbum.

As Hinds conseguiram o que poucas bandas hoje em dia conseguem: fazer música pra dançar e se divertir com conteúdo e uma enorme crítica social ao fundo.

The Other Guys e o álbum “Winter in Analog”

A banda – que na verdade é um duo de produtores – coloca na praça um “EPzinho” continuando com sua série de discos instrumentais temáticos, onde cada álbum cobre uma estação do ano. Pode-se dizer que é um disco de rap, mesmo que não tenha o principal elemento que caracteriza o estilo: a verborragia. Os Other Guys fazem um disco instrumental. É rap? Bom… é… mas sem voz.

Assim como o nome do EP diz, tudo foi feito de maneira analógica, raiz. sem uso de tecnologias digitais. Samplers editados de discos de vinil somados a uma instrumentação orgânica… o que me fez deixar as guitarras de lado por alguns dias.

Em um fim de tarde frio, ou numa cama quentinha, serve perfeitamente de trilha sonora. Coisa linda!

Os 3 melhores álbuns nacionais de 2020

Carne Doce e o álbum “Interior”

“Interior” traz a tona toda uma ideia, um conceito de valorizar tudo o que trazemos no nosso mais íntimo. Desde uma sensação de pertencimento a um lugar não tão conhecido, até nossos sentimentos mais primais e íntimos. O lance aqui é se voltar para si, numa viagem ao fundo do âmago.

As letras embora falem de assuntos mais pessoais como relacionamentos, reflexões, saudades e sexo sempre são abordadas numa perspectiva direta, sem meios termos ou metáforas. Tudo é dito na maior clareza (e na maior classe) possível.

Mesmo falando de temas tão pessoais, a temática é tratada sob uma perspectiva mais solar, mais leve até. Um disco mais diverso e positivo que os demais trabalhos de sua discografia. Consegue expor as relações humanas de maneira leve em meio ao clima de caos do período onde foi gravado.

Cícero e o álbum “Cosmo”

Produzindo e gravando praticamente todos os instrumentos sozinho, sempre contando com a ajuda de parceiros pontuais, esse novo álbum sintetiza todas as fases de sua carreira. Vai do minimalismo de voz e violão à grandiosidade de guitarras, metais e orquestrações, mostrando-se versátil e extremamente criativo.

Com a ideia do cosmo sendo tudo o que já foi, é ou será, o músico lança a sua visão, de maneira reflexiva, porém plural. Há espaço para a melancolia, para o romantismo e pra toda a introspecção que a sua obra nos oferece. Existencialismo puro, um olhar sincero e sensível por todos os universos. O que está a nossa volta e que pode ser visto a olho nu e aquele universo interior, o que é só nosso e que tange a nossa experiência e existência.

Com esse discaço, Cícero pavimenta ainda mais o seu lugar entre os grandes compositores da música brasileira.

Yamasasi e o álbum “Colorblind”

Simples e bem executado., Bem composto e produzido. Nada além de guitarras barulhentas, baixo marcado, bateria cavalar e alguns barulhinhos intencionais formam a matriz do Yamasasi.

Distorção, refrões ganchudos e aqueles solinhos simples que de tão simples ficam na sua cabeça. Ecos de Pixies, Sonic Youth e Superchunk são percebidos, mas não ao ponto de soarem iguais, o som da banda é original, é novo, mas quem conhece percebe as referências, usadas de maneira criativa, não como plágio. Um disco roqueiro de canções assobiáveis. Barulhento e pop na mesma proporção.

As músicas passeiam pelas frustrações e colocam a diversão como válvula de escape. Uma típica banda em fase de crescimento, com os anseios e agonias da recente vida adulta. Todos nós, algum dia, já nos encontramos nas situações expostas pela banda.

Sabe aquele disco que você “daria um rim” pra ter composto? Pois é, taí! Eu teria dado um rim pra compor esse disco. Pronto… falei! ESSENCIAL!!!

Links para as resenhas dos álbuns selecionados

Bom… é isso!

Esses são os discos que me ajudaram a manter a sanidade em 2020. Na minha modesta opinião, os melhores lançamentos do ano.

Ah! Na nossa playlist “Prediletas Da Casa/2020 – UBQ” que está hospedada no Spotify e no Deezer, tem um apanhado geral daquilo que me fez a cabeça nesse ano atribulado. Ali tem coisas que eu acabei por não resenhar, mas que tiveram uma importância ímpar no meu 2020 e que fizeram a minha trilha sonora. Fica a Dica! Podem ouvir, tá caprichada!

Que 2021 seja leve e sonoro! Feliz ano novo!

Logo menos tem mais.

Publicado em:Disco da Semana,Opinião

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